quinta-feira, 30 de junho de 2011

Devagar com o Andor - por Bill W.

Devagar com o Andor - por Bill W. 

Alcoólicos Anônimos não é uma religião, nem um tratamento médico, tampouco pretende alguma perícia quanto às motivações inconscientes do comportamento humano. Essas são realidades que freqüentemente esquecemos. Aqui e acolá, ouvimos membros proclamarem que A.A. é uma nova e grande religião. Além disso, temos a tendência de menosprezar o suporte da medicina. O fato da psiquiatria não ter conseguido, ainda, levar à sobriedade muitos alcoólatras, nos inclina a falar dessa profissão com palavras nada agradáveis. Uma vez mais, esquecemos que devemos a nossa própria existência à religião e às artes médicas. Na formação de seus princípios e posturas fundamentais, A.A. se apropriou muito desses recursos. Eram nossos amigos, sobretudo, os que nos facilitavam os princípios e posturas que hoje nos permitem viver e progredir. Por isso, todos devemos reconhecer o grande mérito desses amigos. Conquanto seja verdade que nós, os bêbados, criamos Alcoólicos Anônimos, outras pessoas nos proporcionaram todos os ingredientes básicos. Nesse caso, em especial, nossa máxima deve ser:"Sejamos amistosos com os nossos amigos".
A história da raça humana nos ensina que quase todos os grupos de homens e mulheres tendem, com o tempo, a ser dogmáticos; suas crenças e costumes vão se cristalizando e, às vezes, acabam se tornando rígidos. Essa é uma evolução natural e praticamente inevitável. Todo mundo, é claro, deve obedecer a voz de suas convicções. E nós, AAs, não constituímos uma exceção. Ademais, todos devem ter o direito de expressar suas convicções. Este é um bom princípio e um dogma salutar. Porém, o dogma também tem suas desvantagens. Pelo fato de termos algumas convicções que nos dão bons resultados, acreditamos que temos toda a verdade. Se permitirmos que se manifeste esse tipo de arrogância, forçosamente acabamos procurando nos impor, exigindo que as pessoas estejam de acordo conosco. Atribuímos nossas convicções a Deus e isso não é um dogma salutar. É um dogma insano. Ao incorrermos nesse erro, o efeito em nós pode ser devastador.

Temos, a cada ano, dezenas de milhares de recém-chegados. Representam quase todas as crenças e posturas que possamos imaginar. Temos ateus e agnósticos. Temos gente de quase todas as raças, culturas e religiões. Pressupõe-se que em A.A. estamos vinculados por uma afinidade derivada do nosso sofrimento comum. Portanto, devemos considerar de suma importância a liberdade incondicional da adesão a qualquer crença, teoria ou terapia. Por conseguinte, nunca devemos tentar impor a ninguém nossas opiniões pessoais ou coletivas. Devemos ter, uns pelos outros, o respeito e o amor que cada um ser humano merece à medida que se esforça para aproximar-se da luz. Tentemos sempre ser inclusivos e não exclusivos. Tenhamos sempre presente que todos os nossos companheiros alcoólicos são membros de A.A enquanto assim o disserem.

Alguns dos perigos mais notórios que nos ameaçam sempre terão a ver com o dinheiro, com as controvérsias internas e com a tentação perene de buscar descabeladamente, tanto no mundo exterior quanto dentro de nossa Comunidade, as honras, o prestígio e o poder. Hoje vemos o mundo desgarrado por forças insubmissas. Como bebedores, temos sido mais suscetíveis do que as demais pessoas a essas formas de destruição. Por essa experiência, graças a Deus, temos - e espero que prossigamos tendo - uma clara e profunda conscientização de nossa responsabilidade de melhorar.

Entretanto, não devemos deixar que o temor que sentimos diante dessas forças nos engane, de maneira que fiquemos inventando justificações absurdas. O medo de acumular riqueza ou de montar uma torpe burocracia, não deve servir de pretexto para não cobrir nossos legítimos pasto de serviço. O temor à controvérsia não deve causar que, quando surgir a necessidade de um debate aquentado e uma ação resoluta, nossos líderes se comportem com timidez. Tampouco deve o temor pelo acúmulo de prestígio e poder impedir-nos de conceder a nossos fieis servidores a autoridade apropriada para atuar por nós.

Não temamos jamais as mudanças necessárias. Naturalmente, teremos que saber distinguir entre as mudanças que conduzem à melhoria e as mudanças que nos levam de mal a pior. Quando se faz bem evidente a necessidade de mudar, pessoalmente, no grupo ou em A.A. como um todo, já faz tempo que nos demos conta de que não podemos permanecer quietos e fazer vista grossa. A essência de todo progresso é a boa disposição para fazer as mudanças que conduzem ao melhor e, em seguida, a resolução de aceitar quaisquer responsabilidades que advenham dessas mudanças.

Para concluir, vale comentar que, na maioria dos aspectos de nossa vida, nós, AAs, temos podido fazer progressos substanciais quanto à nossa vontade e à nossa capacidade para aceitar, e cumprir, as nossas responsabilidades (...).

Ao dar uma olhada no futuro, vemos claramente que uma boa vontade cada vez mais profunda será a chave do progresso que Deus espera que façamos na medida em que caminhemos até o destino que Ele nos tem reservado.

(Artigo escrito por Bill W. para a Grapevine de julho de 1965)

Reflexões diárias de A.A.: 30/06

30 DE JUNHO

SACRIFÍCIO = UNIDADE = SOBREVIVÊNCIA

A unidade, a eficiência e mesmo a sobrevivência de A.A. sempre dependerão de nossa contínua boa-vontade para renunciar a nossos desejos e ambições pessoais, pela segurança e o bem-estar comum. Do mesmo modo que o sacrifício significa sobrevivência para o indivíduo, também significa unidade e sobrevivência para o Grupo e para a irmandade de A.A. como um todo.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 220

   Aprendi que devo sacrificar algumas de minhas características pessoais para o bem de A.A. e, como resultado, tenho sido recompensado com muitas dádivas. O falso orgulho pode ser inflado pelo prestígio, mas vivendo a Sexta Tradição, recebo a dádiva da humildade. Cooperação sem afiliação muitas vezes é enganadora. Se não me envolvo com outros interesses, estou livre para manter A.A. autônomo. Então a Irmandade estará aqui, saudável e forte para as gerações que virão.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Último porre

Último porre
Da ilusão da potência num boteco à visão da impotência num hospital, veio o Primeiro Passo de mais um membro de A.A.

Era sábado. Sei disso porque era dia de feira na pracinha do bairro. Amanhecera chuviscoso e tinha tudo para ser um dia "Colonial" - como nós, biritas, chamávamos um dia bom para encher a cara. Tudo ia dando certo, levantei-me com o dia ainda escuro, peguei a cesta da feira e saí.

Só tinha uns probleminhas: o dinheiro como sempre fraco, a tremedeira de 'salgar toicim' e aquele azedume por dentro e por fora, sem falar na piada da mulher, que enchia o saco, dizendo: "Vamos ver se dessa vez tu ficas por lá, seu irresponsável!" E quase que eu fico mesmo...

Quando cheguei ao bar pensando ser o primeiro a 'bater o centro', já encontrei dois de cara cheia, que tinham virado a noite por aí, no pé do balcão, e escutei a velha saudação: "Como é que é, cara? Vai ficar aí olhando pro tempo, esperando por quem não ficou de vir? Toma 'umazinha' aí!" E 'pau no burro'! Eu, para não perder a parada, dizia (mentindo): "Que é isso, meu filho, eu vim lá de baixo e essa já é bem a terceira!" E com chave-de-ferro segurava na mão pra me garantir. Engolia tudo de uma vez sem fazer careta e rezando para a pinga não voltar. Apertei tanto a boca que saiu água pelos olhos. Senti a bicha passar queimando, o suor frio descer na
espinha. O sinal de que 'ela' tinha chegado no estômago foi a quentura nas orelhas.

Quando eu já ia saindo, o cão chega, era Suvela trazendo um prato de  panelada e foi logo puxando a corda: "Vai abrindo?" Eu disse: "Nunca!". E com o resto do dinheiro pedi logo uma 'meiota' em comemoração ao tira-gosto. E que saideira foi essa que, quando dei por mim, já estava melado e sentindo uma tontura diferente. A vista escureceu e daí só acordei no Setor de
Emergência do Hospital Walter Cantídio, vestido num camisolão e todo furado de agulha de injeção nos braços, com uma secura horrível que dava uma vontade de beber água e urinar ao mesmo tempo.

