quarta-feira, 15 de junho de 2011

Quinta Tradição


O Propósito Primordial de Alcoólicos Anônimos
Por duas vezes fui solicitado a falar sobre a Quinta Tradição, que trata de nosso propósito primordial. Uma delas na abertura da Convenção Nacional de A.A. na cidade de Arequipa, no Peru, quando então atuava como Delegado à Reunião de Serviço Mundial e participava da Reunião das Américas (REDELA), naquela cidade. A outra, em um grupo, na cidade de Belo Horizonte/MG. A princípio, este tema me pareceu muito fácil. Porém, depois de refletir a respeito do mesmo comecei a compreender a importância e as profundas implicações que tem este “Propósito Primordial” na minha recuperação, em nossas recuperações, e na recuperação daquele que está por chegar.

Minha experiência é que, graças a este Propósito Primordial, é que estou aqui falando com vocês e que, devido a ele, tenho a certeza de que nossa verdadeira recuperação se faz com base em nossos três legados: Recuperação, Unidade e Serviço. Para minha recuperação pessoal tenho Doze Passos “sugeridos”, para nossa Unidade e boa convivência com a comunidade interna e externa de A.A. tenho as Doze Tradições e, para o Serviço Mundial, desde o grupo até a Reunião de Serviço Mundial, tenho os Doze Conceitos.

Para mim o resumo da prática destes princípios, em minha vida, constitui o Propósito Primordial de A.A. – a transmissão da mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Uma mensagem de amor, fé e esperança transmitida por meio da Linguagem do Coração!

Nosso Preâmbulo termina com a citação: “Nosso propósito primordial é mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos a alcançarem a sobriedade”.  Destaco as palavras “mantermo-nos sóbrios e ajudar outros alcoólicos…” Portanto, devemos, em primeiro lugar, mantermo-nos sóbrios: “primeiro as primeiras coisas”. Como fazê-lo? Creio que a melhor maneira é praticando todos os Doze Passos sugeridos, da melhor maneira possível.

Porque “os Doze Passos de A.A. consistem em um grupo de princípios, espirituais em sua natureza que, se praticados como um modo de vida, podem expulsar a obsessão pela bebida e permitir que o sofredor se torne íntegro, feliz e útil”.

Como ajudar outros alcoólicos? A resposta está em nosso Décimo Segundo Passo: “Tendo experimentado um despertar espiritual, graças a estes passos, procuramos transmitir esta mensagem aos alcoólicos e praticar estes princípios em todas as nossas atividades”.

Bill W. nos legou isto, no capítulo sete do livro Alcoólicos Anônimos: “A EXPERIÊNCIA prática demonstra que não há nada que assegure tanto a imunidade contra a bebida como o trabalho intensivo com outros alcoólicos…”

Muito bem! Estou sóbrio, ajudo outros e participo de um grupo base.

Grupo Base: é o grupo que escolhi para fazer minha recuperação e aonde assumo responsabilidades de serviço, faço e mantenho amizades, e onde tenho o direito de votar e, portanto, participo da consciência coletiva do grupo – processo que constitui a pedra angular da estrutura de serviço de A.A. (Página 20, Ed.2002, O Grupo de A.A.)

No grupo estou sob a orientação das Doze Tradições que são os princípios que orientam “os meios pelos quais A.A. mantêm sua unidade e se relaciona com o mundo...”

Nestes princípios está incluso nossa “Linguagem do Coração” - um alcoólico falando com outro - que é a prática da Quinta Tradição. Esta Tradição estabelece o propósito primordial de A.A.: “Cada grupo é animado de um único propósito primordial: o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre”.

Para mim, nossa Quinta Tradição é o coração, o centro de A.A., em torno da qual se move o mundo de A.A.: o mundo da Recuperação, Unidade e Serviço.

A vida de A.A. depende de quão bem nós nos adequamos a estes princípios. E nosso princípio básico e primordial é ajudar os outros alcoólicos que estão fora de si, perdidos nas ruas das ruínas espirituais, sem rumo, buscando alguém que lhes estenda as mãos, e por isto, eu sou responsável. Porque nossa declaração de responsabilidade é muito clara: “Quando qualquer um, seja onde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isso eu sou responsável”.

Agora, meus irmãos, gostaria de chamar a atenção de todos para uma comparação e um fato muito importante. Se, por exemplo, a Quinta Tradição é o mostrador e os ponteiros do relógio de A.A., a Sétima Tradição é a fonte de energia que movimenta as suas engrenagens - que somos nós - que fazem os ponteiros se movimentar.

Portanto, sem a energia que mantém o movimento, que é a Sétima Tradição, da mensagem de A.A. - nosso único propósito - não chegará àqueles que dela necessitam. Portanto, aqui, tenho a responsabilidade de recordá-los da grande espiritualidade que se reveste nossas contribuições a A.A. Por isto a necessidade que nós, servidores de confiança de A.A., temos de levar, de transmitir a conscientização sobre a Sétima e de seu poder, que além de salvar vidas, contribui para a grande Unidade de A.A.

Para isto “Deus, em Sua infinita sabedoria, nos concedeu três preciosas graças: 1) a libertação de uma aflição mortal; 2) uma experiência que nos permite levar a outros esta inigualável libertação; 3) uma visão cada vez mais ampla da realidade de Deus e de Seu amor. Que nós, os Alcoólicos Anônimos, permaneçamos sempre dignos destes três dons da graça e das supremas responsabilidades que agora são nossas…” (Página 399, ed. 2005, A Linguagem do Coração).

Muito obrigado e que Deus, na concepção de cada um, com seu infinito amor, nos abençoe a todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário