terça-feira, 31 de maio de 2011

Parar de beber é apenas o começo

  
Em nossas trocas de experiências, compreendi que para se tornar alcoólico, o fato não está na quantidade consumida nem na freqüência no beber. Nem no velho ou no jovem. Nem mais no homem do que na mulher. Mostrou-me as experiências que um alcoólico pode beber apenas uma vez por semana, enquanto um bebedor social pode até fazer uso diário do álcool. No meu caso, as características foram compulsão nas ocasiões mais impróprias e a perda de controle na maioria delas, levando-me à falta total de responsabilidade sob todos os aspectos.
               Para criar coragem e dançar colado com as meninas nas festinhas, tomava hi-fi. Eu tinha 17 anos. Meus amigos todos bebiam e eu achava supernormal. Entre doses de hi-fi, cheguei à fase adulta. Pensei em ser padre, mas a bebida me fez perder a fé. Aos 28 anos, era militar e estava casado. Bebia mais que o aceitável. Como eu podia me achar impotente diante da bebida? Militares não se rendem, batalham até a morte! Assim, eu pensava.  Meu casamento entrava em crise. No trabalho, o humor modificava. Chegava de ressaca. Sexta-Feira era o dia mais esperado. Embora bebesse nos demais dias. Começava a beber na Sexta à noite e só parava no Domingo, muitas das vezes sem voltar para casa. Meus filhos cresceram e eu nem fazia mais questão de esconder a embriaguez da família. Minha vida estava destruída – moral, física e financeiramente. No dia 26 de dezembro de 1976, fui a uma reunião de AA. Fui acompanhado de meu pai. Eu me rendi. Vi que precisava de ajuda. Estava doente. Fui ajudado e venci. Alcoólicos Anônimos modificou a minha vida. Houve reformulação. Integrei-me em AA.
Superar o orgulho, a vaidade, o narcisismo, o fingimento, e “reconhecer que já não bebe só quando quer e o quanto quer”. Aceitar que “não é mais a mão que procura o copo, mas o copo que a atrai” e “sentir que não tem mais controle sobre o álcool,  que não adianta mais continuar sendo dominado por ele” (conforme depoimentos de membros anônimos e, minha aceitação) são fatores importantes para uma abertura de mente. Dar o Primeiro Passo ou praticar o Primeiro Passo ou integrar-se ao Primeiro Passo ou mesmo, entregar-se ao Primeiro Passo é dificílimo, quando não se tem ainda a mente aberta! 
Depois de quase dez anos, onde muitas vitórias foram contabilizadas, tive a primeira recaída. Foi num churrasco. Tomei algumas doses de cachaça. Fraquejei. Aí, envergonhado, quis me recriminar e me puni cada vez mais. Bebi sem controle. Embora já passados mais de quinze anos, trago ainda recordações muito vivas. Lembro-me que os antigos hábitos estavam de retorno, relacionamento extraconjugal, ausência nos grupos e o saudosismo das velhas músicas tocadas por amigos nas mesas de bares.
Graças ao Poder Superior, eu nunca me “desencantei” pelo AA. ao longo de todo o meu sofrimento. Nunca me ausentei mais do que oito dias de um Grupo. Nunca cheguei alcoolizado. Durante este tenebroso período eu me analisava muito, conforme algumas descobertas de escritos encontrados já amarelados dentro de um livro: “Os meus sintomas provenientes da recaída foram e são, pois continuam apenas adormecidos e armazenados no meu organismo: amargura e forte depressão; amnésia parcial, onde o esquecimento de coisas e atos ocorridos na noite anterior são totalmente visíveis; descontrole nervoso, onde acessos de comportamentos de histeria (ou seja, princípios de loucura) aparecem, provocando desejos de suicídios e agressões físicas e verbais descontroladas; impotência sexual parcial e diminuição da visão”. Em outro alfarrábio eu encontrava: “Preciso aliar a vontade de beber com o controle emocional. Normalmente é este descontrole que me leva ao 1º Gole, pois a vontade de parar e mesmo deixar definitivamente a bebida de lado, sempre me acompanha antes, durante e depois. Esta obsessão é misteriosa!”.
Lembro-me da minha última bebedeira: Bebi num boteco e não sabia voltar para casa. Dormi num ponto de ônibus e acordei sobre o meu próprio vômito. Sobre isto eu “descobriria” outro alfarrábio, que escrevera naquela época preenchida de tanto remorso: “Trago ainda recordações muito recentes, quando iniciando a beber no final da Asa Sul, próximo à minha casa, fui ao Guará, depois Núcleo Bandeirante e de lá um “disco voador” deve ter me conduzido ao Plano Piloto (Setor Comercial Sul), pois não me lembro como lá cheguei. E ainda eram de 7 para oito horas da noite de um domingo. Terminei dali pra frente rodando por Brasília, indo de táxi para o Gilberto Salomão e atravessando depois toda Asa Norte (ou seja, “zig-zaguiei” quase a metade do Distrito Federal), ficando deslumbrado com alguém que tocava violão, num dos bares das finais das Quadras 200 Norte... Me esqueci onde estava. Não me lembrei do meu endereço. Procurei alguém conhecido. Não encontrei. Acordei-me às 05:00h da manhã deitado sob uma marquise de um ponto de ônibus. Recobrei um pouco os sentidos. Era o barulho do ônibus que embarcando nele segui o seu rumo, destinado a ir para onde ele fosse. Ainda bem que chegou ao seu ponto final, que por muita sorte e a continuidade da presença de Deus, era próximo de minha residência”.
As minhas recaídas só serviram para eu confirmar que sou doente e que o alcoolismo não tem cura. E que devemos admitir e compreender humildemente a nossa incapacidade para governar as nossas vidas sem a sobriedade de que tanto necessitamos.
“Parar de beber é apenas o começo”.
O começo de uma mudança que vem como benefício da capacidade que tem a Irmandade de AA para gerar o bem. Um bem que procura nos levar à reformulação de vida. Que nos impulsiona a continuar o gesto nobre de estender a mão para outros, nos tornando cada vez mais conscientes de que está em jogo, se assim podemos dizer, a nossa vida e a vida daqueles que ainda não nos conhecem e que precisarão um dia de Alcoólicos Anônimos.
                                                                       CAMPOS S./Brasília-DF

Reflexões diárias de A.A.: 31/05

31 DE MAIO

DISPOSIÇÃO PARA SERVIR AOS OUTROS

... nossa Sociedade tem concluído que existe apenas uma única e elevada missão: levar a mensagem de A.A. para aqueles que não sabem haver uma saída.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 136

       A “Luz para a liberdade” brilha alegre sobre meus companheiros alcoólicos quando cada um de nós desafia o outro para crescer. Os “Passos” para o aperfeiçoamento de si mesmo têm um início pequeno, mas cada Passo é um degrau a mais na escada que vai desde o abismo do desespero para uma nova esperança. Honestidade torna-se minha “ferramenta” para me soltar das “cadeias” que me escravizam Um padrinho, que é um ouvinte atencioso, pode me ajudar a ouvir verdadeiramente a mensagem que me guiará para a liberdade.
       Peço a Deus coragem para viver de maneira que a Irmandade possa testemunhar Seus favores. Esta missão me liberta para compartilhar minhas dádivas de bem-estar através de uma disposição de espírito para servir aos outros.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

O Grande Despertar para a Mensagem de A.A.

