terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Por que eu não permanecia em A.A.

Por que eu não permanecia em A.A.

Quando ingressei em Alcoólicos Anônimos, eu precisava e queria parar de beber. Mas aconteceram coisas relacionadas ao meu desempenho sexual que me deixaram preocupado.

Companheiros, em 1988 eu chegava em Alcoólicos Anônimos saído de uma clínica. Devido ao que tinha acontecido comigo, eu de imediato admiti minha impotência perante o álcool. Fiquei apenas alguns meses e voltei a beber.

Sou casado, pai de dois garotos, um de dezesseis anos e outro de doze. Tenho uma maravilhosa esposa que não me abandonou durante esses dezoito anos em que estamos casados.

Quando ingressei em Alcoólicos Anônimos, eu precisava e queria parar de beber. Mas aconteceram coisas relacionadas ao meu desempenho sexual que me deixaram preocupado. Eu sempre achei que sendo pontual na cama, podia fazer o jogo - bebo mas não te falta sexo. O que de nada adiantava, se no outro dia eu amanhecia e perguntava se nós havíamos feito sexo, já que não me lembrava de nada. Eu só funcionava bêbado.

Parando de beber, eu não conseguia ereção e isso começou a me amedrontar. Fiquei com receio de que minha esposa viesse a reclamar do meu desempenho. Eu não a conhecia. Não compartilhei com meus companheiros esse problema. Um dia voltei a beber. Voltei a ser o machão que achava que era, mas também voltaram os problemas. Disseram-me que conhaque com cerveja era muito bom. Só que eu não fiquei só nisso. Voltei a me embriagar todos os dias achando que agora era o homem que minha esposa precisava. Muito rápido, lá estava eu voltando para a clínica. Foram seis anos indo a grupos de A.A. Eu não conseguia permanecer, devido a esse problema.

Imaginem vocês, eu, bêbado, suando, exalando álcool pelos poros, insistindo com minha esposa com brutalidade e ela virando o rosto para o outro lado, pois eu insistia em beijá-la. Talvez por respeito ela cedia, e eu me achava o grande machão. Houve vezes em que eu disse que não ia mais parar de beber, pois o álcool me ajudava muito nesse sentido. Mera ilusão. Minha esposa não queria sexo todos os dias, queria sim, o esposo sóbrio ao lado dela.

Em abril de noventa e quatro, no dia primeiro, dia da mentira, voltei para Alcoólicos Anônimos, já que durante seis anos eu não bebi mais sossegado. Sabia da solução e precisava dar um basta naquela vida em que me encontrava. Naquele sofrimento, comecei a freqüentar reuniões, compartilhar com meus companheiros, falei em cabeceira de mesa. As coisas mudariam, contanto que eu não bebesse.

Companheiros, mudou mesmo. Era coisa da minha cabeça, estava dentro de mim, funcionar ou não. A vontade de ficar sem beber foi maior, e isso passou desapercebido. Hoje estou feliz, estou caminhando para três anos. Sou feliz, pois tenho vocês para compartilhar meus problemas, tenho fé, acredito em Deus por mais sérios que sejam os problemas, eu não devo beber. Devo sim, falar com um companheiro.

Agradeço a todos vocês, companheiros de Alcoólicos Anônimos, e também à minha esposa. Eu não a conhecia, não sabia a maravilha que tinha dentro de casa.

Hoje, quando fazemos sexo, é com todo amor, sem suor, sem brutalidade, todo cheiroso e, principalmente, sem bebida Vinte e quatro horas de sobriedade.

(Brito)

VIVÊNCIA N.° 81 JAN/FEV DE 2003.

Nenhum comentário:

Postar um comentário