Foi quando ouvi uma conversa baixa, talvez para não incomodar (os doentes): uma enfermeira falando para o médico plantonista, "Doutor, o velhinho aí passou mal, chegou aqui todo roxo e quase sem respirar, nós entramos com oxigênio e soro. Acho que dessa vez ele escapa". Ouvindo isso, mexi-me bem devagar e, cuidadosamente, olhei para um lado e para o outro. Não vi nenhum  velhinho ali, e fiquei apavorado quando o médico bateu de leve no meu ombro e disse: "Como é, meu VELHO, está melhor?" Meu Deus, o 'velhinho' era EU! Eu só tinha 44 anos e queria ser novo! Não queria acreditar, era demais aquilo, e deu­-me uma raiva tão grande que tive vontade de sair correndo do hospital, bancando o doido, entrar no primeiro bar que encontrasse e engolir um copo cheio de cachaça. Mas não sei não, acho que foi Deus quem me fez respirar e pensar. E disse a mim mesmo: "Estou derrotado, estou acabado..." Veio uma vontade de chorar e ali mesmo virei o rosto e abri o eco, e a crise de choro quase não parava mais. Isso foi bom.

À tardinha fui trazido de volta para casa, arrasado. Durante muitos dias fiquei trancado no quarto, a meditar sobre a minha vida. A tristeza foi saindo aos poucos, fortificava-me um desejo de mudar, mas faltava a coragem de decidir. Quando menos esperei, recebi a visita de um amigo, que me contou um pouco de sua história - que, por sinal, parecia demais com a minha - e em seguida convidou-me para assistir uma reunião. E que reunião foi essa!  Gostei tanto que ainda volto até hoje! Só sei que, de lá para cá, não bebi  mais, porque sou um Alcoólico Anônimo. Graças a Deus.

(Gadelha, CE)

VIVÊNCIA N.° 53 - MAI / JUN. DE 1998.

Reflexões diárias de A.A.: 29/06

29 DE JUNHO

UM EFEITO DE ONDULAÇÃO

Tendo aprendido a viver de forma tão feliz, mostraríamos ao resto do mundo como fazê-lo... Sim, nós de A.A. idealizamos tais sonhos. Nada mais natural, pois a maioria dos alcoólicos não passa de idealistas falidos... Por que então não compartilhar o nosso modo de vida com o resto do mundo?

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 140

         A grande descoberta da sobriedade levou-me a sentir a necessidade de espalhar as “boas novas” para o mundo à minha volta. Os pensamentos grandiosos dos meus dias de bebida retornaram. Mais tarde, aprendi que a concentração em minha própria recuperação era um processo de plena dedicação. Quando tornei-me um cidadão sóbrio neste mundo, observei um efeito de ondulação que, sem qualquer esforço consciente de minha parte, alcançou outras “entidades relacionadas ou empresas alheias”, sem me desviar do propósito primordial de manter-me sóbrio e ajudar outros alcoólicos a atingir a sobriedade.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Como é que alguém pode se tornar membro de A.A.?


Como é que alguém pode se tornar membro de A.A.?

Ninguém se torna membro de AA no sentido vulgar da palavra. Não se preenchem quaisquer impressos de admissão. Na verdade, muitos Grupos nem sequer conservam um registo dos seus membros. Não se pagam taxas de admissão, quotas nem mensalidades de qualquer espécie.

Muitas pessoas tornam-se membros de AA pelo simples facto de assistirem às reuniőes de um determinado Grupo. Podem ter sabido de AA por variadíssimas formas: podem ter entrado em contacto com AA ao chegarem àquele ponto do seu percurso alcoólico em que desejaram parar de beber; podem ter telefonado para o número indicado na lista telefónica; podem ter escrito para a direcção postal do Escritório de Serviços Gerais.

Outros ainda podem ter sido levados a um Grupo de AA por um amigo, um familiar, um médico ou um conselheiro espiritual.

Um recém-chegado a AA já teve normalmente a oportunidade de falar com um ou mais membros antes de assistir à sua primeira reuniăo, o que lhe permitiu aprender alguma coisa sobre a forma como AA os tinha ajudado. O recém-chegado ouve falar sobre alcoolismo e AA, o que o ajuda a decidir se está ou não preparado honestamente para desistir do álcool. O único requisito para ser membro de AA é o desejo de parar de beber.

Em AA năo se fazem campanhas para aliciar membros. Se, após assistir a algumas reuniőes, o recém-chegado decide que AA não é para si, ninguém o irá pressionar para se manter na Comunidade. Poderão dar-se sugestőes para que ele ou ela mantenha o espírito aberto a este respeito, mas ninguém em AA  tentará forçá-lo a tomar uma decisăo. Só o próprio alcoólico poderá responder à pergunta: será que eu preciso de Alcoólicos Anónimos?

Reflexões diárias de A.A.: 28/06

28 DE JUNHO

A DETERMINAÇÃO DE NOSSOS FUNDADORES

Um ano e seis meses depois, estas três pessoas haviam alcançado êxito junto com mais sete.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 172 ou  p. 187

         Se não fosse a férrea determinação de nossos fundadores, A.A. teria desaparecido rapidamente, como tantas outras chamadas boas causas. Vejo as centenas de reuniões na cidade onde vivo e sei que A.A. está à disposição 24 horas por dia. Se eu tivesse de continuar com nada além da esperança e do desejo de não beber, experimentando rejeição por onde quer que fosse, teria procurado o caminho mais fácil e suave, e retornado ao meu antigo modo de viver.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

O que são as recaídas?


O que são as recaídas?
Às vezes um homem ou uma mulher que vem mantendo-se sóbrio graças a A.A. se embebeda. Uma reincidência desse tipo é conhecida comumente como uma "recaída".

Poderá acontecer durante as primeiras semanas ou meses de sobriedade ou depois de o alcoólico estar abstêmio por vários anos.

Quase todos os membros de A.A. que passaram por essa experiência dizem que as recaídas podem ser explicadas por causas específicas. Esqueceram, deliberadamente, terem admitido que eram alcoólicos, e adquiriram uma confiança exagerada a respeito de sua capacidade para controlar a bebida; ou se afastaram das reuniões de A.A. ou dos contatos informais com outros membros; ou, então, permitiram-se ficar preocupados demais com assuntos sociais ou de negócios, que os levou a esquecerem a importância de ficarem sóbrios; ou se deixaram cansar, perdendo assim suas defesas mentais e emocionais.

Em outras palavras, a maioria das "recaídas" não acontecem por acaso.

Reflexões diárias de A.A.: 27/06

27 DE JUNHO

ACEITANDO A MANEIRA DE A.A.

Seguimos os Passos e as Tradições de A.A. porque realmente os desejamos para nós. Não é mais uma questão de ser uma coisa boa ou ruim; aceitamos porque sinceramente desejamos aceitar. Esse é o processo de crescimento em unidade e serviço. Essa é a prova da graça e do amor de Deus entre nós.

A.A. ATINGE A MAIORIDADE, p. 96 ou p. 93

É divertido observar o meu crescimento em A.A. Eu lutei contra aceitar os princípios de A.A. desde o momento em que ingressei, mas aprendi pela dor de minha beligerância que, escolhendo viver pela maneira de vida de A.A., me abria para a graça e o amor de Deus. Então comecei a conhecer o significado completo de ser um membro de Alcoólicos Anônimos.

domingo, 26 de junho de 2011

Há muitas mulheres e gente jovem em A.A?


Há muitas mulheres e gente jovem em A.A?

Há muitas mulheres alcoólicas em A.A.?
O número de mulheres que estão encontrando ajuda em A.A. para seu problema com respeito à bebida aumenta diariamente. Aproximadamente um terço dos membros de A.A., atualmente, são mulheres; entre os recém-chegados, a proporção vem aumentando constantemente. Como os homens na Irmandade, elas representam todas as camadas sociais e experiências possíveis com a bebida.

A impressão geral parece ser de que a mulher alcoólica enfrenta problemas especiais. Pela tendência da sociedade de colocar as mulheres num pedestal mais alto do que o dos homens, algumas mulheres poderão sentir que se atribui um estigma maior ao abuso do álcool da parte delas.