Nos dias atuais, a Irmandade de Alcoólicos Anônimos tem aproximadamente 6.000 Grupos em todo o Brasil, onde cerca de 90.000 membros participam ativamente, considerando-se uma média de 15 membros por Grupo. As informações dizem que o Brasil é o país onde o AA mais cresce e já no ano de 2001 representava um índice de 18,4% dos membros de AA fora do berço da Irmandade: Estados Unidos e Canadá. Estima-se ainda que o Brasil possui mais ou menos 10 milhões de pessoas dependentes do álcool.
O Programa de Recuperação sugerido por Alcoólicos Anônimos representa um verdadeiro compartilhar de experiências, proporcionando um novo aprendizado de vida. Nele compartilham-se histórias e dificuldades e se descobre que não estamos sozinhos. Descobre-se que outros já passaram por sofrimentos bem parecidos. Que superaram suas dificuldades. Que estão vivendo uma nova vida! É quando surgem dois esquecidos sentimentos: o de perdoar-se e também o de aceitar-se! É como se o coração estivesse aumentando em si mesmo a sua influência!
Quando recebemos a mensagem e chegamos logo em seguida a um Grupo, nos envolvemos num misto de curiosidade, ansiedade e grande dose de vontade para saber de imediato a cerca de tudo que nos convença a abandonar a bebida.
E já nos primeiros dias, quando identificamos o clima espontâneo das reuniões e ouvimos atentamente sobre o alcoolismo visto como doença, passamos daí para frente a encarar a nossa vida com um pouco mais de amor e fé. Começamos a nos espiritualizar. Passamos a nos amar mais. E nestes momentos, invariavelmente, nos surpreendemos muitas vezes fazendo por nós, algo que nunca e em momento algum já tivéssemos feito anteriormente. Ou o que é pior, (ou melhor), ou alguém feito para nós! Os nossos “valores” começam a ressurgir das cinzas!
Este despertar vivenciado já nos primeiros dias é a base de nossa programação. É através dele que descobrimos a Humildade, a Tolerância e a Aceitação. É através dele que nos “encantamos” pela Irmandade e passamos a nos envolver mais e mais dentro de um princípio de Gratidão. É a Gratidão que nos Abre a Mente e nos impulsiona à Prestação de Serviços dentro de AA e pelo AA.
Ninguém quer ser alcoólico. Ninguém nasce alcoólatra. Ninguém decide: vou beber para perder meu emprego. Perder minha família, perder meus amigos! Ou para desafiar aos pais. Ninguém quer ter a imagem de um “pé inchado”, “pedinte” ou “daquele velho de pele enrugada” que não saí do balcão do bar, que muitas vezes foi o primeiro a abri-lo, para tomar a “primeira” da manhã!
Mas, infelizmente esta é uma das faces expostas da doença do alcoolismo que parte de nossa sociedade apenas vê. Outras facetas existem e em todos os segmentos. Foram estas visões estigmatizantes e degradantes, vistas pela sociedade que criaram os porquês da negação da doença, fazendo com que exista uma ilusória preservação da auto-imagem, que só faz alongar o sofrimento do doente alcoólico, impedindo-o de encontrar um Grupo de Alcoólicos Anônimos, onde acertadamente encontrará outros iguais em plena Recuperação e Sobriedade!
Identificar o alcoolismo como doença demora muito, em virtude da negação da própria pessoa em admitir-se impotente perante ao álcool. Enquanto a pessoa não reconhecer a sua própria doença, não haverá um tratamento eficaz.
Admitir-se impotente perante o álcool é um dos maiores gestos de grandeza, para nós que ainda não “aprendemos” a beber, durante todos estes anos de tentativas e “derrocadas” pelo álcool, além dos sofrimentos causados àqueles em nossa volta!
A Programação de AA sugere um Plano de 24 horas evitando o Primeiro Gole. Repetindo-se a cada 24 horas ou a cada momento presente! Onde o importante situa-se em: Não ir ao Primeiro Gole!
Sugere ainda, que você seja o seu próprio fiscal ou o “eterno vigilante” de sua Sobriedade. O Programa recomenda a freqüência às reuniões, principalmente daquele Grupo onde você ingressou, o seu Grupo Base, mas, que visite também outros Grupos, para conhecer novas experiências.
Nos Grupos sempre se encontram “velhos mentores”. São aqueles membros com um pouco mais de experiências que ainda freqüentam, compartilhando suas histórias de como se livraram do álcool e como superaram todos os seus problemas e assim “dando de graça o que de graça receberam” exercitam o princípio da Gratidão para com a Irmandade.
Por outro lado, a freqüência às reuniões assegurará que os antigos hábitos, gradativamente, passarão a ser substituídos por uma reformulação de vida, com o resgate da auto-estima e do amor próprio, alicerçados na Honestidade, Boa Vontade e Mente Aberta propostas pelo Programa de Recuperação sugerido por Alcoólicos Anônimos.
Participando de AA descobrimos que o alcoolismo é uma doença que atinge todas as camadas sociais e de todas as idades haja vista o fluxo de seus membros. Descobrimos também o excelente relacionamento que existe com os segmentos da Sociedade no campo da Medicina, no campo da Justiça, no campo da Educação e junto a Imprensa.
Descobrimos que como “formiguinhas”, existe  em cada Comunidade,  um “batalhão” de abnegados Servidores sempre atentos e dispostos à levar a Mensagem Seja Onde For!
Descobrimos que para os Serviços em AA não existe a remuneração para os seus membros.
Descobrimos que para ser membro não se paga taxa ou mensalidades.
Descobrimos que o Anonimato é um dos maiores alicerces espirituais que a Irmandade possui. Que ninguém é identificado nem lá entre os iguais e nem quando sair de cada reunião. Que seus testemunhos são mantidos em sigilo absoluto: “Quem você vê aqui, O que você ouve aqui. Quando sair daqui. Deixe que fique Aqui”.
Descobrimos que os Princípios da Irmandade são colocados acima das Personalidades de cada um. Descobrimos que é uma Obra de Amor! Vale a pena conhecer. Vale a pena participar!
CAMPOS S. 

Reflexões diárias de A.A.: 30/05

30 DE MAIO

NOSSO PROPÓSITO PRIMORDIAL

Quanto mais A.A. se agarra ao seu propósito primordial, maior sua influência proveitosa em todos os lugares.

A.A. ATINGE A MAIORIDADE, p. 99 ou p. 96

     É com gratidão que reflito nos primeiros dias de nossa Irmandade e naqueles sábios e amáveis “seguidores dos passos” que proclamavam que não podíamos nos desviar de nosso propósito primordial de transmitir a mensagem ao alcoólico que ainda sofre.
     Desejo prestar meus respeitos àqueles que trabalham no campo do alcoolismo, tendo sempre em mente que A.A. não endossa qualquer causa que não seja a sua própria. Devo lembrar que A.A. não tem o monopólio de fazer milagres e permaneço humildemente agradecido por um Deus amoroso que tornou A.A. possível.

domingo, 29 de maio de 2011

Outros Problemas Além do Álcool


Outros Problemas Além do Álcool
 Como bem esclarecia nosso velho mentor Donald L. em seu excelente trabalho: “para atender à necessidades especiais, membros de A.A.
seriam chamados 'grupos de A.A.' e não seriam registrados, como tal, no 'arquivo central'”. Mais adiante destacava: ”estes grupos especiais têm papel importantíssimo em que facilitam acesso ao programa dos Doze Passos...”.
 Logo, a solução para aqueles que têm “outros problemas além do
álcool” consiste em reunirem-se, como membros de A.A., para levar
avante o programa de recuperação.
 Todos os Passos são importantes a debate nesse tipo de reunião,
contudo, no meu modesto entender, o Quinto Passo seria aquele que
mais agregaria alguns membros de nossa Irmandade.

Examinemos alguns casos mais comuns em nossos grupos:
- Mulheres – a maioria tem problemas pessoais típicos da natureza
feminina e que, com as deformações de caráter exacerbadas pelo
alcoolismo, precisam compartilhar e serem compreendidas;
- Jovens – seus problemas existenciais, a necessidade de
auto-afirmação, os conflitos da adolescência e a dificuldade de comunicação com os mais velhos, tudo agravado com o alcoolismo em atividade, requerem uma igualdade de identificação para serem
debatidos;
- “Cruzados” – alcoólatras típicos com adição de outras drogas, que
buscam em nosso programa eliminar a dupla dependência e são, muitas vezes, censurados pelos “alcoólatras puros” quando tentam praticar seus Quintos Passos em reunião regular.
Cientes de que não somos exatamente iguais, não apenas como indivíduos, mas também por grupos de companheiros e companheiras que, discriminados pela sociedade ou com dificuldades de identificação, têm o direito e a necessidade de aprofundarem-se no programa, fazendo o inventário moral e admitindo “perante outro ser humano a natureza exata de suas falhas”, precisamos criar condições favoráveis para que eles pratiquem esse Quinto Passo.Em 1990, durante o Encontro Estadual gaúcho, realizado em Caxias do Sul, uma “mini-Conferência” corajosamente assim debateu o assunto: “já é tempo de pensarmos no futuro de A.A., a cada dia chegam a nossos grupos maior número de mulheres, de jovens e de ‘cruzados’, e a eles cabe-nos incentivar a prática total do programa e oferecer facilidades para que compartilhem, dentro dos grupos tradicionais (em dias e horários diferentes das reuniões de recuperação) em Reuniões de Propósitos Especiais!”As experiências nesse sentido têm sido tímidas, mas bem sucedidas.
Assim, foi levada essa preocupação à Conferência de Serviços Gerais de 1994, em Teresina, Piauí.Naquela ocasião a Conferência recomendou o debate do tema nos eventos de A.A. por todo o País, objetivando maior conscientização e responsabilidade acerca do assunto.Por fim, em 1995
em Santos, São Paulo, voltando à pauta, a Comissão de Normas e Procedimentos emitiu a Recomendação N° 12 nos seguintes termos:
“Que as Reuniões de Propósitos Especiais continuem como tal, isto é, não podendo transformar-se em ‘grupos’ e sejam incentivadas e apoiadas pelos grupos e órgãos de serviço estaduais e locais, a fim de garantir o pleno acesso ao nosso Programa da Recuperação às mulheres, jovens, homossexuais e outros segmentos vítimas de discriminação pela sociedade.”.Contudo, ainda há quem questione este tratamento proposto a nossos companheiros e companheiras com outros problemas além do álcool, sob argumentos como “A.A. só cuida de alcoolismo” e que essas pessoas “procurem outros grupos que tratam especificamente de seus problemas, ou, ainda, ”que estamos criando elites em A.A.!”.Gostaríamos de ponderar que tais argumentos refletem, em primeiro lugar, a já citada discriminação que estaríamos fazendo a irmãos com seu problema maior (alcoolismo) igual ao nosso.
Em segundo, de que enviá-los a outros grupos, certamente lá irão encontrar o mesmo programa de recuperação que estamos tentando praticar – Os Doze Passos.Criar “elites em A.A.” seria se estimulássemos “grupos de médicos, de advogados ou até mesmo de operários”. Mas o que se propõe é que eles fiquem conosco até o fim, isto é, que continuem membros de A.A. e, aqui mesmo, resolvam seus “outros problemas”.Se dermos uma olhada na lista de literatura de A.A.
disponível, iremos encontrar, entre outras, as seguintes: “Outros Problemas além do Álcool” – “O Membro de A.A. e as Drogas” – “Carta a uma Mulher Alcoólica” – “Os Jovens e A.A.” – “Você Pensa que é Diferente?” – “Memo. a um Recluso que pode ser um Alcoólico”, e assim por diante...Por quê, então, redigimos tanta literatura a respeito destes temas? Simplesmente porque sempre foram assuntos pertinentes ao A.A. Ou cuidamos apenas de alcoolismo que, aparentemente, é nossa única finalidade, ou vamos aceitar a realidade dos fatos, oferecendo
dentro de A.A. a possibilidade de recuperação plena a nossos irmãos e irmãs alcoólicos que trazem consigo outros problemas?Desta decisão, entendemos, depende o futuro de nossa Irmandade...

