segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

A história do uso das fichas no A.A. Brasileiro

A história do uso das fichas no A.A. Brasileiro

Pelo menos até o início da década de 50, quando não havia sido publicado Os 12 passos, que só ocorreria em 1953, os A. As. dos Estados Unidos adotavam, como programas de abstinência, os slogans; "Se tem que tomar um trago, não o tome" (revista Seleções, dez/47), e "Só por hoje" (revista) Seleções, fev. /54. Não se falava em "evitar o primeiro gole" ou em "programa de 24 horas", sugestões que me parecem, levam muito do reconhecido " jeitinho brasileiro”.

Não havia ainda, também, uma estrutura de apoio suficientemente organizada, pois o primeiro escritório de serviços situado em Versy Street, Nova York, havia nascido em 1940 muito mais como suporte à Editora que havia sido criada para o lançamento do Livro Azul, que não dispunha de recursos humanos suficiente para atender, particularmente, os poucos membros em vacilação, os quais, por outro lado, contavam com poucos grupos e poucas reuniões em Nova York.

Certamente preocupados com esses aspectos imaginaram um sistema que mantivesse viva na lembrança dos que se recuperavam e nasceu um programa intitulado "Psicologia do níquel do telefone", que consistia em estimular os companheiros a conduzirem no bolso, número de telefone de outro, junto com um níquel para, nos momentos de vacilação, antes de voltarem a beber, usarem. Deu certo. Foi substancial e muito animador o índice de recuperações.
Essa campanha, através do boletim mundial, chegou ao conhecimento de um A.A. brasileiro ainda engatinhando, apalpando no escuro, que tudo fazia na base do "deve ser assim" porque o nosso saudoso fundador Herbert L. D., quando para aqui veio, também quase nenhuma experiência institucional possuía e, pois embora com muita disposição e boa vontade, pouco podia ilustrar.

Mas surgiu logo um grave problema. Como adotar aqui essa campanha, com o fechadíssimo conceito de anonimato de então, quando os poucos membros nem mesmo davam os seus nomes? Como usar um "níquel do telefone" objeto, então muito raro, tanto particular como publicamente? Era, na época, privilégio de muito poucos a posse de um aparelho telefônico e Escritório de Serviço, nem pensar!. . .
Foi quando alguém lembrou que recentemente, o Governo Federal havia fechado todos os cassinos e, portanto, nas lojas de material especializado deveria estar encalhado tudo que usavam, inclusive fichas das mais variadas cores.
Era a solução. Nasceu assim, com o clássico "jeitinho brasileiro " um sucedâneo para o "níquel do telefone ".

E essas fichas, nestes anos de A.A. no Brasil ( 983), estão nos bolsos de milhares de companheiros, lembrando-lhes a última reunião que estiveram presentes, os depoimentos que calaram fundo, os novos fatos na vida de cada um, o progresso, tanto material como espiritual, conquistado.
Representam as fichas, de certa forma, uma "tradição" do A.A. brasileiro que, ultimamente registra com alegria sua adoção por AAs, dos outros Países, incluindo os companheiros dos EUA.

A seqüência de cores parece ter sido aleatória, com base nos estoques encontrados nas lojas, e são: 1° amarela, para o ingresso; 2º Azul, trocada pela amarela aos 3 meses; 3º rosa, aos 6 meses; 4º vermelha, aos 9 meses; 5º verde, com 1 ano; 6º verde-gravata, que não é trocada, aos 2 anos; 7º branca-gravata; aos 5 anos, 8º amarela-gravata, aos 10 anos; 9º azul-gravata, aos 15 anos; 10º rosa-gravata, trocada aos 20 anos; 11º vermelha-gravata, aos 25 anos e, atualmente, a última; 12º verde-gravata, clara de um lado e, verde clara circulada por losangos com todas as cores das fichas anteriores, aos 30 anos.
A "troca", até a ficha de 2 anos era feita pela vontade, o desejo do companheiro de que a ficha que estava devolvendo, que tanto lhe trouxe, que tanto de seu calor humano continha, fosse levar, ao novo portador, tudo aquilo que conquistara. Havia muito sentimento de fraternidade, nessas solenidades.