A.A. não faz distinção desse tipo. Seja qual for sua idade, posição social, condição financeira ou grau de instrução, a mulher alcoólica, tanto como o homem, poderá encontrar compreensão e ajuda em A.A. dentro do ambiente do Grupo local, as mulheres estão desempenhando um papel cada vez mais significativo.

Há muita gente jovem em A.A.?

Uma das tendências mais alentadoras no desenvolvimento de A.A. é o fato de que cada vez mais jovens de ambos os sexos estão sendo atraídos ao programa antes que seu problema relativo à bebida se transforme num desastre total. Agora que se compreende melhor a natureza progressiva do alcoolismo, esses jovens reconhecem que, se uma pessoa for alcoólica, a melhor hora de deter a doença é na fase inicial.

Nos primeiros dias do movimento, acreditava-se comumente que os únicos candidatos lógicos para A.A. eram aqueles homens e mulheres que haviam perdido seus empregos, haviam chegado à sarjeta, haviam desequilibrado completamente sua vida familiar ou haviam de alguma outra forma se isolado das relações normais durante anos.

Hoje, muitos dos jovens que procuram A.A. têm entre 20 e 30 anos de idade. Alguns ainda não chegaram aos 20. A maioria deles ainda tem seu emprego e está com a família. Muitos nunca estiveram na cadeia nem foram internados em sanatórios. Sabem, porém, o que lhes espera. Reconhecem que são alcoólicos e que não tem sentido permitir que, neles, o alcoolismo chegue a percorrer seu caminho desastroso.

Sua necessidade de recuperação é tão premente quanto à dos homens e das mulheres de maior idade que não tiveram oportunidade de procurar o A.A. quando jovens. Uma vez em A.A., os jovens e idosos dificilmente sentem a diferença de idade. Em A.A., ambos começam uma nova vida partindo do mesmo ponto - seu último trago.

Reflexões diárias de A.A.: 26/06

26 DE JUNHO

         UMA DÁDIVA QUE CRESCE COM O TEMPO

Para a maioria das pessoas normais, a bebida significa o convívio, o companheirismo e uma imaginação colorida. Significa a liberação momentânea da ansiedade, do desgosto e da angústia. É a intimidade alegre com os amigos e o sentido de que a vida é boa.

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, p. 165 ou p. 179

         Quanto mais perseguia estes sentimentos ilusórios com o álcool, mais fora de alcance eles ficavam. Contudo, aplicando esta passagem para minha sobriedade, descobri que ela descreve a magnífica vida nova disponível para mim pelo programa de A.A. As coisas realmente melhoram, um dia de cada vez. O calor, o amor e a alegria tão simplesmente expressos nestas palavras, crescem em alcance e profundidade cada vez que as leio. Sobriedade é uma dádiva que cresce com o tempo.

sábado, 25 de junho de 2011

EVENTO: Aniversário do Grupo Cidade Jardim - É HOJE - Quarta Temática: "Serviço" - Aniversário Grupo Cidade Jardim

Boa vontade: a chave do sucesso

BOA VONTADE: A CHAVE DO SUCESSO
Mesmo estando em recuperação há algumas 24 horas sentia que a programação de A. A. ainda não estava presente em minha vida, pois eu acordava pela manhã mesmo sem ressaca há vários anos, reclamando: - Nossa já é hora de levantar, passou tão rápido esta noite! Tenho que ir trabalhar mesmo? Era assim que começava o meu dia e no decorrer deste, batia uma monotonia, uma tristeza sem explicação. Assim eu ia levando, reclamando, me tornando sem perceber, um verdadeiro ranzinza.

Esta fase aconteceu após 3 anos em A. A., até que um “A Amigo”, certo dia me disse: - Faça o 3º Passo; entregue sua vida aos cuidados do seu Poder Superior; mude seu foco; comece a agradecer ajudando sem esperar retorno; seja grato por acordar cedo e sem ressaca, pois que precisa acordar cedo é porque esta trabalhando e se tem um trabalho terá pão em sua mesa; agradeça por estar em recuperação e que a programação está funcionando para você.

Aquelas palavras mudaram meu caminho!

Recordo-me quando eu estava no sanatório e que meu maior patrimônio eram minhas sandálias havaianas.

Bastou um pouco de boa vontade para eu encontrar a chave do sucesso!
Hoje acordo pela manhã e agradeço meu Poder Superior por estar em A. A., por estar sóbrio e com minha família.

Tenho um bom trabalho, voltei a estudar e sou saudável.

Agradeço a A. A. e ao Poder Superior pela minha vida, pela minha felicidade.

Hoje sim, tenho prazer no trabalho, nos meus momentos de lazer com minha família, pois amo minha esposa e retribuo a força que ela me dá em minha programação. Amo meus filhos e isso companheiros é porque entreguei minha vontade e minha vida aos cuidados de um Poder Superior como O concebo.

Só Por Hoje! Funciona. Felizes 24 Horas de Sobriedade e Serenidade.

(Fonte: Revista Vivência – 113 – Mai./Jun. 2008 – Euler/Goiânia/GO)

Reflexões diárias de A.A.: 25/06

25 DE JUNHO

UMA RUA DE MÃO DUPLA

Se pedirmos, Deus certamente perdoará nossas negligências.
   Porém sem a nossa cooperação, em nenhum caso nos torna brancos como a neve e nos mantém assim.

OS DOZE PASSOS E AS DOZE TRADIÇÕES, p. 57

       Quando rezava, costumava omitir muitas coisas que eu precisava que fossem perdoadas. Pensava que se não falasse dessas coisas para Deus, Ele nunca ficaria sabendo sobre elas.
   Não sabia que se eu tivesse me perdoado por algumas das minhas ações passadas, Deus me perdoaria também. Sempre fui instruído a me preparar para a jornada da vida, nunca percebendo até chegar em A.A. que a própria vida é a jornada – quando então honestamente tornei-me disposto a aprender a perdoar e a ser perdoado. A jornada da vida é algo muito feliz, desde que eu esteja disposto a aceitar uma mudança de vida e responsabilidade.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Apadrinhamento em A.A. II


Um tópico muito importante abordado novamente neste blog, porém sob outro ponto de vista e autor. Apreciem.
"APADRINHAMENTO EM A.A."Escrito por Clarence H. Snyder, em 1944. Ele ficou sóbrio em Cleveland -Ohio, no dia 11 de fevereiro de 1938 com a ajuda do seu padrinho, cofundador, o Dr. Bob. Em 18 de maio de 1939, fundou o Grupo nº. 3 de A.A. em Cleveland - Ohio e este foi o primeiro Grupo a usar o nome "Alcoólicos Anônimos". Faleceu na Flórida, em 22 de março de 1984, com 46 anos de sobriedade.

Fonte:
http://silkworth.net
Sua história está publicada nas 1ª, 2ª. E 3ª. Edições do Big Book, nas páginas 297/303.

Dados históricos oferecidos pelo companheiro Laerte A., de Niterói-RJ

Tradução feita pelo Dr. Lais Marques da Silva, ex- Presidente da Junta de Custódios.

Este foi o primeiro trabalho escrito sobre apadrinhamento e o seu título original era "Apadrinhamento em A.A... suas Obrigações e Responsabilidades" e foi impresso pelo Comitê Central de Cleveland.

Prefácio

      Cada membro de A.A. é um padrinho em potencial de um novo membro e deveria reconhecer claramente as obrigações e deveres de uma tal responsabilidade.
A aceitação da oportunidade de levar o plano de A.A. para aquele que sofre no alcoolismo compreende responsabilidades muito reais e criticamente importantes. Cada membro, ao praticar o apadrinhamento de um alcoólico, deve lembrar que está oferecendo o que é, frequentemente, a última chance de reabilitação, de sanidade, ou mesmo, de vida.
Felicidade, saúde, segurança, sanidade e vida de seres humanos são as coisas que temos que manter em equilíbrio quando apadrinhamos um alcoólico.
Nenhum membro é suficientemente sábio para desenvolver um programa de apadrinhamento que possa ser aplicado, com sucesso, a todos os casos. Nas páginas seguintes, no entanto, delineamos um procedimento que é sugerido e que, suplementado pela própria experiência do membro, tem-se mostrado bem sucedido.