Joaquim Inácio

Reflexões diárias de A.A.: 29/05

29 DE MAIO

VERDADEIRA TOLERÂNCIA

Para ser membro de A.A. o único requisito é o desejo de parar de beber.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 125

       Ouvi a forma reduzida da Terceira Tradição, pela primeira vez, no Preâmbulo. Quando vim para A.A. não podia aceitar a mim mesmo, meu alcoolismo ou um Poder Superior. Se houvesse qualquer requisito físico, mental, moral ou religioso para ser membro, hoje eu estaria morto. Bill W. diz em sua fita sobre as Tradições, que a Terceira Tradição é um alvará para a liberdade individual. Porém, o que mais me impressionou foi o sentimento de aceitação dos membros que estavam praticando a Terceira Tradição, por me tolerarem e me aceitarem. Sinto que a aceitação é amor e amor e a vontade de Deus para nós.

sábado, 28 de maio de 2011

D. Laurence Freeman, monge beneditino.


D. Laurence Freeman, monge beneditino.
Conheceu o A.A. há três anos.

Texto colocado no Tablet de dezembro.
Há alguma coisa, eu penso, que todos nós buscamos, ainda que não possamos discernir ou conhecer. Chamamos de empatia, que não é o melhor termo na medida em que sugere que estamos procurando pessoas para entrar em empatia conosco, enquanto que, pelo contrário, ela é sobretudo mútua, uma aceitação espontânea de igualdade e de destino comum. Uma espécie de cair de amor sem o desejo de possuir ou até mesmo de passar ao estágio de enfatuação idealizada. Eu não sei o termo exato – o fácil “simpático” pode ser, ou até mesmo a não traduzível “saudade”.
Em última análise, o objeto de busca é Deus, o Deus vivo. Não a divindade fria da moralidade e das estruturas de poder. Mas a luz no fim do túnel que nós sabemos que nunca nos rejeitará ou mesmo pronunciará um julgamento que não seja a revelação de uma verdade compassiva. É o Deus do abraço imediato e infinito. O fim da ânsia por amor. O Pai, como Jesus o entendeu. Mas Ele é encontrado também neste mundo e se manifesta nas relações raras que são construídas na perfeita humildade enquanto não há nem poder nem competição. Para nos ajudar a entender “humildade”, a “Nuvem do Desconhecido” distingue entre humildade imperfeita - na qual a piedade religiosa se especializa – uma auto-dramatizaçao de todas as faltas importantes do nosso ego – e a perfeita humildade na qual nós simplesmente nos conhecemos, em Deus, com todas as nossas faltas auto-evidentes, exatamente como Deus nos conhece. Nesta humildade-que- é-sabedoria, nós somos soprados para diante ao perceber, às vezes por dolorosas e lentas gradações, que somos, sem dúvida, dignos de sermos amados. Isso leva tempo e não é fácil conseguir, como pode parecer.
Ela pareceu, se você me desculpa pela caricatura, uma senhora idosa comum. Ela não mantinha contato visual prolongado e esperou até o fim da reunião para falar: isso pode, às vezes, denotar um enorme ego, esperando pela última palavra ou um ego fraco aproveitando a última oportunidade para ser ouvido. No caso dela, a julgar pelo tom e estabilidade, foi a decisão de um ego equilibrado, um pouco auto-respeitoso, envergonhado, mas não mais discreto. Há uma espécie rara de autoridade que emerge, como deve ter ocorrido com Jesus, enfurecendo os seus opositores. Emerge sem esforço de uma personalidade que tem tanto a conhecida humilhação quanto experiência de um estado de ressurreição vívido. Ela relatou a sua história. Como, há muitos anos antes, havia bebido por longo tempo e estava simplesmente criando cinco filhos. Um dia, difícil de admitir, ela estava dirigindo a esmo pela cidade quando percebeu que procurava uma igreja, qualquer igreja. Ela não era pessoa religiosa. Quando encontrou uma, tocou a campainha e um sacerdote abriu a porta. Até hoje ela não se lembra do que disse quando descarregou a sua penúria e vergonha sobre ele. Tudo de que se lembra, na medida em que ele mudou a sua vida, foi que ela se sentiu aceita e conhecida. Talvez ele fosse o melhor dos sacerdotes ou o pior. Naquele momento, na espiral abaixo do seu desespero, ele foi apenas um sacerdote para ela.
É muito apaziguador ver como aquela experiência de encontrar aceitação e reconhecimento era tão redentora; Ela, a experiência, mudou a sua vida e permaneceu viva no seu íntimo, décadas depois, como um momento de Graça que santos podem aspirar e nunca receber, como diretamente ela recebeu. Ainda mais, com a frescura que daquele momento permaneceu nela e com Julian de Norwich, ela garimpou aquele momento de revelação por toda a sua vida para encontrar novos depósitos de significação, mas ela não estava vivendo no passado. Havia conhecido outras alegrias e rupturas, como a descoberta da meditação como a chave do décimo-primeiro passo, que a encheu de gratidão. Em realidade, ela parecia estar intoxicada – o que Gregório de Nyssa chamou de intoxicação sóbria.
Estando agradecida e sabendo-se aceita, desfrutou de um estado de consciência imensamente libertador. Ansiedades e inseguranças que mantiveram você amarrado por eras desertam imediatamente na medida em que você ascende a novas alturas do self e descobre como as alegrias de dar excedem as de receber – e porque você não viu verdade tão óbvia como esta antes?
Como outros que praticam o programa de 12 passos, ela nunca esqueceu que é como bater na base da rocha e subir de novo com a ajuda daquele discernimento totalmente imprevisto e da incomensurável energia que chamamos de Graça. Pareceu a ela, como para muitos que têm a sua própria história para contar, que o tempo encurtou. O passado foi redimido e o futuro, ainda desconhecido, estava assegurado. Ela estava viva dentro do espírito do Advento –, o instante lento que chega do futuro para nós e a sua erupção no presente. E tudo porque, numa tarde comum, alguém abriu a porta para um estranho e ter sido para esse alguém o que Deus é para nós e o que devemos ser para cada outro.

Tradução:
Dr. Laís Marques
Rio de Janeiro/RJ

Reflexões diárias de A.A.: 28/05

28 DE MAIO

DIREITOS IGUAIS

Uma vez ou outra, Grupos de A.A. resolvem inventar regras ... Após um período de medo e intolerância, o Grupo se acalma .... Não queremos negar a ninguém a oportunidade de recuperar-se do alcoolismo. Queremos ser justos, tanto quanto possível, sempre ficando ao alcance de todos.

A TRADIÇÃO DE A.A. COMO SE DESENVOLVEU, p. 14, 15 e 17

      A.A. me ofereceu completa liberdade e me aceitou na Irmandade por mim mesmo. Para ser membro não dependia de concordância, sucesso financeiro ou educação, e sou muito grato por isto. Muitas vezes me pergunto se estendo essa mesma igualdade aos outros ou se nego a eles a liberdade de ser diferentes.
    Hoje tento substituir meu medo e minha intolerância pela fé, paciência, amor e aceitação. Posso levar estas forças para meu Grupo de A.A., minha casa e meu escritório. Faço um esforço para levar minha atitude positiva para qualquer lugar que vou.
    Não tenho nem o direito, nem a responsabilidade de julgar os outros. Dependendo da minha atitude, posso ver ingressantes em A.A., membros da família e amigos, como ameaças ou como professores. Quando penso em algum dos meus julgamentos passados, fica claro como meu farisaísmo me causou danos espirituais.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A A. Informando e cooperando com as autoridades da Justiça


A A. Informando e cooperando com as autoridades da Justiça
Dom, 01 de Fevereiro de 2009 16:45

