segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Serviço em Alcoólicos Anônimos

O SERVIÇO EM ALCOÓLICOS ANÔNIMOS

"Bendizemos a doença que nos deu a fé e o sentido de vida útil."

Ninguém planejou A.A. Bill W. queria apenas encontrar alguém que o compreendesse, que pudesse trocar com ele experiências sobre a vida de alcoólico. E não apenas as experiências no alcoolismo, mas uma ampla experiência de vida, de crescimento, do conhecimento de Deus.
Esse mesmo Deus no qual Bill começava a acreditar o encaminhou até o Dr. Bob, em Akron, Ohio, nos Estados Unidos. E A.A. começou.
Nos outros lugares também não houve planejamento. A idéia era apenas formar um grupo.
No Brasil não foi diferente.
Na busca incessante de acertos, os membros do primeiro grupo se desentenderam e o grupo se dividiu.
E foi dentro do espírito dessa mesma busca que A.A. começou a multiplicar-se em nosso país, com diversos grupos buscando caminhos que os mantivessem em comunicação constante, através de uma linguagem comum.
Esse foi o panorama de 1947 a 1969, até o surgimento, em São Paulo, do Centro de Distribuição de Literatura de A.A. para o Brasil (CLAAB), que passa a editar e distribuir o livro Alcoólicos Anônimos, texto-base para a Irmandade, logo apelidado de Livro Azul, em razão da cor de sua capa.
Tudo começa ou "recomeça" então, com o Livro Azul.
Para vendê-lo, os encarregados do CLAAB solicitam aos membros conhecidos que enviem os endereços dos grupos que sabiam existir, o que dá início ao cadastramento dos grupos de A.A. do Brasil.
O CLAAB passa a funcionar, desse modo, como a Central de Informações do A.A. brasileiro.
Em 1973, os companheiros do CLAAB recebem carta do Escritório de Serviços Gerais de Nova Iorque elogiando o trabalho de edição do livro e de mais alguns folhetos. Os companheiros do ESG nova-iorquino argumentam, entretanto, que o CLAAB era constituído apenas por pessoas residentes na Capital paulista; o ideal seria que a editora tivesse representatividade nacional.
Os diretores do CLAAB convocam então os grupos incluídos em seu cadastro para enviarem representantes a uma reunião em São Paulo, na qual se compõe um Conselho Nacional encarregado de eleger, anualmente, uma diretoria executiva para a editora.
Em 1975, resolve-se transformar o Conselho Nacional do CLAAB em Junta de Serviços Gerais de AA do Brasil e são enviados dois delegados à Reunião de Serviços Mundiais, com o objetivo de colher subsídios para a organização de uma Conferência de Serviços Gerais, que acaba sendo realizada em Recife, Pernambuco, em 1977.
Alcoólicos Anônimos brasileiro vive então um período de "hibernação" até 1982, quando a Conferência, alterando os Estatutos da Junta, incorpora a eles a figura dos custódios alcoólicos e não-alcoólicos.
O médico mineiro Dr. José Nicoliello Viotti assume a presidência da Junta e, com muita habilidade, passa a organizar A.A., unindo os grupos e convocando lideranças.
Ao final de dois profícuos mandatos, entrega a presidência ao também médico, Dr. Laís Marques da Silva, a quem apadrinhara por dois anos.
O A.A. brasileiro atinge a sua maioridade. Há uma Conferência atuante, um Manual de Serviços e outro do CTO; a Junta começa a trabalhar através de seus Comitês e a editora já tem publicados nove livros e mais de 30 folhetos.
Agora a Irmandade realmente existia no Brasil.
Em paralelo à organização da Junta, do CLAAB e do ESG, bem como ao surgimento da revista Vivência, os grupos começam a receber "sangue novo" que, através do exemplo, impõem uma nova maneira de agir e trabalhar.
Num primeiro momento, a implantação do hábito das Reuniões Temáticas começa a colocar ao alcance de todos a maneira de viver de A.A., indicando a leitura de nossa literatura como o caminho mais rápido para o conhecimento e a prática do programa.
Mais tarde surge a conscientização da necessidade da realização, nos grupos, de reuniões específicas para ingressantes, as Reuniões de Novos, que além de melhor preparar o ingressante para a tarefa da própria recuperação, forja novos servidores, devolvendo-os ao grupo como um desafio aos mais antigos.
Por último, um companheiro resolve apresentar, sob o nome de Ciclo de Estudo dos Doze Passos, uma temática, que logo evolui para um encontro fechado de companheiros previamente inscritos, onde doze apresentadores discorrem sobre cada um dos passos de nosso Programa de Recuperação; após cada apresentação, formam-se grupos de trabalho, que discutem o passo apresentado e preparam um relatório para ser divulgado em reunião plenária.
Em 1995, uma reforma estatutária unifica os órgãos nacionais – o CLAAB deixa de existir e a Revista Vivência deixa de ter estrutura independente para aninharem-se ambos dentro da estrutura da JUNAAB.
Esses acontecimentos, no seu conjunto, dotaram A.A. de um arcabouço intelectual jamais presenciado em outras associações, colocando o conhecimento ao alcance de todos e formando uma corporação capaz de "pensar junto" e solidamente consciente dos ideais de liberdade de pensamento e de crença, bem como do repúdio a preconceitos de qualquer natureza, conforme os princípios consagrados em nossas Doze Tradições.
Hoje somos uma sociedade consciente. Buscamos um plano espiritual mais elevado. Tentando ajudar outros, nos ajudamos.
Bendizemos a doença que nos deu a fé e o sentido de vida útil.

Eloy Toledo
Santos/SP

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