sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Palavras que modificaram minha VIDA

Palavras que modificaram minha VIDA

Pronunciá-las pausadamente, foi o começo da modificação.

Curioso é que, nas primeiras vezes, a Oração da Serenidade tinha um sentido formal, limitado, mas com o passar dos tempos houve uma mudança de significado, tornando-se pleno e profundo.

Claro que a oração continua com as mesmas palavras. Quem mudou fui eu...

De início, recitava-a depressa e superficialmente, porém, certa noite, participando de uma reunião de meu grupo base, ouvi o
coordenador convidar os presentes a pronunciá-la pausadamente.

Foi o começo da modificação.

Rogando com calma, notei que os vocábulos-chave - Serenidade, Aceitar, Modificar, Coragem e Sabedoria estavam adquirindo novas dimensões.

Senti que precisava experimentá-los.

O que tais termos exprimem, denotam e podem transmitir?

Pois bem, uma das palavras-chave da Oração é Serenidade. E quão longe estive a maior parte de minha existência da calma e da paz de espírito!
Com efeito, desde criança fui submetido a horários rígidos de estudo, sendo que na juventude fui esmagado por dupla carga horária, pois era estudo e trabalho. Não posso negar que, através de concursos públicos, conquistei cargos e posições de relevo, mas às custas de um sofrido desequilíbrio emocional. Lógico que não sou contra o estudo e o trabalho, mas devem ser encarados com ponderação, sem exageros.
Cheguei a ponto de respirar, comer, comunicar-me em síntese. Todas as minhas atividades eram permeadas pelo açodamento, pela aflição. Felizmente encontrei A.A. e sua programação. Após alguns meses de prática que, para mim, não foi sempre fácil, ganhei um desconhecido e reconfortante sentimento: Serenidade.
Foi o despertar espiritual, viver nos mínimos detalhes na presença de Deus. Hoje, não me sinto só nem desamparado.
Um verbo difícil de conjugar, principalmente compreendê-lo e exercitá-lo, é o verbo Aceitar.
Envolvido por espessa crosta de auto-suficiência (orgulho), entendia que aceitar significava sucumbir ou desistir. Comportamento de fracos... Demorei um pouco para atinar que aceitação significa oferecer tudo: minha vida, vontade, esperanças, tristezas, alegrias - a Deus. Que fardo tirei de meus ombros!
Outro verbo digno de reflexão é Modificar, aliás, tão importante que, por duas vezes, é citado nas poucas linhas da Oração
da Serenidade.

"Na opinião de Bill" lê-se: "Sabe que nenhum alcoólico verdadeiro pára completamente de beber sem sofrer uma profunda
mudança de personalidade".

Conscientizado da necessidade de mudança, estou diariamente, com ajuda de Deus e A.A., trilhando o caminho da sobriedade.

Mas para modificar é preciso Coragem.

Quanta confusão fiz com essa virtude. Entretanto graças aos inventários-relâmpagos e meditação-prática, concluí que posso ser corajoso ainda que não me sinta corajoso.

A coragem não elimina o medo, ela o enfrenta.

Eu sinto medo de ter uma recaída, mas com ajuda de meus companheiros, supero esse medo.

Sei que não estou sozinho nessa luta quando a insegurança e a indecisão começam a me machucar. Tenho o antídoto: exponho meus receios ao meu padrinho e desabafo nas reuniões de A.A.

Santos remédios!

Interessante, a verdadeira coragem, aprendida com reflexões, reuniões e muito empenho, está transformando o maior problema de minha vida - o alcoolismo -, me possibilitando o crescimento pessoal.

Por derradeiro, vale enaltecer a Sabedoria. Neste particular, cometi vários equívocos. É que não há de se equiparar sabedoria com instrução, com acúmulo de informações. Quantos "doutores" já não morreram por ingestão alcoólica e quantos analfabetos sobreviveram felizes o drama do etilismo? Aqueles não tinham Sabedoria, enquanto estes sentiram e viveram o salvador entendimento divino.

Chega de complicar meu dia-a-dia com luxo, ostentação, imposições. Graças à Oração da Serenidade, antes de tudo, estou começando a pensar sobriamente.

Agradeço pela oportunidade de abrir minhas experiências, meus sentimentos. Que alívio!

"Concedei-me, Senhor,..." Agora tenho bem presente que , sem Ele, estaria na sarjeta. Senhor, sei pedir com fé, mas também sei agradecer...

(Luiz)

(Vivência - Março/Abril 2003)

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