Ganhos pessoais de ser um padrinho

      Ninguém colhe todos os benefícios de qualquer irmandade a que esteja ligado a menos que, de coração, se engaje nas suas importantes atividades. A expansão de Alcoólicos Anônimos para campos mais largos e o benefício maior para um número crescente de pessoas resulta diretamente do acréscimo de uma nova pessoa, de membros ou associados que são de valor.
Qualquer membro de A.A. que não tenha experimentado as alegrias e satisfações de ajudar outro alcoólico a retomar o seu lugar na vida, ainda não terá percebido completamente os benefícios que pode auferir desta irmandade. Por outro lado, deve ficar claramente guardado na mente que a única razão possível para levar um alcoólico para o A.A. é o benefício daquela pessoa. O apadrinhamento nunca deve ser feito para:

1-aumentar o tamanho do Grupo;
2-satisfação ou glória pessoal ou, ainda,
3-porque o padrinho sente, como sendo do seu dever, refazer o mundo.
Até que um membro de A.A. tenha assumido a responsabilidade de colocar um trêmulo e impotente ser humano de volta no caminho para se tornar um membro saudável, útil e feliz da sociedade, ele não terá desfrutado a completa sensação de ser um membro de A.A..

Fonte de nomes - indicações para apadrinhamento

      A maior parte das pessoas tem, entre os seus próprios amigos e relações, alguém que se beneficiaria dos nossos ensinamentos. Outros têm seus nomes dados por igrejas, por doutores, empregadores ou por algum outro membro que não pode fazer um contacto direto.
Por causa da ampla gama de atividades do A.A., os nomes frequentemente chegam de lugares não usuais e inesperados. Esses casos deveriam ser contatados assim que todos os dados como: estado civil, relações domésticas, estado financeiro, hábitos de beber, emprego, e outras informações facilmente acessíveis, estivessem em mãos.

É o cliente potencial um candidato?

      Muito tempo e esforço poderiam ser poupados ao se conhecer, tão cedo quanto possível, se:

1- A pessoa realmente tem um problema com a bebida?
2- Sabe que tem um problema?
3- Deseja fazer alguma coisa acerca do seu beber?
4- Deseja ajuda?

      Às vezes, as respostas a essas questões não podem ser obtidas até que o candidato potencial tenha tido alguma informação sobre o A.A. e de ter uma oportunidade de pensar. Frequentemente são dados nomes, que depois de uma verificação, mostram que o candidato potencial não é, de forma nenhuma, um alcoólico ou ainda que está satisfeito com o atual modo de viver. Não deveríamos hesitar em descartar esses nomes das nossas listas. Devemos estar certos, no entanto, de fazer com que o potencial candidato saiba onde pode nos alcançar em qualquer data futura.

Quem deveria se tornar membro?

      O A.A. é uma irmandade de homens e mulheres ligados pela sua inabilidade de usar o álcool em qualquer forma razoável com proveito ou prazer. Obviamente, qualquer novo membro introduzido poderia ser do mesmo tipo de pessoa, sofrendo da mesma doença.
A maior parte das pessoas pode beber razoavelmente, mas estamos somente interessados naquelas que não podem. Bebedores de festas, bebedores sociais, festeiros e outros que continuam a ter mais prazer do que dor no seu beber, não são de interesse para nós.
Em alguns casos, um indivíduo pode acreditar que é um bebedor social quando ele definitivamente é um alcoólico. Em muitos desses casos, mais tempo deve passar antes que a pessoa esteja pronta para aceitar o nosso programa. Pressionar tal pessoa antes que esteja pronta pode arruinar as suas chances de, em algum momento, se tornar um membro de A.A., com sucesso. Não se deve excluir a possibilidade de uma ajuda futura ao se pressionar demais no início.
Algumas pessoas, embora definitivamente alcoólicas, não têm desejo ou ambicionam melhorar o seu modo de viver e, até que elas o façam... o A.A. não tem nada a oferecer.
A experiência tem mostrado que idade, inteligência, educação, situação ou a quantidade de bebida alcoólica ingerida tem pouco, se tem, a ver com o fato de uma pessoa ser ou não um alcoólico.

Apresentando o projeto

      Em muitos casos, a condição física de uma pessoa é tal que deveria ser hospitalizada, se possível. Muitos membros de A.A. acreditam que a hospitalização, com tempo suficiente para planejar o futuro, livre das preocupações domésticas e das preocupações com negócios oferece uma vantagem significativa. Em muitos casos, o período de hospitalização marca o início de uma nova vida. Outros membros são igualmente confiantes no fato de que qualquer pessoa que deseje aprender sobre o projeto de vida de A.A. pode fazer isso em seu próprio lar ou enquanto engajado nas ocupações normais. Milhares de casos são tratados de cada modo, que tem-se mostrado satisfatórios.

Passos sugeridos:

      Os seguintes parágrafos delineiam um procedimento sugerido para apresentar o projeto de A.A. ao possível candidato, em casa ou no hospital.

Qualificar-se como um alcoólico:

1-Ao atender a um novo possível candidato, tem-se mostrado melhor que o padrinho se qualifique como sendo uma pessoa normal que tem encontrado felicidade, contentamento e paz por meio do A.A.. Deve tornar claro, imediatamente, que você é uma pessoa engajada nas coisas da vida, em ganhar a vida. Fale que a única razão para acreditar que é capaz de ajudá-lo é que você mesmo é um alcoólico que tem tido experiências e problemas que podem ser semelhantes ao dele.

Relate a sua história:

2-Muitos membros têm achado desejável iniciar imediatamente com a sua história pessoal com a bebida como um meio de obter a confiança e cordial cooperação do possível candidato.
É importante relatar a história da sua própria vida de bebedor e fazê-lo de um modo que irá descrever um alcoólico, mais do que falar de uma série de situações humorísticas de bêbados em festas. Isso capacitará a pessoa a ter uma visão clara de um alcoólico e deveria ajudá-lo a decidir definitivamente se é um alcoólico.

Inspire confiança no A.A.:

3-Em muitos casos, o possível candidato irá tentar vários meios de controlar o seu beber, incluindo atividades de recreio, igreja, mudança de residência, mudança de associações e várias outras atitudes visando o controle. Esses meios irão, naturalmente, se mostrar sem sucesso. Focalize a sua série de esforços malsucedidos para controlar o beber ... os resultados infrutíferos e ainda o fato de que você se tornou capaz de parar de beber com a prática dos princípios de A.A.. Isso encorajará o futuro candidato para olhar com confiança a sobriedade em A.A., a despeito dos muitos fracassos anteriores que tenha tido com outros planejamentos.

Fale de vantagens adicionais:

4-Fale francamente ao possível candidato que ele não poderá entender rapidamente todos os benefícios que estarão chegando por meio do A.A.. Relate a felicidade, a paz de espírito, saúde e, em muitos casos, os benefícios materiais que são possíveis através do entendimento e da aplicação do modo de viver de A.A..

Fale da importância de ler o livro:

5-Explique a necessidade de ler e de reler o livro de A.A.. Destaque que esse livro dá uma descrição detalhada das ferramentas do A.A. e dos métodos de aplicação dessas ferramentas para construir um fundamento de reabilitação para viver. Esse é um bom momento para enfatizar a importância dos Doze Passos e dos quatro absolutos.

Qualidades necessárias para o sucesso em A.A.:

6-Faça saber ao possível candidato que os objetivos de A.A. são prover os meios e modos para um alcoólico voltar ao seu lugar normal na vida. Desejo, paciência, fé, estudo e aplicação são o mais importante em determinar cada planejamento individual de ação para ganhar inteiramente os benefícios de A.A..

Reintroduza a fé:

7-Desde que a crença em um Poder Superior a nós mesmos é o coração do projeto de A.A. e de que o fato de que essa idéia é frequentemente difícil para uma nova pessoa, o padrinho deveria tentar introduzir o inicio de um entendimento acerca dessa importante característica.
Frequentemente, isso pode ser feito por um padrinho ao relatar a sua própria dificuldade de captar um entendimento espiritual e falar sobre os métodos que usou para superar suas dificuldades.

Ouça a sua história:

8-Enquanto falando ao recém chegado, ganhe o tempo para ouvir e estudar as suas reações a fim de que você possa apresentar a sua informação de um modo mais efetivo. Deixe-o falar também. Lembre ... vá com calma.