A parceria Justiça e Alcoólicos Anônimos tem sido exitosa. Esta parceria iniciou-se por volta de 2.000, quando eu era Juíza do 2° Juizado Especial de Competência Geral do Gama/DF e percebi que muitos processos envolviam alcoólicos em situação de violência, principalmente doméstica.
A Lei 9.099/95, que instituiu os Juizados Espe­ciais Criminais, prima pela apli­cação de penas alternativas (pres­tação de serviços à comunidade ou doação de cestas básicas a insti­tuições carentes), como uma forma de punir e preve­nir o que denomi­na "delitos de menor potencial ofensivo", como tais aqueles punidos com pena de até dois anos de detenção, praticados por pessoas que não tem passagens pela policia.
Observei que essas penas são inadequadas e ineficazes para punir e prevenir certos crimes, especialmente aqueles praticados por alcoolistas e/ou em situações de violência doméstica, pois essas penas não combatem a raiz do problema.
Na grande maioria das vezes, eu percebia durante as audiências, que as vítimas diziam que seus companheiros eram pessoas maravilhosas quando não bebiam, mas que a bebida as transformava em uma outra pessoa.
As vítimas ficavam indig­nadas quando os autores do fato recebiam uma proposta de pres­tar serviços à co­munidade e, prin­cipalmente, de pagar cestas bási­cas a instituições carentes, pois nesses casos, tirava-se da própria vitima e de seus filhos o sustento e ­pior de tudo - sem fazer cessar o problema.
Foi então que a Defensora Pública, pessoa muito atenta aos problemas sociais e de grande sensibilidade às questões humanas, me falou sobre Alcoólicos Anônimos.
Decidi assim formar essa parceria deixando que os autores do fato pudessem ter a opção de tentar resolver definitivamente o grande problema de suas vidas.
É com grande satisfação que lhes digo que tenho visto muitas pessoas resgatarem as rédeas de suas vidas; voltarem a seus lares de cabeça ergui da; serem nova­mente amados e res­peitados por seus fami­liares, vizinhos e amigos, conseguirem um empre­go ou até mesmo um diploma em nível superior gratuitos, tão simples e, ao mesmo tempo, fundamentais à vida.
Contudo, o que temos obser­vado é que temos nos esquecido de nossa dimensão espiritual, porque nos esquecemos também do amor; o amor fraterno, a compaixão para com o próximo, a disposição para auxiliar aqueles que precisam.
E isso ocorre em todos os nossos papéis: dentro da família, em nossa profissão, como cidadãos, como ami­gos...
Nada disso seria possível sem a parceria com Alcoólicos Anôni­mos.
Mas porquê?
Porque vivemos em uma época em que a dimensão integral do Ser Humano está esfacelada.
Ouvi certa vez em um evento de Alcoó­licos Anônimos que somos seres espirituais vivendo uma experiência humana e não seres humanos vivendo uma experiência espiritual. Este princípio para mim é a base de tudo.
Assim como o simples ato de respirar é o que une nosso corpo fisico a nosso corpo sutil e é a razão de nossa vida fisica, o amor é o que une o ser humano ao ser espiritual. Ambos são gratuitos, tão simples e, ao mesmo tempo, fundamentais à vida. Contudo, o que temos observado é que temos nos esquecido de nossa dimensão espiritual, porqu enos esquecemos gtambém do amor; o amor fraterno, a compaixão para com o próximo, a disposição para auxiliar aqueles que precisam. É isso que ocorre em todos os nossos paíes:dentro da famíliam, em noss aprofissão, como cidadãos, como amigos... A necessidade de sobrevivermos em um mundo de crescen­tes exigênciasi materiais onde o dinheiro, o trabalho, a competição, o poder e os bens materiais passaram a ser a prioridade, tem nos deixado distante de nossa dimensão espiri­tual.
Isso explica o fracasso e o esface­lamento da família, da escola, das igrejas de maneira geral, da medicina, da justiça, enfim, de todas as nossas instituições.
Estamos deixando de ver o homem e a mulher - inclusive a nós mesmos - como seres espirituais; há falta de tempo para orientarmos nossos filhos sobre os valores morais, éticos, sobre as virtudes e mesmo para lhes dar amor.
Afinal, é mais importante trabalhar muito para ganhar muito dinheiro para dar a nossos filhos um i­pod, ou o último modelo do tênis Nike.
As igrejas têm se voltado mais para os temas mundanos e para o sucesso financeiro do que par aa cura espiritual.
As escolas têm transformado as crianças em grandes competidores, prontos para passarem em vestibulares.
A medicina tem se esquecido de que muitas doenças físicas possuem um fundo emocional e a justiça se esquece de que as partes possuem senti­mentos, emoções.
Alcoólicos Anô­nimos surge, então, co­mo uma possibilidade de fazer esse resgate do lado espiritual, tão negado pe­la ciência e pela filosofia e, conseqüentemente, pelos profissionais de modo geral, o que expli­ca, por fim, a crise da sociedade contempo­rânea e de nossas insti­tuições mais caras.
Quanto à Justiça, especificamente, deposita-se na lei a confiança dogmática de que sua aplicação dará respostas prontas e acabadas para todos os problemas; infelizmente, nem sempre é assim...
Muitas vezes uma decisão judicial necessita de um acompa­nhamento posterior para se fazer efetiva.
Este é o caso, por exemplo, das pessoas envolvidas com alcoolismo. Elas estão sofrendo, assim como seus familiares.
Enquanto a Justiça prende, oprime e pune, Alcoólicos Anônimos, ao resgatar a dimensão espsiritual, significa a própria emancipação, a libertação do sofrimento, a solução adequada e eficaz para o problema e a possibilidade de se evitar a reinci­dência, prevenindo-se novos delitos.
A parceria com Alcoólicos Anônimos me é muito cara.
Sinto que pos­so fazer algo mais pelas pessoas que necessitam, apontan­do-Ihes o caminho correto.
A Revista Vi­vência é de grande importância para a veiculação do trabalho feito por Alcoólicos Anônimos e, assim como toda a literatura de A.A. tem sido bastante esclarecedora para mim, na qualidade de Amiga de A.A., para poder divulgar e indicar o trabalho da Irman­dade.
A Oração da Serenidade faz parte do meu dia-a-dia. O Terceiro Legado me faz lembrar que também a Justiça somente atinge seu verdadeiro objetivo quando serve, com presteza e efetividade, aqueles que a buscam.

Dom, 01 de Fevereiro de 2009 16:45 
Dra. Rita de Cássia Lima Rocha
Meritíssima Juíza de Direito da Primeira Vara do Juizado Especial da Competência Geral do Paranoá - Distrito Federal.

Reflexões diárias de A.A.: 27/05

27 DE MAIO

SEM SENTIMENTO DE CULPA

Dia a dia tentamos nos aproximar um pouco da perfeição de Deus. Assim sendo não precisamos ser consumidos por um tolo sentimento de culpa ...

NA OPINIÃO DO BILL, p. 15

       Quando descobri pela primeira vez que não havia um único “não faça” nos Doze Passos de A.A., fiquei perturbado, porque esta descoberta abria de repente um portal gigantesco. Somente então fui capaz de perceber o que A.A. representa para mim:
       A.A. não é um programa de “não faça” mas de “faça”.
       A.A. não é uma lei marcial, é liberdade.
       A.A. não é choro sobre os defeitos, mas suor sobre como colocá-los em ordem.
       A.A. não é penitência, é salvação.
       A.A. não é “pesar por mim”, por meus pecados, passados e presentes.
       A.A. é “Louvor a Deus” pelo progresso que estou fazendo hoje.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

CONVITE: Ciclo de Estudos dos 12 Passos - IMPERDÍVEL

O Movimento Washingtoniano


Na tarde de 02 de abril de 1840, quase cem anos antes do nascimento de A.A., seis companheiros de bebedeiras se reuniram em um botequim da cidade de Baltimore, Estado da Virgínia, nos Estados Unidos da América.
Quanto mais bebiam, mais falavam sobre o tema da temperança, que era um dos assuntos mais populares da época. Essa reunião, assim como os encontros posteriores, deram origem à formação, para a curta mas espetacular existência do Movimento dos Washingtonianos, que chegou a contar com mais de 400.000 membros "alcoólicos recuperados", para poucos anos depois, da noite para o dia, desaparecer totalmente.
A história do Movimento dos Washingtonianos demonstra nitidamente, a importância das Doze Tradições de A.A. como guia de comportamento para os nossos grupos e organismos de Serviço, montadas que foram para proteger-nos de um destino semelhante. O hábito de desprezar nossas Tradições, ou de ignorá-las, nos legou, pelo menos, alguma marca negativa em nosso inventário.
Até a já mencionada reunião de 1840, prevalecia a opinião de que nada era possível fazer pelos doentes do alcoolismo e, mesmo as palavras "alcoólico" ou "alcoolismo", não era de uso comum. Os poucos casos conhecidos de recuperação de alcoólicos, não influíam no pessimismo geral sobre as
possibilidades de recuperação. E, como se acreditava que o álcool era a causa do alcoolismo, muitos movimentos de temperança, então existentes, orientavam sua atuação no sentido de evitar que os não-alcoólicos no alcoolismo ingressassem. Seu lema era:
"Mantenhamos sóbrios os sóbrios; os bêbados que morram e nos deixem em paz".