Por outro lado, no caso de uma infortunada recaída, devia o companheiro sigilosamente, com o seu padrinho ou algum companheiro de sua absoluta confiança quebrar essa sua ficha evitando o prosseguimento de seu círculo de imagem negativa.
Essa é a história das fichas no Brasil. Não tem qualquer procedência outras histórias, especialmente a que diz que elas lembram as chapinhas guardadas por Bill e Bob, da última cerveja que tomaram primeiro porque eles nunca beberam juntos, segundo porque, se um alcoólico ativo não guarda coisas importantes não seria uma simples chapinha que ia guardar.

Fonte: Este artigo foi extraído do livro "Alcoolismo-Queda e Recuperação", de Luiz M., membro de A. A. no Rio de Janeiro, já falecido. Foi o companheiro que mais se preocupou em preservar a história do A.A. brasileiro. Ingressado em 1953 viveu os tempos pioneiros.

Retirado de:
http://www.entresembater.netvyrtua.com/biblioteca/view.asp?id=102

29 comentários:

  1. Fiquei impressionado com a história das fichas. Eu não conhecia esses fatos tão importantes; estes vão me servir para "melhor transmitir a mensagem"
    J. M. Figueira - Campina Grande-Pb

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  2. Fiquei grandiosamente perplexo com a história das fichas, vou transmitir agora com mais segurança, a mensagem de AA.

    U. G. L - Rochedo de Minas-MG

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  3. Também me impressionou o "jeitinho brasileiro" de tudo melhorar,como a criação das "fichas". Elas somente e já é o suficiente criaram o verdadeiro sentimento: a troca de fichas. Ingressei em 1978 e estou cada dia mais convicto de que o alcoolismo é uma doença que pode ser tratada, não curada.Levarei ao nosso Grupo essa extraordinária e verdadeira história.

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  4. Como se fala "jeitinho brasileiro", não sou contra o recebimento de fichas, já não recebo faz 8 anos. Me faz lembrar meu tempo de ativa, meu ego ficava muito inflado, queria todos na minha troca de fichas e quando não viam eu ficava com raiva "raiva" isso é um veneno para o alcoólico. Bom, hoje em dia o dinheiro que gastava com bolo, salgados e refrigerantes eu coloco na 7ª Tradição do grupo e contribuo com o ESL.

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    1. Parabéns companheiro!!!👏🏾👏🏾👏🏾

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  5. Como se fala "jeitinho brasileiro", não sou contra o recebimento de fichas, já não recebo faz 8 anos. Me faz lembrar meu tempo de ativa, meu ego ficava muito inflado, queria todos na minha troca de fichas e quando não viam eu ficava com raiva "raiva" isso é um veneno para o alcoólico. Bom, hoje em dia o dinheiro que gastava com bolo, salgados e refrigerantes eu coloco na 7ª Tradição do grupo e contribuo com o ESL.

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  6. Uma história muito bacana para se passar para frente em nossas próximas trocas de experiências. Hoje mesmo comentava com um afilhado que completou Seus 9meses da ficha vermelha que era pra ele se cuidar que podia ser uma ficha de atenção e por ser começo de caminhada sempre é bom tomar cuidado e claro eu particularmente almegei muito uma nova ficha, tinha pra mim como uma conquista. As fichas para mim representam uma simbologia muito bacana senão fantástica. Reingressei em 10/03/16. Sph24h Willis R. R.

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  7. Lembrando que a Terceira Tradição diz "Para se membro de A.A. o único requisito é o desejo de para de beber". Lendo a Terceira Tradição, ela fala que não existe nenhum cerimonial de ingresso, ou seja, não tem fichas. Outra, faltou mencionar que quando o casino da Urca foi fechado, um companheiro arrematou as fichas para vender aos membros de A.A., do Rio de Janeiro, tornado-se assim um "COSTUME" no Brasil que até hoje ainda continua.