Leve a diversas reuniões:

9-Para dar ao novo membro um quadro amplo e completo do A.A., o padrinho deveria levá-lo a várias reuniões a conveniente distância da sua casa. Assistir diversas reuniões dá ao novato a oportunidade de selecionar um grupo em que se sinta mais feliz e confortável e é extremamente importante para deixar que o possível candidato tome a sua própria decisão em relação a que Grupo irá se juntar. Acentue que ele será sempre bem-vindo a qualquer reunião e que pode mudar de Grupo se assim desejar.

Explique o A.A. à família do possível candidato:

10-Um padrinho bem sucedido aceita o esforço e faz qualquer empenho necessário para ficar certo de que as pessoas próximas e com interesse maior no seu doente (mãe, pai, esposa, etc,) sejam inteiramente informadas acerca do A.A., seus princípios e seus objetivos. O padrinho cuida para que essas pessoas sejam convidadas para reuniões e as mantém informadas, a todo momento, da situação corrente do possível candidato.

Ajude o possível candidato a se antecipar às experiências a serem vividas em um hospital.:

11-Um possível candidato irá ter mais benefício de um período de internação se o padrinho descrever a experiência e ajudá-lo a se antecipar a elas, preparando o caminho daqueles membros que irão chamá-lo.

Consulte os membros antigos de A.A.:

Essas sugestões para o apadrinhamento de uma nova pessoa nos ensinamentos de A.A. não são completas. Elas pretendem somente dar uma moldura e um guia geral. Cada caso individual é diferente e deveria ser tratado como tal. Informação adicional para o apadrinhamento de uma nova pessoa pode ser obtida a partir da experiência de um companheiro mais experiente nesse tipo de serviço. Um co-padrinho, com experiência, trabalhando com um novo companheiro no apadrinhamento de um possível futuro membro tem-se mostrado satisfatório. Antes de assumir a responsabilidade de apadrinhamento, um membro deveria estar certo de que é capaz de realizar a tarefa e de estar disposto a dar seu tempo, esforço e meditação que uma tal obrigação implica. Pode acontecer que ele queira selecionar um co-padrinho para compartilhar a responsabilidade ou pode sentir necessário solicitar a outro companheiro que assuma a responsabilidade pela pessoa que ele tenha localizado.

Se você vai ser um padrinho, seja um bom padrinho.

Reflexões diárias de A.A.: 24/06

24 DE JUNHO

UM JARDIM DE INFÂNCIA ESPIRITUAL

Estamos apenas pondo em funcionamento um jardim de infância espiritual, no qual as pessoas ficam capacitadas a parar de beber e a encontrar a graça para viver de melhor maneira.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 95

         Quando vim para A.A. estava correndo para a garrafa e desejava perder a obsessão pela bebida, mas realmente não sabia como fazê-lo. Decidi ficar o tempo suficiente para descobrir com aqueles que vieram antes de mim. De repente estava pensando sobre Deus! Me falaram para conseguir um Poder Superior e eu não tinha ideia de como seria Este. Descobri então que havia muitos Poderes Superiores. Falaram-me para achar Deus, como eu O concebo, pois não havia doutrina de divindade em A.A. Encontrei o Poder Superior que funcionava para mim e então pedi a Ele que me devolvesse à sanidade. A obsessão pela bebida foi removida e – um dia de cada vez – minha vida continuou e aprendi como viver sóbrio.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Dr. Silkworth a respeito de Jesus Cristo

Capa do livro "Silkworth: The Little Doctor Who Loved Drunks" By Dale Mitchel (Hazelden-Pittman 2002)
Dr. Silkworth a respeito de Jesus Cristo

Os praticantes dos Doze Passos que estudam o Livro Azul de A.A. estão, é claro, familiarizados com o mentor médico de Bill Wilson, Dr. William Duncan Silkworth. Bill o chamava do bom pequeno doutor que amava os bêbados. Silkworth, um psiquiatra, tinha tratado milhares de alcoólicos e era diretor do Towns Hospital em New York aonde Bill tinha vária vezes buscado ajuda. Apesar de que Silkworth tenha explicado a doença do alcoolismo para Bill, este continuou a beber até encontrar seu padrinho Ebby Thacher, que tinha se recuperado através do programa espiritual do Grupo Oxford. Ebby tinha também ido à Missão de Recuperação do Calvário, mantida pela Igreja Episcopal do Calvário do Dr. Sam Shoemaker em New York; e Ebby lá fez sua opção por Cristo. Wilson foi para lá com o mesmo propósito e, de acordo com uma conversa que o autor manteve com a viúva do Dr. Shoemaker (Helen Smith Shoemaker), Bill Wilson fez sua opção por Cristo na Missão de Recuperação. Bill permaneceu bêbado por alguns dias e então foi ao Towns Hospital e de novo buscou a ajuda do Dr. Silkworth. E foi durante essa internação, que Bill conheceu os passos de mudança de vida do Grupo Oxford, e teve sua experiência de iluminação, relatou-a para o Dr. Silworth, e ouviu do Dr. Silkworth , que para ele (Bill) seria melhor apegar-se ao que lhe acontecera. Silkworth posteriormente foi chamado para escrever Opinião do Médico que abre o texto básico do Livro Azul. O retrato de Silkworth no Passar Adiante de A.A., a biografia da vida de Bill.

Pouco antes de sua morte, o autor passou uma hora com o Dr. Norman Vincent Peale, amigo de A.A., o Reverendo Sam Shoemaker, e Bill Wilson. O Dr. Peale falou- me das conversas que tivera com Bill Wilson à respeito da conversão de Bill. No entanto, até 1997, não tive notícias do relato de Peale acerca do Dr. William Duncan Silkworth. Pode ser encontrado no livro de Norman Vincent Peale, The Positive Power of Jesus Christ ( O Poder Positivo de Jesus Cristo) [New York: Foundation for Christian Living, 1980],paginas 60-61. Aparece sob o título The Wonderful Story of Charles K.. (A Maravilhosa Estoria de Charles K.)

Charles, um homem de negócios de Virginia, tornou-se um bebedor contumaz; tanto que sentiu a necessidade de procurar ajuda, e rapidamente, pois sua vida estava desmoronando. Marcou uma consulta com o finado Dr. William Duncan Silkworth, um dos maiores experts em alcoolismo da nação, que trabalhava em um hospital publico de Nova Iorque ( O Charles Towns Hospital ). Recebendo Charles como paciente em sua clínica, o doutor administrou o tratamento por alguns dias, e então o chamou a seu consultório. Charles, disse ele, eu fiz tudo que é possível por você. Neste momento você está livre de seu problema. Mas há uma área em seu cérebro na qual você pode manter um resíduo, que eventualmente pode fazer com que você volte às bebidas. Gostaria de poder alcançar este local no seu inconsciente , mas droga, não tenho esta capacidade.

Mas doutor, exclamou Charles, o senhor é o mais capacitado médico neste campo. Quando o procurei, vim para o maioral. Se o senhor não pode me curar, então que pode faze-lo? O doutor hesitou por momentos, e então respondeu pensativamente, Há outro Doutor que pode completar essa cura, mas Ele é muito caro.

Está bem, disse Charles, Eu posso conseguir o dinheiro. Eu posso pagar seus honorários. Não posso voltar para casa antes de ficar curado. Quem é esse doutor aonde posso encontrá-lo?

Oh, mas esse Médico não é nem um pouco moderado nos custos, persistiu o Dr. Silkworth. Ele quer tudo o que você possui. Ele quer você, você por inteiro. Então Ele dá a cura. O preço é você por completo. Então acrescentou vagarosa e expressivamente, Seu nome é Jesus Cristo e tem seu Consultório no Novo Testamento e está à disposição a qualquer hora que você precisar Dele.

