sábado, 24 de dezembro de 2011

Meu primeiro Natal sóbrio

MEU PRIMEIRO NATAL SÓBRIO

"É como se fosse a primeira namorada, a gente nunca se esquece.

Gente, parece que foi ontem!
Já se passaram algumas vinte e quatro horas, mas é como se fosse a primeira namorada, a gente nunca esquece, tamanha a felicidade da minha esposa, minha mãe e das crianças, hoje já adultos.
Há muitos anos que eu não passava as festas de fim de ano sóbrio.
Sempre meio fogueteado, embaçado e chato. Sempre 50% macaco, 25% porco e 25% leão.
Houve um Natal que nem consegui cear com a família, pois, como o Titanic, fui a pique de vez. Meu sogro tentou me acordar, as crianças tentaram e viram aquele estado lamentável que é típico dos "manguaceiros"; não houve jeito. O bonitão aqui foi acordar lá pelas tantas e numa ressaca que dava gosto. O mais engraçado de tudo é que conheci esta Irmandade num mês de janeiro, logo após ter aprontado bastante naquelas famosas festinhas de "despedidas do ano", em um bocado de lugares. Depois de muitos exageros, a minha saúde foi declinando vertiginosamente.
Pelo menos ainda restou um pouco de discernimento e aceitei o convite da minha esposa para conhecer Alcoólicos Anônimos. Ela precisou me ameaçar com separação e, de certa forma, fazer chantagem emocional em função dos filhos para que eu me decidisse.
E lá fui eu assistir uma reunião para satisfazer a mulher. Fui recepcionado pelos presentes e ainda me falaram que eu era a pessoa mais importante! Mas eu vivia embriagado! Mais tarde vim saber a razão. Aceitei o ingresso e fiquei abstêmio como me recomendaram.
Ia diariamente às reuniões e minha esposa me acompanhava. Visitei quase todos os Grupos da região, sempre ouvindo os depoimentos e absorvendo bastante, até o ponto que comecei a ficar gostando daquela nova vida que estava despontando na minha frente. Porém, tive um deslize, recaí e foi a partir daquele triste momento que entendi o programa de recuperação de A.A. Voltei ao Grupo totalmente modificado e ressentido comigo mesmo, mas para ficar. Foi uma grande lição, a qual sempre passo aos demais companheiros: para nunca subestimarem o álcool, pois ele é "fera".
Passei um bom período sem participar de festas onde serviam bebidas alcoólicas e evitava entrar em bares.
Hoje, graças a um Poder Superior, bem alicerçado na Irmandade, vou a qualquer lugar que tenha ou não bebidas alcoólicas, pois para mim é a mesma coisa. À medida que vai chegando o Carnaval, Festas Juninas e as famosas festas de Fim de Ano procuro freqüentar as reuniões de literatura cujos temas são "As Armadilhas" , "A impotência perante o primeiro Gole", "Evitar os velhos hábitos", "Só por hoje" e outros assuntos sugestivos.
Só o fato de ver espelhada a felicidade no semblante dos meus familiares quando a família está reunida e todos sóbrios, principalmente eu, vale a pena estar sempre de acordo com as sugestões de A. A.

JA/Santos/SP
Vivência n° 98 – Novembro/Dezembro 2005

Um comentário:

  1. Lindo esse depoimento vou levá-lo para a sala de A.A. que frequento com certeza meus companheiros e companheiras vou gostar o quanto eu gostei.

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