Em 05 de abril de 1840 os seis companheiros já referidos, novamente se reuniram no mesmo botequim, ao redor de uma garrafa de bebida alcoólica e, alegremente, brindaram as virtudes da temperança, enquanto condenavam a maldição do alcoolismo.
Embora existisse um bom número de Grupos de Temperança, nenhum deles parecia interessar a esses seis companheiros. Como bons bebedores que eram, decidiram formar seu próprio grupo; elegeram-se diretores e firmaram uma promessa de total abstinência, com o seguinte texto:
"Nós, cujas assinaturas aqui constam, com o propósito de constituir, para o nosso próprio benefício e para proteger-nos de costumes perniciosos que são prejudiciais à nossa saúde, à nossa reputação, às nossas famílias, nos comprometeremos, como cavalheiros, a não ingerir qualquer bebida alcoólica, nem licores, nem vinhos de cidra".
Escolheram o nome Sociedade de Temperança Washington, em homenagem a George Washington, estabelecendo uma cota de inscrição em dinheiro, junto com uma contribuição mensal. Com calorosos abraços se despediram, ficando combinado que, cada um deles, traria um novo sócio ao botequim para a próxima reunião. E se mantiveram sóbrios.
Como resultado do crescimento do número de associados e, devido às solicitações desesperadas do dono do botequim, o grupo decidiu alugar uma sala e, ao mesmo tempo, tornar habitual as reuniões semanais. Nessas reuniões desenvolveram um método único de procedimento, onde cada orador contava sua própria história, calcada no seguinte:
"Como era eu; o que me aconteceu e, como sou agora".
Esta idéia obteve sensacional aceitação, contribuindo para enorme e rápido crescimento ao Movimento. A abstinência total parecia um milagre.
Em novembro de 1840, realizaram sua primeira reunião pública. Os jornais deram ampla cobertura ao acontecimento nas reportagens incluindo o nome completo dos fundadores. A quantidade de público fora tão grande, que só havia poucos lugares de pé. Tanto aos alcoólicos, como os não-alcoólicos; a todos os que se comprometiam à total abstinência; deu-se boas-vindas ao Grupo.
Uns cinco meses mais tarde, o Movimento Washingtoniano declarava constar de seus quadros mais de 1000 alcoólicos recuperados e uns 5000 membros indecisos quanto à conclusão se eram, ou não, alcoólicos, mas que já haviam se comprometidos a manter uma abstinência absoluta, bem como outros 1000 que defendiam uma temperança total, em todos os sentidos e que viam com muito entusiasmo o crescimento da cruzada dos Washingtonianos.
Como bons e entusiasmados propagandistas que eram, os membros organizaram e participaram de um espetacular desfile, com banda de música, balizas, estandartes, que foi presenciado por mais de 40.000 pessoas em Baltimore. Após o desfile, houve uma grande reunião ao ar livre para pulgação de sua mensagem do "12º Passo". Diziam;
"Alcoólico, venha até nós. Você pode se recuperar. Ainda esta manhã estivemos com um homem que se recuperou já faz 4 semanas e estava feliz com a sua abstinência. Não desprezamos os alcoólicos, amamo-nos, guiamos, assim como uma mãe guia seus filhos nos primeiros passos".
As lágrimas caíam copiosamente sobre a mesa da secretária, na medida em que centenas de pessoas subiam ao palanque para assinar seus compromissos de total abstinência. A atmosfera emocional estava saturada de uma contagiante esperança. Os grupos religiosos aceitaram seu programa.
Samuel F. Holbrook, o primeiro Presidente da Sociedade, explodia em altas palavras, com relação ao papel desempenhado por Deus na recuperação dos alcoólicos. Dizia:
"Ao cambaleante alcoólico que encontramos na sarjeta, ou retiramos de seu meio, damos apoio, falamos como amigos, levamos às nossas reuniões. Em nosso grupo ele se encontra rodeado por novos amigos, não do que mais temia, a polícia. Todos lhe estendem as mãos; começa a recuperar-se e, quando já se sente sóbrio, assina o compromisso de manter-se abstêmio e volta à rua como um homem recuperado. E seu caso não termina aí, ele cumpre a sua promessa e, dentre seus companheiros de bebedeiras, logo trás outros que, de sua parte, assinarão o mesmo compromisso, trarão outros. Esses são fatos positivos que se pode constatar."
Então pergunto: - Pode algum movimento da humanidade demonstrar isso por si só? A minha resposta é um redondo "NÃO". Nós temos o testemunho invariável de um vasto número de homens recuperados que dizem publicamente que dizem publicamente que haviam deixado de beber persas vezes para, logo a seguir, recair nas bebedeiras e, entendem que, seu atual comportamento, deriva da total confiança da força desta nova decisão, sem qualquer preocupação de olhar um pouco mais alto. Depois, sentem que, necessitam da ajuda de Deus que, uma vez conseguida torna a recuperação completa. Louvado seja Deus".
Não foi possível manter os milagres dos Washingtonianos dentro de seus limites geográficos. Seus membros estavam convencidos de que deles dependiam o socorro para os mais aflitivos casos; os alcoólicos recuperados e em atividade dentro do Movimento comprovaram, com seus exemplos, que
podiam ajudar aos alcoólicos e estavam possuídos de uma extraordinária disposição de levar sua mensagem. Depois, essa campanha se ampliou no sentido de evitar o mesmo sofrimento, pela persuasão, aos ainda não atingidos pelo alcoolismo, objetivando que prosseguissem com a sobriedade através de uma total abstinência. Os líderes mais influentes do Movimento eram de opinião de que necessitavam de bons "vendedores" para espalhar a mensagem de prevenção e, os membros dos Grupos Washingtonianos, proporcionaram uma vasta relação de pessoas disponíveis.
A cidade de Nova Iorque lhes serviu de cenário. Em março de 1842, Washingtonianos e espectadores se reuniram na igreja da Rua Gren; no transcurso do primeiro discurso, um jovem que estava no auditório se levantou cambaleando e disse: - "Não haverá alguma esperança para mim? Deus do céu, não haverá esperança? Vocês podem me ajudar?". O ajudaram a chegar até o palco e, ali mesmo, manifestou sua vontade de assumir o compromisso, partir de então, de absoluta abstinência.
Outros o seguiram; uns jovens como ele; outros, de cabeças grisalhas. Os Washingtonianos receberam a todos eles e, uma organização paralela feminina, conhecida como Sociedade Martha Washington, alimentava e vestia os mais necessitados, enquanto buscava apoio e adeptos dentro do próprio sexo.
Em menos de quatro anos da relatada reunião no botequim, o número de Washingtonianos chegava ao máximo. Nessa época, se estimava que o Movimento incluía, no mínimo 100.000 "alcoólicos recuperados”;
300.000 "bebedores normais" que, também, se mantinham em total abstinência, bem como incontável número de admiradores entre os membros dos Movimentos de Temperança.
Mas logo chegaria ao esquecimento total. Pelo ano de 1848, tudo o que restava da espetacular e poderosa organização como método original de tratamento do alcoolismo, era o Asilo dos Decaídos, em Boston. Essa organização, assim mesmo, sofreu numerosas modificações, no nome e na orientação e, atualmente funciona com o nome de Hospital Washingtoniano, se dedicando ao tratamento do alcoolismo mediante sistemas médicos modernos e técnicas sociais. Nos demais aspectos o Movimento se autodestruiu por completo. Com ele, desapareceu a esperança de milhares de alcoólicos de sua época.Tendo a breve história anterior por exemplo, é possível efetuar uma limitada comparação entre o Movimento Washingtoniano e Alcoólicos Anônimos e, meditar sobre as possibilidades de A.A. ter um destino semelhante.
As semelhanças são as seguintes:
1) Alcoólicos se ajudando mutuamente;
2) Reuniões semanais;
3) Experiência compartilhada;
4) Permanente disponibilidade para ajudar os grupos e seus membros;
5) Confiança em um Poder Superior e,
6) Total abstinência ao álcool.

Embora seja óbvio que o programa dos Washingtonianos fosse incompleto, contendo limitadas possibilidades para a modificação da personalidade se comparado aos Doze Passos de Alcoólicos Anônimos, nasceu da experiência dos que conseguiram a sobriedade; mesmo que por pouco tempo; de milhares de alcoólicos. Porém, falhou em não oferecer um método de conduta, para membros e grupos, que fosse comparável às Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. Como não existiam garantia de salvaguarda para o Movimento em seu conjunto, este morreu. A maioria dos problemas dos Washingtonianos se situaram em áreas que estão amplamente protegidas em nossas Tradições:
1) O preâmbulo e nossa 5ª Tradição nos aconselham a proteger nosso único objetivo; a 1ª Tradição nos aconselha cautela, para conservar nossa Unidade. Sem essas orientações, o Movimento Washingtoniano se converteu em um monstro de 3 cabeças: a primeira, o programa para atingir a recuperação dos alcoólicos; a Segunda, o convite ao público em geral para conseguir a temperança através da persuasão moral e, a terceira, a exigência de total temperança nacional pelos meios legais. Homens de enorme influência controlavam a ação de cada uma das cabeças e, não levou muito tempo, as cabeças lutavam entre si.
2) As táticas carnavalescas de promoção e a absoluta falta de qualquer princípio de anonimato criaram uma atmosfera de crescimento espetacular; porém, conduziram ao mesmo tempo, às lutas entre as personalidades que buscavam prestígio e poder. Cem anos depois Alcoólicos Anônimos adotou as 11ª e 12ª Tradições que indicam que devemos basear nossas relações com o público na atração, no lugar da promoção; a manter o anonimato pessoal ao nível da imprensa; a considerar o anonimato como "fundamento espiritual...” que nos recorda que devemos sempre que os princípios estão acima das personalidades.
3) Não há nada que possa pidir um grupo com maior rapidez do que a controvérsia política ou religiosa. A 10ª Tradição diz que: "Alcoólicos Anônimos não tem qualquer opinião sobre assuntos alheios às suas atividades" e que o membro de Alcoólicos Anônimos nunca deve envolver-se em polêmicas públicas. Sem possuir esta Tradição, os Washingtonianos ingressaram nesse campo. Chegou ao conhecimento de alguns líderes religiosos que, alguns alcoólicos recuperados, proclamavam publicamente que, "eles, entre outras coisas, é que estavam praticando verdadeiramente o Cristianismo, não alguns pastores que conheciam e que apenas falavam em Cristo". Em represália o Reverendo Hiram Mattison, ministro da Igreja Metodista Episcopal de Watertown, N.Y., tornou pública a seguinte comunicação: - "Nenhum cristão tem liberdade para selecionar ou adotar algum sistema, organização, agência ou métodos de reforma moral da humanidade, com exceção daqueles prescritos e reconhecidos por Jesus Cristo". Acrescentava que sua igreja havia sido escolhida junto com o seu Evangelho, como o sistema da verdade e único para reformar a humanidade. Isto era a guerra. Outras igrejas reagiram da mesma forma, até fecharem suas portas aos Grupos Washingtonianos.
4) E como se esse fato grave fosse pouco, alguns membros do Movimento se tornaram oradores profissionais, por não contar com a orientação de uma 8ª Tradição. Dessa forma, sua mensagem de "alcoólico para alcoólico", perdeu toda força de atração.
O ponto final da destruição aconteceu quando, alguns influentes líderes de movimentos não-alcoólicos, decidiram que a necessidade de os ex-bebedores recuperarem outros alcoólicos já havia sido Ultrapassada e, agora, se deveria concentrar todo esforço na criação de novas leis destinadas a promover a temperança.
Enquanto efetuava as investigações para escrever este artigo, várias vezes me ocorreu o seguinte pensamento: - "Depois que os Washingtonianos se autodestruíram, o que teria ocorrido com os seus milhares de membros?" E, esse pensamento se converteu numa indagação pessoal: - "O que aconteceria comigo?"
Durante os primeiros tempos do programa, especialmente antes de elaboradas as Doze Tradições, Alcoólicos Anônimos passou por muitos dos problemas que destruíram os Washingtonianos. O fato de havermos sobrevivido aos mesmos perigos, é um dos milagres de Alcoólicos Anônimos.
Porém o dia só tem 24 horas!
Por D. P. de Ogden, Utah.
Traduzido da Revista Plenitud, México
Publicação original de Grapevine, USA/Canadá
Publicado no Bob nº 33, jan/fev 1985