O Dr. Peale então descreve a recuperação de Charles através do poder de Jesus Cristo.
Esse artigo foi escrito por Dick B.
Para maiores informações históricas visite o site de Dick B. http://www.dickb.com/ndex.shtml . Contem 10 anos de pesquisas das origens bíblicas dos 12 Passos

Retirado com permissão de http://silkworth.net/grapevine/grapevine traditions.html
Tradução: DS17AA Setor 05 Área RJ
MCD Ricardo Gorobo

EVENTO: Aniversário do Grupo Cidade Jardim - É HOJE - Terceira Temática: "Unidade" - Aniversário Grupo Cidade Jardim

Reflexões diárias de A.A.: 23/06

23 DE JUNHO

CONFIANDO NOS OUTROS

Mas acaso a confiança exige que sejamos cegos em relação aos motivos dos outros ou até aos nossos? Absolutamente; isto seria uma loucura. Certamente deveríamos avaliar tanto a capacidade de fazer o mal como a capacidade de fazer o bem nas pessoas em quem vamos confiar. Esse inventário particular pode revelar o grau de confiança que podemos depositar em qualquer situação que se apresente.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 144

       Eu não sou vítima dos outros, mas sim uma vítima de minhas expectativas, escolhas e desonestidade. Quando espero que os outros sejam o que eu quero que sejam e não o que eles são, quando eles deixam de alcançar minhas expectativas, então me magoo. Quando minhas escolhas são baseadas em meu egocentrismo, me encontro sozinho e desconfiado. Adquiro confiança em mim mesmo, contudo, quando pratico a honestidade em todos os meus assuntos. Quando examino meus motivos e sou honesto e confiante, sou consciente dos possíveis danos que surgem em algumas situações, podendo assim evitá-las.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Parar de beber é fácil: DIFÍCIL É NÃO VOLTAR A BEBER


" PARAR DE BEBER É FÁCIL "

Dr. Eduardo Mascarenhas ( Psicanalista )
Parar de beber pé tão fácil que não há alcoólatra no mundo que não tenha parado de beber dezenas de vezes. Algumas delas- é verdade - duram não mais que uma tarde ou noite. Nesse período, contudo, o alcoólatra jurou a si próprio que jamais voltaria a beber.
Geralmente essas decisões solenes de se manter afastado do copo vêm pela manhã seguinte de algum imenso pileque. A cabeça ainda está zonza, dói tanto que parece que há um martelo batendo no crânio; a boca está amarga e seca, o estômago em brasa, o corpo todo intoxicado. Nesse estado típico de uma "ressaca", vão reaparecendo, aos poucos, as lembranças da noite anterior: os vexames, as inconveniências, os despautérrios. Acrescenta-se à ressaca física, a ressaca moral. Isso quando ressurgem as lembranças, pois muitas vezes o alcoólatra enfrenta a terrível angústia de não se lembrar de nada do que fez - o famoso "branco".
De tantas ressacas e vexames, o alcoólatra pára de beber por meses e até por anos. Que alívio! parece que não padece mais daquela terrível compulsão. Nem sente mais vontade de beber: vai às festas e nem se liga no garçom. Sinceramente, não sente mesmo mais falta da bebida. Nem sonha mais com ela...
Ora, com justa razão imagina-se curado. Não é mais alcoólatra. É uma pessoa como outra qualquer.

DIFÍCIL É NÃO VOLTAR A BEBER

Embalado nessa crença, estabelece a taxativa distinção: "beber é uma coisa, ser alcoólatra, outra".
Por via das dúvidas, contudo, não convém arriscar. Nada de wisky, vodca, conhaque ou cachaça. Ele já sofreu demais e respeita o álcool. Agora, um chopinho gelado - só um - ou um gole de vinho branco, também geladinho, não há de fazer mal a ninguém;
De fato, nada acontece. Naquele dia. Naquele dia seguinte, porém. à mesma hora, ele se lembra do dia anterior. E, pela primeira vez, volta a sentir uma vontadezinha de beber. Tenta se controlar. Aí vem aquelas idéias que até parecem sopradas por Satanás: "Mais um golinho não vai fazer mal! Hoje só. Amanhã você pára de vez. Só para matar a saudade!"
Talvez tome mais uma bebidinha, talvez não tome, mas recomeça a tortura: a vontade de beber volta e a luta contra ela leva-o à exaustão; até nos sonhos ele está bebendo ou louco para beber e já acorda pensando nisso. Sua vida se reduz a isso.
Nesse estado, a mente lhe propões um pacto: "Volte a beber, mas só à noite. Com moderação. E só bebidas fraquinhas, ou bebidas fortes com muito gelo e soda, em dose bem diluída, para render e não dar pileque". Ás vezes ele tolera esse pacto por alguns dias. Mas a vontade de beber não se modera nem se sacia. Manifesta-se cada vez com mais força. Aí ele volta a beber com a mesma fúria de antes. Talvez até com fúria maior, para ir à forra de todo aquele período em que não bebeu. Bebe tudo que bebia antes, mais tudo que deixou de beber.
Procura médicos e hospitaliza- se. Toma todo o tipo de remédio. Desintoxica- se, descansa a cabeça. Se tem dinheiro, vai ao psicanalista.
Mas nada resolve. Novamente pára um tempo de beber, para depois voltar ao álcool com voracidade redobrada.

* Dr. Eduardo Mascarenhas ( Psicanalista )
Que o PS conceda-nos infinitas 24 Hs. SÓ POR HOJE!

Reflexões diárias de A.A.: 22/06

22 DE JUNHO

HOJE, ESTOU LIVRE

Isso me levou à boa e saudável conclusão de que havia muitas situações no mundo sobre as quais eu não tinha nenhum poder pessoal – que se estava tão pronto a admitir isso a respeito do álcool, devia admitir também em relação a muitas outras coisas. Tinha que ficar quieto e entender que Ele era Deus, não eu.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 114

         Estou aprendendo a praticar aceitação em todas as circunstâncias de minha vida, para poder desfrutar de paz de espírito. Houve um tempo em que a vida era uma batalha constante, porque eu sentia que tinha que passar cada dia lutando comigo mesmo e com todo mundo. Finalmente isso tornou-se uma batalha perdida. Terminava embriagado e chorando sobre minha miséria. Quando comecei a me soltar e a deixar Deus tomar conta de minha vida, comecei a ter paz de espírito. Hoje sou livre.
         Não preciso lutar contra mais nada nem contra ninguém.

terça-feira, 21 de junho de 2011

VIDEO REVISTA VEJA: Especial Drogas (parte 2/4): Os perigos do alcoolismo


Documentário sobre alcoolismo da Revista Veja

EVENTO: Aniversário do Grupo Cidade Jardim - É HOJE - Segunda Temática: "Recuperação" - Aniversário Grupo Cidade Jardim

O Segredo de Alcoólicos Anônimos


O Segredo de Alcoólicos Anônimos ® Por Leonardo Ramalho
    Desde a minha adolescência, precisamente aos 15 anos de idade, comecei a ter um comportamento exagerado com a bebida alcoólica, porém a progressividade do meu alcoolismo foi lenta. Contudo, o meu desequilíbrio emocional decorrente do abuso do álcool se tornou meu companheiro de copo a partir do primeiro porre, pois em cada dose que eu bebia estava sempre presente o tempero das vaidades.

 Portanto, quando parei de beber aos 33 anos de idade, percebi que muitos dos meus sentimentos ainda estavam bêbados e a isso eu chamei de ressaca espiritual, encontrando alívio através do exercício do 4º Passo de AA que é chamado também de Inventário Moral, onde encontrei a coragem necessária para enfrentar a virtude do perdão. Exercício este, que considero o maior desafio do ser humano.

Ao entrar no A.A. o orgulho foi meu primeiro oponente que comecei a combater, aceitando com consciência que sou um alcoólatra, bem como portador de uma doença chamada alcoolismo, que não tem cura, mas que pode ser interrompida desde que eu evite o primeiro gole. 

A primeira sugestão de AA: "Evite o primeiro gole", sugere também evitar a primeira dose de orgulho, da impaciência e da intolerância, até que possamos "beber" doses de virtudes como forma de libertação da culpa. Assim, "evitando o primeiro gole" sou recompensado pela sobriedade, que favorece à calma e me conduz à serenidade necessária para abrir uma janela para a alma, onde convivo com meu passado sem medo de construir o homem novo que há em mim.

Logo que parei de beber me defrontei com hábitos bastante enraizados em minha mente: pedir um "drink" quando se está num bar, num restaurante, com os amigos e mesmo num encontro com a mulher amada. Porém descobri que essas regras e padrões sociais são perfeitamente dispensáveis, pois não é a bebida alcoólica que faz esses momentos especiais, mas quando compartilhamos nossas emoções com serenidade.
 No entanto, para quem não tem problema com o álcool é muito bom, mas para um bebedor-problema essas ocasiões podem se tornar em sérios incômodos. Na verdade, quem é chegado a "tomar umas e outras" sempre fica de "fogo", cria situações preocupantes, faz "palhaçadas" e torna-se ridículo e aberto a críticas contundentes que o tornam chato e agressivo.