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  8. Hoje tenho concentra de que para ser membro de Aa é desejo de abandonar as bebidas alcoólicas. Mas as fichas me estimula muito a continuar.

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  9. O AA posso dizer foi a salvação de minha vida. Onde eu renasci já a 30 anos mas sempre de 24 em 24 horas.

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  10. Realmente uma idéia excelente essa de usar fichas usadas em cassino fechado por lei na época....quem dera serviu de certo forma até hoje como um dos principais objetivo a permanência.....um dia de cada vez!!!!!!

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  11. Já ouvi outra história a respeito de fichas
    Que o padrinho dava uma ficha telefônica para o afilhado pra quando tivesse vontade de beber liga se primeiro
    Mas não importa o origem
    O impórtante é que funcionou para mim é está funcionando a quase 30 anos

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    1. Essa é a verdadeira finalidade da ficha. Nos Us a única moeda que cabia no telefone público era de cinco centes de dólar.

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  12. muito interessante está história das fichas, é bom pra gente levar pros grupos. por que a maioria não estão sabendo como funcionou..

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  13. Interessante quando foi criada as fichas não se pensava que algum companheiro superasse os 30 anos de sobriedade

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  14. No grupo que faço minha recuperação a ficha e entregue como lembrança de sua primera vez. Seguimos a 3 tradição e as outras de 3 meses endiante recebe por merito de seu esforço

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  15. Olá !
    Com relação as fichas, eu ingressei em AA em 1979, Grupo Belém SP.
    As fichas que era entregue, era de um tamanho de um melhoral , aquele comprimido a de ingresso era branca.
    Essas fichas que são vendidas pelo ESG, só apareceu em meados de 1986,87,para que fossem padronizadas e o ESG tivesse recursos financeiro , a história inicial que acontece no RJ é correta.
    Tem um número da revista vivência que conta essa história. José Luiz, servi a Irmandade durante 6 anos no CLAAB

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  16. Boa noite poderia me informa aonde voçês compra a ficha amarela e as outras e preço teste ja obrigado

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    1. Meu no.24.981160545 24.993104030 grupo gbm barra mansa rj

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  17. FERREIRA-eu somente pelas graças de DEUS.e....ALCOÓLICOS ANÔNIMOS..estou vivo desde q cheguei conheci--A..A....aceitei por completo o processo e o programa..A..A.....hoje em plena recuperação vivendo um dia de cada vez...sph....tmj.....não tenho palavras pra agradecer a DEUS..e..ALCOÓLICOS..ANÔNIMOS...muito obrigado é pouco então minha eterna GRATIDÃO.......obrigado meu.DEUS....obrigado...ALCOÓLICOS ANÔNIMOS...obrigado a cada companheiro e cada compamheira q sempre m ajudou e m ajuda...m...GRATIDÃO.....sph...tmj....abraço.......sempre em tudo...buscei--a--DEUS...primeiro eu sou um milagre sou um instrumento de DEUS..levando e transmitindo nossas mensagens a q desejar com carinho...sph...tmj.....abraço estou vivendo e aprendendo.com.........ALCOÓLICOS ANÔNIMOS.....muito feliz...paz a todos-as...........

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  18. Parabéns, só por hoje não bebi nada

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  19. Eu sou o Lino um alcoólico em recuperação dia três de fevereiro de 2024 eu completo vinte e cinco anos de sobriedade, até então nao conhecia a história das fixas achei imprecionante mais 24 horas de serena sobriedade á todos, muita sabedoria

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  20. Eu fasso minha reclamação no grupo liberdade de Balneário Camboriú Sc.

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  21. Eu entendo o programa como espiritual, ou seja, o que demonstra minha "recuperação", ou ausência dela, são minhas atitudes. Objetivo do programa, eu acredito, é a busca do crescimento espiritual e não colecionar fichas. Infelizmente, o uso delas é mais incentivado do que a prática dos doze passos.

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