Reflexões diárias: 26/05

26 DE MAIO

TRANSFORMANDO O NEGATIVO EM POSITIVO

Nosso crescimento espiritual e emocional em A.A. não depende tanto de nossos sucessos como de nossos fracassos e contratempos. Se você tiver isso em mente, acho que sua recaída terá o efeito de impulsioná-lo escada acima, ao invés de para baixo.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 29

       No contato com a dor e a adversidade que nossos cofundadores encontraram e venceram para estabelecer A.A., Bill W. envia uma clara mensagem: uma recaída pode ser uma experiência positiva para a abstinência e uma vida toda de recuperação. Uma recaída mostra a verdade daquilo que ouvimos repetidamente nas reuniões: “Evite o primeiro gole!” Reforça a convicção na natureza progressiva da doença, e insiste na necessidade e na beleza da humildade de nosso programa espiritual. Verdades simples vêm a mim de maneiras complicadas quando sou dirigido pelo ego.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Os Doze Conceitos para Serviços Mundiais de A.A.


Os "Doze Conceitos para Serviços Mundiais", descritos aqui, são uma interpretação da estrutura de serviços mundiais de A.A. Eles mostram a evolução pela qual passaram, chegando à sua forma atual, e detalham as experiências e razões sobre as quais as nossas operações se apóiam hoje. Estes Conceitos, portanto, pretendem registrar o "porquê" da nossa estrutura de serviço, de tal maneira que a valiosa experiência do passado e as lições que tiramos dessa experiência nunca devam ser esquecidas ou perdidas.

OS DOZE CONCEITOS PARA OS SERVIÇOS MUNDIAIS DE A.A.

PRIMEIRO CONCEITO
A responsabilidade final e a autoridade suprema pelos serviços mundiais de AA deveriam sempre residir na consciência coletiva de toda a nossa irmandade.

SEGUNDO CONCEITO
Quando, em 1955, os grupos de AA confirmaram a permanente ata de constituição da sua Conferência de Serviços Gerais, eles automaticamente delegaram à Conferência completa autoridade para a manutenção ativa dos nossos serviços mundiais e assim tornaram a Conferência - com exceção de qualquer mudança nas Doze Tradições ou no Artigo 12 da Ata da Constituição da Conferência - a verdadeira voz e a consciência efetiva de toda a nossa Sociedade.

TERCEIRO CONCEITO
Como um meio tradicional de criar e manter uma relação de trabalho claramente definida entre os grupos, a Conferência, a Junta de Serviços Gerais de AA e as suas diversas corporações de serviço, quadros de funcionários, comitês e executivos, assim assegurando as suas lideranças efetivas, É aqui sugerido que dotemos cada um desses elementos dos serviços mundiais com um tradicional "Direito de Decisão".

QUARTO CONCEITO
Através da estrutura de nossa Conferência, deveríamos manter em todos os níveis de responsabilidade um tradicional "Direito de Participação", tomando cuidado para que a cada setor ou grupo de nossos servidores mundiais seja concedido um voto representativo em proporção correspondente à responsabilidade que cada um deve ter.

QUINTO CONCEITO
Através de nossa estrutura de serviços mundiais, deveria prevalecer um tradicional "Direito de Apelação", assim nos assegurando de que a opinião da minoria seja ouvida e de que as petições para a reparação de queixas pessoais sejam cuidadosamente consideradas.

SEXTO CONCEITO
Em benefício de AA como um todo, a nossa Conferência de Serviços Gerais tem a principal responsabilidade de manter os nossos serviços mundiais e, tradicionalmente, tem a decisão final nos grandes assuntos de finanças e de normas de procedimento em geral. Mas a Conferência tambÉm reconhece que a principal iniciativa e a responsabilidade ativa, na maioria desses assuntos, deveria ser exercida principalmente pelos custódios, membros da Conferência, quando eles atuam entre si como Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

SÉTIMO CONCEITO
A Conferência reconhece que a Ata de Constituição e os Estatutos da Junta de Serviços Gerais são instrumentos legais; que os custódios têm plenos poderes para administrar e conduzir todos os assuntos dos serviços mundiais de Alcoólicos Anônimos. Além do mais É entendido que a Ata de Constituição da Conferência não É por si só um docuento legal, mas pelo contrário, ela depende da força da tradição e do poder da bolsa de AA para efetivar sua finalidade.

OITAVO CONCEITO
Os custódios da Junta de Serviços Gerais atuam em duas atividades principais: (a) com relação aos amplos assuntos de normas de procedimentos e finanças em geral, eles são os principais planejadores e administradores. Eles e os seus principais comitês dirigem diretamente esses assuntos; (b) mas com relação aos nossos serviços, constantemente ativos e incorporados separadamente, a relação dos custódios é, principalmente, aquela de direito de propriedade total e de supervisão de custódia que exercem atravÉs da sua capacidade de eleger todos os diretores dessas entidades.

NONO CONCEITO
Bons líderes de serviço, bem como mÉtodos sólidos e adequados para a sua escolha são, em todos os níveis, indispensáveis para o nosso funcionamento e segurança no futuro. A liderança principal dos serviços mundiais, antes exercida pelos fundadores de AA, deve, necessariamente, ser assumida pelos custódios da Junta de Serviços Gerais de Alcoólicos Anônimos.

DÉCIMO CONCEITO
Toda a responsabilidade final de serviço deveria corresponder a uma autoridade de serviço equivalente - a extensão de tal autoridade deve ser sempre bem definida, seja por tradição, por resolução, por descrição específica de função, ou por atas de constituição e estatutos adequados.

DÉCIMO PRIMEIRO CONCEITO
Enquanto os custódios tiverem a responsabilidade final pela administração dos serviços mundiais de AA; eles deverão ter sempre a melhor assistência possível dos comitês permanentes, diretores de serviços incorporados, executivos, quadros de funcionários e consultores. Portanto, a composição desses comitês subordinados e juntas de serviço, as qualificações pessoais dos seus membros, o modo como foram introduzidos dentro do serviço, os seus sistemas de revezamento, a maneira como eles são relacionados uns com os outros, os direitos e deveres especiais dos nossos executivos, quadros de funcionários e consultores, bem como uma base própria para a remuneração desses trabalhadores especiais, serão sempre assuntos para muita atenção e cuidado.

DÉCIMO SEGUNDO CONCEITO
As Garantias Gerais da Conferência: em todos os seus procedimentos, a Conferência de Serviços Gerais observará o espírito das Tradições de AA, tomando muito cuidado para que a Conferência nunca se torne sede de riqueza ou poder perigosos; que suficientes fundos para as operações mais uma ampla reserva sejam o seu prudente princípio financeiro; que nenhum dos membros da Conferência nunca seja colocado em posição de autoridade absoluta sobre qualquer um dos outros; que todas as decisões sejam tomadas através de discussão, votação e, sempre que possível, por substancial unaminidade; que nenhuma ação da Conferência seja jamais pessoalmente punitiva ou uma incitação à controvérsia pública; que, embora a Conferência preste serviço a Alcoólicos Anônimos, ela nunca desempenhe qualquer ato de governo e que, da mesma forma que a Sociedade de Alcoólicos Anônimos a que serve, a Conferência permaneça sempre democrática em pensamento e ação.