Na minha experiência de A.A. descobri que a fé pode curar a dor e despertar a coragem inteligente para se atravessar o "vale das sombras", apenas com uma tocha de luz erguida para o alto. Embora eu tenha bebido minha fé em doses de insensatez por muito tempo, nasceu em mim à determinação de resgatá-la dos escombros que envolviam minha alma. E com a vontade de vencer despertada dentro de mim, iluminei o caminho do meu coração com alegria e aprendi a me reconciliar comigo mesmo e com o sofrimento.

Ainda hoje, aos 53 anos de idade, sinto vontade de beber em certas ocasiões, porém não desejo voltar a beber. Com certo tempo de sobriedade apoiada pelos Alcoólicos Anônimos é que percebi que para se libertar do desejo de beber é necessário "plantar" e "regar" o desejo de não beber.
 Assim, compreendi finalmente, o primeiro ensinamento de A.A.: "Para ser membro de A.A. basta o desejo sincero de abandonar a bebida". Graças a esse novo hábito que introduzi na minha vida, descobri que não preciso de bebidas alcoólicas para nada e que o grande segredo de Alcoólicos Anônimos está na próxima reunião.

Não bebo desde 1987

Evitar o primeiro gole é o princípio e o fim® - 2007

Reflexões diárias de A.A.: 21/06

21 DE JUNHO

MEDO E FÉ

A conquista da libertação do medo é uma tarefa para toda a vida, é algo que nunca pode ficar completamente concluído.
       Ao sermos duramente atacados, estarmos gravemente enfermos ou em qualquer situação de séria insegurança, todos nós vamos reagir a essa emoção de alguma maneira – bem ou mal – conforme o caso se apresente. Somente os que enganam a si mesmos alegam que estão totalmente livres do medo.

NA OPINIÃO DO BILL, p. 263

       O medo causou-me muito sofrimento, quando poderia ter tido mais fé. Há horas em que o medo subitamente me arrasa. Justamente quando estou experimentando sentimentos de alegria, felicidade e leveza no coração. A fé – e um sentimento de valor próprio em relação a um Poder Superior – me ajudam a suportar a tragédia e o êxtase. Quando optar por entregar ao meu Poder Superior todos os meus medos, então eu serei livre.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Meus 50 anos em 12 Passos - Por Marília Teixeira Martins


Meus 50 anos em 12 Passos - Por Marília Teixeira Martins ®
Muita gente me questiona, como posso entender o que se passa na alma, no “coração” e na cabeça de um dependente químico, sendo eu apenas uma profissional de saúde e não pertencer a nenhum grupo de mútua-ajuda.  E a cada pessoa que me dirige essa pergunta, deixo como resposta uma reflexão ou outra pergunta:- Então, para ajudar um hipertenso, preciso ser também hipertensa? E a quem possui o transtorno bipolar de humor ou quem sofre de depressão, bulimia, anorexia ou até mesmo de esquizofrenia?  Para compreendê-los e ajudá-los preciso de fato também ser portadora desses diagnósticos?

E hoje, aos meus 50 anos de vida, acrescento à minha resposta os 12 Passos de Alcoólicos Anônimos, uma bela filosofia de vida que tive o prazer em conhecer e vivenciar, ainda que não alcoólica e/ou adicta.


Bill e Bob me foram apresentados há algum tempo, através da literatura específica de Alcoólicos Anônimos; e quando entrei em contato com suas primeiras linhas algo novo me aconteceu. E a cada passo, dos 12 descritos, que eu lia e percorria, me vinham respostas precisas e exatas para um emaranhado de sentimentos que eu experimentava naquele momento de minha vida. Como se eu vivenciasse um novo despertar, que somado ao o que o mundo científico me apresentava, a vida me pareceu bem mais simples do que eu imaginava, e por isso mais bela.


Os 12 princípios me apontavam uma direção, como uma bússola que não deixa seu navegante em alto mar se desviar de sua rota.


E fui seguindo, ora para o Sul, ora para o Norte, mas com tranqüilidade e leveza, na certeza de que eu havia descoberto um tesouro. Encontrá-lo era uma questão de tempo.  Bastava seguir aquela rota, aquele mapa que caiu em minhas mãos e me tornaria uma pessoa mais rica em sabedoria e direção. E assim fui eu, em busca deste tesouro, passo a passo, e no meu ritmo. E nos caminhos mais escuros e sombrios, fazia uma pausa, desligava o barco e descansava, me contentando apenas em receber o leve toque de uma brisa em meu rosto.


Há poucos meses completei 50 anos de vida. Uma idade que me faz relembrar com intensidade alguns momentos que vivenciei. E nesta rede de lembranças peguei-me refletindo sobre um sentimento em especial: o sentimento de impotência.  Impotência diante da minha idade que avança a cada dia, impotência diante do outro e de suas escolhas, diante da morte de um ente querido, diante de um amor que se foi ou diante de um caminho escolhido e percorrido por um filho.


Por quantas vezes, cometo os mesmos erros esperando resultados diferentes?  E do alto de minha arrogância, preciso me curvar e acreditar humildemente que eu não preciso caminhar sozinha e que, acima de mim existe um Poder Maior que pode devolver-me a “sanidade”, às vezes  perdida.  ( Einstein dizia: “Não há nada que seja maior evidência de insanidade do que fazer a mesma coisa dia após dia e esperar resultados diferentes).


Por quantos momentos em minha vida, me esbarro no limite do possível e preciso acreditar e contar com o impossível, me embriagando de esperança e fé, acreditando e entregando as minhas vontades e minha vida aos cuidados de Deus, o único que com o seu infinito Amor me acolhe, me protege e me transforma a cada dia, a cada 24 horas.


E ao longo dessa minha caminhada me pergunto: quantas pessoas eu feri, magoei, fiz e faço sofrer, mesmo que de forma não intencional? Por quantas vezes sou teimosa, imatura, mesquinha e imperfeita?   E para me transformar em uma pessoa melhor, é preciso me renovar, revendo e reaprendendo o real significado do exercício do perdão, admitindo e reconhecendo meus erros e minhas falhas, procurando transformá-los em futuros acertos. E àqueles mais profundos, enraizados e sombrios, pedir humildemente a Deus que os remova e me livre de minhas imperfeições.


Por quantas vezes, preciso vestir-me com a roupa da humildade e da sensatez e me propor a reparar danos causados a mim, a um filho, a um pai, a um professor, a um paciente, a um amigo e até mesmo a algum desconhecido?


Por quantas noites me recolho em meu quarto, em meu canto e faço uma retrospectiva pessoal e destemida de meus atos e comportamentos, me propondo prontamente a admitir e reparar meus erros? E é assim, dessa forma, que vou aprendendo a me relacionar intimamente comigo mesma, com os adictos e principalmente com  Deus, rogando a Ele todos os dias, através de orações, preces, meditações e principalmente, através da leitura de Sua palavra, que me mostre sua vontade e me dê forças para alcançá-la.


E hoje, só por hoje, procuro levar e transmitir tudo o que aprendo a outro ser humano, através de meus conhecimentos científicos, através das minhas experiências e vivências, através da minha caminhada cristã ou mesmo através de uma borboleta ou de um passarinho, que por acaso, adentram na janela de minha sala à procura de uma saída e em busca da liberdade perdida.  Procuro levar a toda pessoa, adicta ou não, a mensagem de que esses 12 princípios e passos do A.A., com certeza nos tornam pessoas melhores, mais sensíveis, mais felizes e porque não dizer, mais sábias e libertas, a cada dia, a cada 24 horas.


E é desta forma, seguindo-os e aplicando-os primeiramente em minha vida, baseando-me na Palavra viva de Deus e associando-os aos meus conhecimentos científicos e técnicos que, mesmo não sendo adicta, posso olhar, escutar e compreender de forma empática, o que um dependente químico traz em seu coração e em sua alma e, junto com ele redescobrirmos um novo estilo de vida e um jeito diferente e saudável de viver.

Na verdade, este relato, diferente de outros que já escrevi, não deve ser considerado um artigo propriamente dito e sim um texto, fruto de uma auto-reflexão baseada não só em minha experiência pessoal e espiritual, como também em alguns estudos técnicos e científicos.


Carl  Gustav Jung (Psiquiatra Suíço, fundador da Psicologia Analítica), por exemplo, em meados de 1934  passou a  acreditar que o dependente químico necessita de um relacionamento com Deus para sua libertação dos químicos, admitindo assim que apenas a sua abordagem analítica não era suficiente para o tratamento da dependência química.


