terça-feira, 21 de junho de 2011

O Segredo de Alcoólicos Anônimos


O Segredo de Alcoólicos Anônimos ® Por Leonardo Ramalho
    Desde a minha adolescência, precisamente aos 15 anos de idade, comecei a ter um comportamento exagerado com a bebida alcoólica, porém a progressividade do meu alcoolismo foi lenta. Contudo, o meu desequilíbrio emocional decorrente do abuso do álcool se tornou meu companheiro de copo a partir do primeiro porre, pois em cada dose que eu bebia estava sempre presente o tempero das vaidades.

 Portanto, quando parei de beber aos 33 anos de idade, percebi que muitos dos meus sentimentos ainda estavam bêbados e a isso eu chamei de ressaca espiritual, encontrando alívio através do exercício do 4º Passo de AA que é chamado também de Inventário Moral, onde encontrei a coragem necessária para enfrentar a virtude do perdão. Exercício este, que considero o maior desafio do ser humano.

Ao entrar no A.A. o orgulho foi meu primeiro oponente que comecei a combater, aceitando com consciência que sou um alcoólatra, bem como portador de uma doença chamada alcoolismo, que não tem cura, mas que pode ser interrompida desde que eu evite o primeiro gole. 

A primeira sugestão de AA: "Evite o primeiro gole", sugere também evitar a primeira dose de orgulho, da impaciência e da intolerância, até que possamos "beber" doses de virtudes como forma de libertação da culpa. Assim, "evitando o primeiro gole" sou recompensado pela sobriedade, que favorece à calma e me conduz à serenidade necessária para abrir uma janela para a alma, onde convivo com meu passado sem medo de construir o homem novo que há em mim.

Logo que parei de beber me defrontei com hábitos bastante enraizados em minha mente: pedir um "drink" quando se está num bar, num restaurante, com os amigos e mesmo num encontro com a mulher amada. Porém descobri que essas regras e padrões sociais são perfeitamente dispensáveis, pois não é a bebida alcoólica que faz esses momentos especiais, mas quando compartilhamos nossas emoções com serenidade.
 No entanto, para quem não tem problema com o álcool é muito bom, mas para um bebedor-problema essas ocasiões podem se tornar em sérios incômodos. Na verdade, quem é chegado a "tomar umas e outras" sempre fica de "fogo", cria situações preocupantes, faz "palhaçadas" e torna-se ridículo e aberto a críticas contundentes que o tornam chato e agressivo.

Na minha experiência de A.A. descobri que a fé pode curar a dor e despertar a coragem inteligente para se atravessar o "vale das sombras", apenas com uma tocha de luz erguida para o alto. Embora eu tenha bebido minha fé em doses de insensatez por muito tempo, nasceu em mim à determinação de resgatá-la dos escombros que envolviam minha alma. E com a vontade de vencer despertada dentro de mim, iluminei o caminho do meu coração com alegria e aprendi a me reconciliar comigo mesmo e com o sofrimento.

Ainda hoje, aos 53 anos de idade, sinto vontade de beber em certas ocasiões, porém não desejo voltar a beber. Com certo tempo de sobriedade apoiada pelos Alcoólicos Anônimos é que percebi que para se libertar do desejo de beber é necessário "plantar" e "regar" o desejo de não beber.
 Assim, compreendi finalmente, o primeiro ensinamento de A.A.: "Para ser membro de A.A. basta o desejo sincero de abandonar a bebida". Graças a esse novo hábito que introduzi na minha vida, descobri que não preciso de bebidas alcoólicas para nada e que o grande segredo de Alcoólicos Anônimos está na próxima reunião.

Não bebo desde 1987

Evitar o primeiro gole é o princípio e o fim® - 2007

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