* OS DOZE CONCEITOS - Forma Integral: consultar o Livro: "OS DOZE CONCEITOS PARA SERVI‚OS MUNDIAIS" Disponível na JUNAAB - Junta de Serviços Gerais de A.A. do Brasil Avenida Senador Queiroz, 101 2¼ andar cj 205 Caixa Postal 3180, CEP 01060-970 São Paulo/SP - Brasil

Reflexões diárias: 25/05

25 DE MAIO

GRATIDÃO PROGRESSIVA

A gratidão deve ir para frente, nunca para trás.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 29

       Eu sou muito grato ao meu Poder Superior por ter-me dado uma segunda chance para viver uma vida digna.
       Através de Alcoólicos Anônimos recuperei minha sanidade. As promessas estão sendo cumpridas em minha vida. Sou grato por estar livre da escravidão do álcool. Sou grato pela paz de espírito e a oportunidade de crescer, mas minha gratidão deve ir para frente, nunca para trás. Não posso ficar sóbrio nas reuniões de ontem ou abordagens passadas. Preciso colocar minha gratidão em ação hoje.
       Nosso cofundador dizia que a melhor maneira de demonstrar mossa gratidão é levar a mensagem para os outros. Sem ação a minha gratidão é apenas uma emoção agradável. Preciso colocá-la em ação praticando o Décimo Segundo Passo, transmitindo a mensagem e praticando os princípios em todos os meus assuntos. Sou grato por transmitir a mensagem hoje.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Reflexões sobra a segunda Tradição de A.A.

 “Ao longo dos anos, todos os desvios possíveis de nossos Doze Passos e Doze Tradições foram tentados. Nada mais inevitável, uma vez que somos em alta escala um bando de individualistas egocêntricos. Estes mesmos desvios criaram um amplo processo de tentativas e erros que, graças a Deus, colocou-nos onde hoje estamos” – escreveu Bill W.”.
 “Os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos, que no símbolo de A.A. estão representados pela palavra RECUPERAÇÃO, são para nós membros, o inicio de uma longa caminhada em busca do cumprimento de uma missão que nos foi confiada quando ultrapassamos pela primeira vez os umbrais de uma sala de AA”.
Os 12 Passos é o início de uma escalada constante e ascendente em busca da sublimação.
 “No livro “Alcoólicos Anônimos” é descrito o alcoolismo no ponto de vista do alcoólico. Nele estão codificadas as idéias espirituais da Irmandade e os esclarecimentos e aplicações dos Doze Passos ao dilema do alcoólatra”.
 “As Doze Tradições de AA, dizem respeito à vida da própria Irmandade. Delineiam os meios pelos quais AA mantém sua Unidade e se relaciona com o mundo exterior, e a sua forma de viver e desenvolver-se e também, a visão clara dos princípios através dos quais funciona o Grupo de Alcoólicos Anônimos”.
 A.A. é um programa espiritual. Não basta “botar a rolha na garrafa”.  Requer o estudo e a prática dos 36 princípios sugeridos. Sem os Passos, continuamos “Bêbados Secos” – tão brabos, tão auto-suficientes, tão isolados dos outros, tão cheios de auto-piedade, como quando bebíamos. Sem os Doze Passos, qualquer raiva ou frustração pode provocar uma recaída.
Sem os Passos, continuamos sendo inseguros, rígidos, inflexíveis, arrogantes e incapazes de discutir alguma coisa com calma e respeito mútuo.  Sem os Passos, continuamos sendo pessoas cheias de raiva e de ódio de NÓS MESMOS, que descarregamos nos outros, na família e em nosso Grupo de AA.
 Cada uma de nossas Tradições está baseada na aceitação do desejo de servir uns aos outros e a Alcoólicos Anônimos como um todo.
  Atrás de cada uma das Doze Tradições está a Unidade. O seu objetivo maior. E somente através de uma atitude recíproca de Serviço é que podemos trabalhar juntos em espírito de humildade e harmonia para assegurar o bem estar comum de todos nós. Somente através desta atitude estaremos prontos para servir em vez de dirigir, levando nossas mensagens a outros sofredores do alcoolismo.
 A chave da Segunda Tradição está na grande Graça de termos permanente entre nós a ação divina, que nos ajuda a estar juntos, presidindo ao nosso propósito comum, nas manifestações da consciência do grupo, fazendo dos servidores de AA os executores desta vontade e lembrando-nos sempre que como única autoridade em A.A, existe um Deus amantíssimo que nos governa e ilumina.
 O nivelamento e a igualdade de propósitos entre todos os membros, ou o é “proibido proibir”, a não obrigatoriedade, a não exclusão e a ausência de regras direcionam a Irmandade ao longo dos anos, para um segmento cada vez mais admirado e compreendido dentro da sociedade.
 E, principalmente entre seus membros, que absortos na contemplação de todas estas dádivas, se esquecem por completo do seu inicial ceticismo, da sua desconfiança e da arrogância. Ou do seu egoísmo, como também da sua prepotência, todos estes, comportamentos comuns nos primeiros dias em AA, vivenciados pela maioria de nós, os seus membros.
 A consciência coletiva de AA a nível mundial, parece concordar em seis pontos que definem um grupo de AA:
 1. Todos os membros de um grupo são alcoólicos;
2.Como grupo, são inteiramente auto-suficientes;
3.O propósito primordial de um grupo é o de ajudar aos alcoólicos a se recuperarem através dos Doze Passos;
4.Como grupo, ele não possui nenhuma outra afiliação;
5.Como grupo, ele não emite opinião sobre quaisquer assuntos alheios;
6.Como grupo, sua norma de procedimento para com o público é baseada na atração ao invés da promoção, e seus membros mantém o anonimato pessoal a nível de imprensa, rádio, televisão, cinema e internet.

Hoje em dia são raros os grupos que elaboram regimentos internos ou estatutos, embora nos primórdios de AA fossem considerados desejáveis. Muitas vezes, quanto mais regras e leis fossem adotadas, maior número de problemas criava. Assim, gradativamente, a maioria das antigas normas foi cedendo lugar à força dos costumes. Entretanto, uma filosofia herdada dos primeiros grupos vem se provando acertada: quanto mais bem informados são os membros de um grupo, tanto mais eles participam das decisões e mais saudável e feliz será o grupo, onde geralmente irão diminuir as divergências, críticas e os problemas.
 A maioria de nós também aprende que a recuperação do alcoolismo não é uma dádiva para ser agarrada egoisticamente para si própria. Significa também responsabilidade por servir a outros, tanto dentro como fora de AA.
 Nosso entendimento é que toda espécie de trabalho tem que ser realizado para se manter um grupo de AA em funcionamento.
 É através do trabalho dos membros do grupo que os doentes alcoólicos de uma comunidade ficam sabendo que AA existem e de como pode ser encontrado. É através do Serviço em AA que são atendidos os pedidos de ajuda e são mantidos os contatos necessários com o restante do AA a nível local, nacional e internacional e o Grupo fica informado, não se isolando.
 Nos grupos, os membros encarregados destes serviços são chamados de Servidores, que escolhidos pelos demais membros executam suas atividades por períodos limitados, proporcionando a rotatividade. Como lembra a Segunda Tradição: “Nossos líderes são apenas Servidores de Confiança; não têm poderes para governar”.
 Portanto, aprender a aceitar a responsabilidade dentro do grupo é um privilégio. Devidamente manejada, pode ser útil à recuperação. Muitos membros de AA descobriram e constataram que as obrigações (diga-se Serviços) representam uma excelente maneira de fortalecer a própria sobriedade.
 É longo o aprendizado que se obtém através da Segunda Tradição:
-Questiona: de onde recebe o AA a sua direção?
-Mostra que a única autoridade em AA é um Deus amantíssimo que Se manifesta através da consciência do grupo.
-Preocupa-se com a formação de um grupo.
-Preocupa-se com as dores resultantes do crescimento.
-Propõe os comitês rotativos;
-Questiona se AA tem uma verdadeira liderança.
-Exemplifica os Velhos mentores e os velhos resmungões.
-Mostra que os líderes não governam: eles apenas servem.
-Propõe a busca constante de um saudável exercício da consciência do grupo.

Por isto, a reunião de serviço de um grupo base, transforma-se em um bem extremamente necessário. Não é o local para se digladiar. Não se precisa ir com o espírito preparado para isto ou para aquilo. Precisa-se sim, estar com a mente aberta, disposto a conhecer, participar e ver as coisas como funcionam de forma objetiva.
 Diante de nossa própria imperfeição, para exercitar a consciência do grupo, nem sempre tem sido assim. Temos que reconhecer que “é a nossa idéia” ou o “nosso ponto de vista”, ou a “minha maneira de coordenar”, que tem nos atrapalhado e muito.
 Muitas vezes até tem criado um desestímulo de participar em outras reuniões, depois que “o que e, como eu queria, não foi aceito”.
 É claro que existe sempre uma verdade dentro de cada um de nós. Mas, temos que lembrar também, que existe esta ou outra verdade dentro do outro. Na dúvida, pesquisar a literatura passa a ser uma “obrigação”, para não “cairmos em tentação”!
 Na preparação de uma consciência de grupo, que tal conhecer a agenda antes da reunião de serviço, para se ter a idéia já formada no momento que estiver sendo discutida? Não é bom ser objetivo e rápido nas conclusões?
Falar pouco, mas objetivo, às vezes indo até a exaustão, são dinâmicas para uma reunião de serviço onde se trabalha a consciência coletiva, informando-a com detalhes e linhas mestres dos tópicos para análises. Assim, o voto será consciente.