 “Em 1961, Bill Wilson e Carl Jung trocaram cartas a respeito do papel de Jung na formação de Alcóolicos Anônimos. O próprio Bill nunca deixou de insistir que o “fundador primordial” de A.A. foi  Carl  Gustav Jung, que plantou as raízes de A.A.   alguns anos antes da famosa reunião entre Bill & Bob em Akron, Ohio, em 1935.”


Em uma dessas cartas para Bill Wilson em Janeiro de 1961, Jung escreveu, em referência a um paciente de nome Roland H, que ficou sob os seus cuidados clínicos em 1931.


 ...”Sua fixação pelo álcool era o equivalente, num grau inferior, da sede espiritual do nosso ser pela totalidade, expressa em linguagem medieval, pela união com Deus.”...


...”Veja você que “álcohol” em latim significa “espírito”; no entanto, usamos a mesma palavra tanto para designar a mais alta experiência religiosa como para designar o mais depravador dos venenos.


“A receita então é “spiritus” contra spiritum”.



 Referências Bibliográficas:

 1. O caminho dos 12 passos – Tratamento de dependência de álcool e outras drogas – John      E. Burns – Edições Loyola – 2ª edição

2. Alcoólicos Anônimos na Bahia: http://www.aabahia.org.br/billjung.htm

 Murray Stein (Murray Stein, Ph.D. é um Analista de formação na Escola Internacional de Psicologia Analítica, em Zurique, na Suíça. His most recent publications include The Principle of Individuation, Jung’s Map of the Soul , and The Edinburgh International Encyclopaedia of Psychoanalysis (Editor of the Jungian sections, with Ross Skelton as General Editor). Ele internacionalmente palestras sobre temas relacionados com a Psicologia Analítica e suas aplicações no mundo contemporâneo.) faz também uma referência às cartas trocadas entre Carl Jung e Bill Wilson em seu livro “Jung – O mapa da alma – Uma Introdução”:

“Quando Bill Wilson, co-fundador dos Alcoólicos Anônimos, escreveu a Jung em 1961 e o informou sobre o ocorrido com Roland H. (um paciente a quem Jung tinha tratado por alcoolismo no começo da década de 1930), Jung o respondeu admitindo que o terapeuta é essencialmente impotente ao tentar vencer a dependência de um paciente de uma substância. Jung dizia – na minha paráfrase de sua carta – “Você precisa de um símbolo, de um análogo que atraia a energia que foi para a bebida. Tem que encontrar um equivalente que seja mais interessante do que beber todas as noites, que atraia o seu interesse mais do que uma garrafa de vodca”.

Um símbolo poderoso é requerido para provocar uma importante transformação num alcoólico, e Jung falou da necessidade de uma experiência de conversão.”

Referência Bibliográfica: Jung – O Mapa da Alma – Uma Introdução – Murray Stein – Editora Cultrix - 2000

 E agora, termino este relato parafraseando o texto de James Agrey, a Parábola da Águia, tão conhecido por todos nós. Às vezes sinto que Deus me entregou a missão de descobrir águias e fazê-las acreditar que podem voar. Umas aprendem mais rápido do que outras e já estão alçando vôos tão altos que já não as avisto mais. Outras, mostram suas tentativas com tanto empenho e dedicação que não demoram muito e já se arriscam a dar os primeiros vôos bem sucedidos. Caem às vezes, mas não se acomodam.

E assim que se recuperam arriscam mais um vôo, tornando-se tão aptas quanto às primeiras. E algumas demoram um pouco mais do que as outras. Talvez por sentirem medo de se arriscarem e descobrirem a imensidão do universo com todas as suas possibilidades. E são com estas que Deus de uma forma muito suave, gentil e respeitosa, me retira de cena.

De alguma forma que desconheço, faz com que estas águias olhem para cima, além dos limites estabelecidos por “muros ou cercas” e as fazem descobrir que acima de suas cabeças existe um sóbrio universo e é por ali, olhando para cima e permitindo a Sua ajuda e a Sua presença que podem se libertar.  Nestes casos, literalmente saio de cena, de forma humilde e obediente para que apenas Deus realize Sua grandiosa obra! Por isso, muitas vezes é necessário admitir e reconhecer minha impotência diante de alguns adictos e dizer “não” às minhas vaidades, ao meu orgulho, aos meus caprichos e desejos onipotentes.

E neste percurso, me deparo mais uma vez com a mensagem que às vezes teimosamente insisto em não seguir: que preciso escutar e obedecer a Deus acima de qualquer coisa.  E entendo que é assim, que alguns adictos finalmente levantam seus vôos mais altos e necessários, passando a acreditar que para se transformar em uma águia basta apenas o desejo em sê-la.  E que é preciso abrir mão de alguns lugares, de alguns amigos e voar acompanhado de outras águias, rumo ao mesmo objetivo.  E só depois que alçarem vôos bem altos e seguros que conseguirão ajudar o outro, realizando assim o 12º passo que os grupos de mútua-ajuda sugerem e ensinam.

 Se viverei mais 50 anos, não sei. Mas é com o coração encharcado de gratidão e como cristã que sou, que me dirijo a Deus neste momento e neste dia, agradecendo a Ele por ter me dado o privilégio de poder estar aqui durante tantos anos! Obrigada Senhor, por Suas palavras que me transformam e me fazem renascer a cada dia.

Obrigada Jung por me fazer compreender, acreditar e aceitar que só a Ciência não basta e que é preciso algo mais.

Obrigada Bill e obrigada Bob, que com um verdadeiro espírito de união, solidariedade, desprendimento e amor ao próximo, me “apresentaram” e me deixaram uma linda e funcional filosofia que me norteia a cada dia, mesmo não sendo alcoólica e/ou adicta. Obrigada por me “emprestarem” estes 12 princípios e passos, hoje já incorporados e gravados em minha alma.

 Só por hoje eu os agradeço eternamente e levanto um brinde à sabedoria e à vida.

E a você adicto, deixo o meu carinho e a certeza de que o vôo é possível sim, desde que você se permita.

É...não existe vôo mais seguro e mais alto do que o vôo na presença de Deus!!

Então, voa adicto... voa em busca de sua liberdade, sobriedade e de sua recuperação!

E um feliz vôo! Deus o abençoe.
Com carinho e amor, Marília - http://www.universoadicto.com.br/

APRESENTAÇÃO DA AUTORA ®

Marília Teixeira Martins
Sou psicóloga atuando também na área de Dependência Química, tema que sempre me fascinou.  E falar sobre ele  eu sei, exige cautela.  Por outro lado, tornou-se um desafio em minha vida.  Costumo dizer que eu não o escolhi, o tema me escolheu. Mas, porque e para que?  Confesso que durante muito tempo, busquei respostas para esta indagação pessoal, e por mais incrível que possa parecer, ainda não as encontrei.  Resolvi então, aceitar, me entregar ao “chamado” e agir.
Criei um site como o resultado direto de uma dessas ações. E, uma ousadia ainda maior: a publicação de um livro com alguns artigos já divulgados. Um desafio, um sonho, uma realidade. 
Trabalho com o dependente químico desde sua  rendição e pedido de ajuda, passando por seu processo efetivo de recuperação e pela constante sombra da recaída... Até sua libertação dos químicos.  Enfim, por sua incessante busca de crescimento e de reencontro consigo mesmo.
Como uma criança que nasce e passa por vários estágios até seu completo caminhar, o dependente químico que quer vencer alcança sua sobriedade e recuperação.  Resgata tudo e todos que perdeu em função de uma doença tão devastadora, deixando de ser o “escolhido”, abraçando com muita dignidade e garra sua liberdade em “escolher”.
Conheço de perto a luta que enfrentam. Portanto, a todos  que optaram por sua sobriedade e recuperação e àqueles que ainda não optaram mas estão a caminho, o meu profundo respeito e  admiração.
Marília Teixeira Martins  - Psicóloga Clínica

LIVRO PUBLICADO: UNIVERSO ADICTO – Dependência Química: O Caminho da Recuperação – Alcoolismo e Drogadicção – Volume 1
Editora: Cobertura Cristã

Observação: Em breve será publicado a 2ª Edição

LIVRO A SER LANÇADO: UNIVERSO ADICTO – Dependência Química: O Caminho da Recuperação – Alcoolismo e Drogadicção – Volume 2

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