domingo, 11 de dezembro de 2011

Caminhada de um Ateu


Caminhada de um Ateu

Quatro membros de A.A. foram chamados a um hospital, como último recurso, para verem um homem que estava à beira do colapso físico e mental.Tinha sido internado numa instituição estatal como alcoólico e, provavelmente, aquele seria o seu último lar.A.A.? Bem, decidiu ele, nada podia ser pior que sua situação atual. Assim, concordou em conversar com o pessoal do A.A., com uma condição: não queria saber desse negócio de Deus. Era ateu declarado e, neste ponto, foi claro. Não tinha a menor intenção de mudar, quaisquer que fossem as conseqüências.Os quatro falaram. ele escutou, no fim, estava interessado. Só havia um problema: Deus. Se esta idéia era parte do programa de A.A. não era para ele. Os quatro AAs quedaram-se a pensar. De súbito, um deles falou, no início sutilmente, sem saber como este novo enfoque seria recebido. Mostrou a crítica situação do paciente, sua desesperança, sua doença. Enquanto falava, convencia-se de
que estava no caminho certo. Mostrou-lhe que ele e seus três companheiros estavam sóbrios e pretendiam assim permanecer. Estavam trabalhando e eram felizes. Seguramente, eles estavam em vantagem diante do paciente. O paciente não podia contestar esse ponto. Então, não poderia ele considerar alguma espécie de poder superior o qual o ajudaria a restaurar a sanidade?Ele pensou e, de algum lugar, no fundo de sua mente sombria e confusa, cintilou um fio de esperança. Sim, disse-lhes. Eles podiam representar o seu poder superior, ele podia entregar sua vida aos cuidados deles.Os quatro AAs olharam-se entre si, afinal era algo para começar, mas não era muito.Foi, de fato, um longo e lento processo, mas gradualmente a teia de aranha começou a desfazer-se.À medida que o paciente ia lendo mais e mais sobre o A.A., mais ansioso ficava pelas visitas dos seus quatro amigos e de outros membros do grupo que agora também vinham vê-lo. Seu corpo demorou
mais a curar-se que a sua mente. Foi um dia memorável quando ele, finalmente, pôde vestir-se e dizer adeus ao hospital, aos médicos e às enfermeiras que o ajudaram a restaurar-se fisicamente. Enquanto vestia-se, pensava como sua saída do hospital era diferente das outras vezes. Sua confiança, sua fé naqueles quatro homens tinham tornado isso possível. Mas, poderia ele permanecer sóbrio além daquelas portas? Bem, podia tentar por hoje. Ele atirou-se ao trabalho em A.A. com todas as energias que pôde reunir, assistindo a várias reuniões por semana. Seu corpo ainda estava um pouco debilitado, mas ele jamais demonstrou cansaço para atender um pedido de abordagem. A lembrança do seu primeiro contato com o A.A., e o que aquele contato significava paraele, jamais será esquecido.Um dia, foi chamado para ver alguém necessitando de ajuda. Quando chegou, verificou que o destino lhe tinha preparado uma estranha coincidência. O alcoólico a abordar
era um padre.Ele tratou do assunto com o máximo de cuidado e prudência pois estava diante de um desafio diferente de qualquer coisa que já tivesse ou imaginasse enfrentar. Ele, que sempre evitara os homens de Deus, devia agora encontrar as palavras adequadas para se comunicar com um deles. Começou titubeante, mas logo encontrou uma forma diferente de conversar com o padre - este companheiro alcoólico. Uma calorosa amizade surgiu entre os dois e foi um dia especial, de muita alegria, quando de tornou padrinho do padre. Aprenderam muito um com o outro. Ou, talvez. Em cada caso, o conhecimento estivesse ali desde o início esperando apenas a pessoa certa para emergir.Nos anos subseqüentes, este homem foi chamado muitas e muitas outras vezes para ajudar alguém a encontrar o caminho da sobriedade. Duas dessas abordagens o levaram, novamente, a ministros religiosos. Por duas vezes mais, teve o privilégio de apadrinhar homens de Deus - no momento seu
Deus também.Ele partiu deste mundo depois de sete anos de sobriedade contínua, em paz com Deus e consigo mesmo. Sua herança é a mesma legada por outros membros de A.A. em qualquer parte: um mundo mais valioso que qualquer riqueza terrena. É um legado de vida personificada por homens e mulheres a quem ele ajudou e em outros alcoólicos a quem estes, por sua vez, estenderam a mão.

Fonte: Came to Believe (Viemos a Acreditar)

Vivência n° 15 – Janeiro/Março 1991

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