É quem coordena que estimula a participação dos demais. É ele quem esclarece as dúvidas. Talvez ele até fale demais. Mas é porque é ele quem deve direcionar o assunto. Não é ele quem conduz a consciência do grupo .
 Tem assuntos que precisam de uma reflexão mais demorada. BEM mais estudada.  Mas outros, pelas próprias colocações da coordenação e em seguida uma “amostra” colhida entre alguns participantes, já podem ser levados em votação.
 Nesta dinâmica, tem-se a oportunidade de se verificar o amadurecimento consciente do grupo. Por outro lado, também, o desconhecimento e o desinteresse da minoria.
 Tanto maioria quanto minoria, duas correntes que atuam nas reuniões de serviços têm que reconhecer suas importâncias nestas reuniões.  Uns, procurando estimular o conhecimento mais profundo da prática do Terceiro Legado – Serviço em AA – que não se restringe apenas ao seu grupo, quando nos encargos.  Outros, admitindo suas limitações. Sendo este o momento de humildemente se ver que tudo que ambos procuram, nada mais  é do que melhorar a forma de praticar o 12º Passo, dentro do seu próprio grupo e na sua comunidade.
Nisso tudo, o importante é que para nós, as feridas causadas pelo alcoolismo devam ser cicatrizadas. E que jamais, outras sejam abertas em sobriedade, no programa de recuperação que nos é oferecido.
 No fundo, o que nos compete, é ver no membro de AA, aquele ser humano que quer e quis parar de beber. Ver no membro de AA aquele que ama o grupo e os companheiros e ainda, aqueles que um dia ainda virão. Ver no membro de AA a esperança de que a mensagem de Bill e do Dr. Bob jamais será por ele, o membro,  esquecida. Porque ele continuará a transmiti-la. Ver no membro de AA a fé, a esperança e o amor. Ver no membro de AA, a sua capacidade e o seu devotamento à irmandade, sua garra, sua disposição, sua conscientização no programa e seu novo sistema de vida dentro do grupo.
O nosso Deus amantíssimo, a nossa autoridade, a nossa consciência de grupo surgem quando, em nosso propósito primordial, não nos apegamos aos fatos alheios ao Programa de recuperação de cada um.
 Que importa, se o companheiro é originário do mundo do crime, se praticou roubos, sedução, vadiagem, homossexualismo, tóxico ou se deu o seu nome trocado? Nada importa. “O único requisito para se tornar membro é o desejo de parar de beber” e, posterior a este desejo é dito: em AA ninguém vigia ninguém, mostrando assim a opção até para “o voltar a beber”.
 É bem verdade, a vida particular pode e deve ser reformulada. Mas, jamais julgada. Salvo pela própria pessoa. Que me adianta saber se a transação imobiliária que alguém fez foi desonesta? Ou saber se o elemento continua gostando do sexo com a pessoa do seu próprio sexo, ou mantendo o relacionamento familiar em desacordo. A vida de cada um a cada um pertence. O programa do meu companheiro é dele. O do Grupo é meu na medida que procure e saia dali fortalecido. Reforçado. Conscientizado da minha impotência ao 1º Gole. Com a mente aberta e despojada de ódio, orgulho, rancor e incompreensão.
 A manifestação da consciência coletiva de um grupo, implica em conhecimentos. Senão, iremos sempre encontrar membros ou servidores que insistirão em querer que prevaleça dentro do grupo, a sua opinião, a sua condição sócio-econômica, intimidando inclusive aos demais. Em alguns casos, a “personalidade forte” de alguns membros também contribui para a subserviência de um grupo.
 Muito ainda há que ser dito sobre a Segunda Tradição.
 Atenciosamente, com votos de felizes 24 horas.

CAMPOS S

Reflexões diárias: 24/05

24 DE MAIO

“FELIZ, ALEGRE E LIVRE”

Estamos certos de que Deus nos quer felizes, alegres e livres. Não devemos compartilhar a crença de que esta vida é um vale de lágrimas, embora em certa época tenha sido justamente isto para muitos de nós. Porém, é claro que nós mesmos criticamos a nossa própria degradação; não foi Deus. Evitemos então a criação deliberada de uma desgraça. Mas, se vierem problemas vamos aproveitá-los alegremente, como uma oportunidade de demonstrar Sua onipotência.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 148 ou p. 161

       Por anos acreditei num Deus punidor e o culpava por minha desolação. Aprendi que devo entregar as “armas” do ego a fim de agarrar as “ferramentas” do programa de A.A. Não luto com o programa porque ele é um presente e eu nunca briguei quando recebia um presente. Se algumas vezes continuo lutando, é porque estou ainda preso às minhas velhas ideias e “... os resultados são nulos.”

segunda-feira, 23 de maio de 2011

1º Tradição de AA

1 Tradição
“ o nosso bem estar comum devera estar em primeiro lugar; a recuperação pessoal depende da unidade de AA”
A qualidade mais preciosa que a sociedade de Alcoólicos Anónimos tem é a unidade. As nossas vidas e as daqueles que estão para vir dependem directamente dela. Ou permanecemos unidos ou AA morre. Sem unidade, o coração de AA deixaria de bater, as nossas artérias mundiais deixariam de levar a graça vivificante de Deus e a sua dadiva desperdiçar-se-ia.
Fechados outra vez nas masmorras, os alcoólicos acusar-nos-iam, dizendo :que coisa extraordinária poderia ter sido AA!”
“ Que significa isto?” perguntam alguns com ansiedade.
“Então, em AA o individuo não conta? Será que tem que ser dominado e absorvido pelo seu grupo?”
Podemos responder a esta pergunta com um veemente “NÃO”!. Acreditamos que não existe no mundo outra irmandade que cuide de cada um dos seus membros com tanto carinho; certamente que não há nenhuma que guarde mais ciosamente o direito de cada individuo pensar, falar e agir livremente. Nenhum AA pode obrigar outro a fazer o que quer que seja;
Ninguém pode ser punido ou expulso. Os nossos doze passos são apenas sugestões para a nossa recuperação; as doze tradições, que garantem a unidade do AA, não contem uma única proibição. Dizem repetidamente “Nós devemos…” mas nunca “Tu tens de …!”
Para muitas pessoas, toda esta liberdade individual é sinonimo de pura anarquia. Qualquer recém-chegado, qualquer amigo que olhe para AA pela primeira vez, fica muito perplexo. Vêem uma liberdade que parece quase permissividade. No entanto reconhecem de imediato, uma força irresistível de propósito e acção em AA “Como é possível”, perguntam, “que este grupo de anarquistas funcione? Como é possível que coloquem em primeiro lugar o seu bem estar comum? O que será que os mantêm unidos”?
Aqueles que observam AA mais de perto encontram rapidamente a chave deste estranho paradoxo. O membro de AA precisa de adoptar os princípios da recuperação. A sua vida depende, de facto da obediência e princípios espirituais. Se ele se desvia muito, o castigo é certo e rápido: adoece e morre. Inicialmente, submete-se porque precisa, mas depois descobre um modo de vida que quer verdadeiramente seguir. Para alem disto, descobre que não pode manter esta dadiva preciosa, se não a der aos outros. Ninguém em AA consegue sobreviver se não transmitir a mensagem. No momento em que se forma um grupo, através do trabalho do decimo segundo passo, faz-se outra descoberta – a de que a maioria dos indivíduos não se recupera a não ser que haja um grupo. Compreende- se que o clamor dos desejos e ambições pessoais deve ser silenciado, sempre que prejudiquem o grupo. Torna-se claro que o grupo tem de sobreviver para que o individuo não morra.
Assim á partida, a questão principal é como viver e trabalhar em conjunto enquanto grupos. No mundo que nos rodeia temos lideres destruírem povos inteiros. A luta pela riqueza, poder e prestigio tem estado a dilacerar a humanidade como nunca. Se personalidades fortes tem ficado num impasse ao procurar a paz e a harmonia, o que é que poderia acontecer ao nosso errático bando de alcoólicos? Com o mesmo ardor com que tínhamos lutado e rezado pela recuperação individual, começamos a procurar os princípios pelos quais AA, como tal, pudesse sobreviver. A estrutura da nossa sociedade foi forjada através da experiência.
Vezes sem conta, em inúmeras cidades e aldeias, revivemos a historia de Eddie rickenbacker e dos seus bravos companheiros, quando o seu avião se despenhou no pacifico. Com nós, viram-se subitamente salvos da morte, mas ainda flutuando num mar perigoso. Perceberam muito bem que o seu bem estar comum estava em primeiro lugar. Nenhum podia ser egoísta em relação a agua e ao pão. Cada um tinha de pensar nos outros, pois sabiam que só podiam encontrar a sua verdadeira força ancorados numa mesma fé. E assim fizeram, de forma a ultrapassar todas as imperfeições da sua frágil embarcação, todas as provas de incerteza, de dor, de medo e de desespero, e ate a morte de um deles.
Assim tem sido, também, com AA . pela fé e pelas obras, conseguimos basear-nos em lições de experiência inacreditável. Essas lições vivem nas doze tradições de alcoólicos anónimos que – se Deus quiser – nos manterão unidos enquanto ele precisar de nós.