domingo, 29 de maio de 2011

Outros Problemas Além do Álcool


Outros Problemas Além do Álcool
 Como bem esclarecia nosso velho mentor Donald L. em seu excelente trabalho: “para atender à necessidades especiais, membros de A.A.
seriam chamados 'grupos de A.A.' e não seriam registrados, como tal, no 'arquivo central'”. Mais adiante destacava: ”estes grupos especiais têm papel importantíssimo em que facilitam acesso ao programa dos Doze Passos...”.
 Logo, a solução para aqueles que têm “outros problemas além do
álcool” consiste em reunirem-se, como membros de A.A., para levar
avante o programa de recuperação.
 Todos os Passos são importantes a debate nesse tipo de reunião,
contudo, no meu modesto entender, o Quinto Passo seria aquele que
mais agregaria alguns membros de nossa Irmandade.

Examinemos alguns casos mais comuns em nossos grupos:
- Mulheres – a maioria tem problemas pessoais típicos da natureza
feminina e que, com as deformações de caráter exacerbadas pelo
alcoolismo, precisam compartilhar e serem compreendidas;
- Jovens – seus problemas existenciais, a necessidade de
auto-afirmação, os conflitos da adolescência e a dificuldade de comunicação com os mais velhos, tudo agravado com o alcoolismo em atividade, requerem uma igualdade de identificação para serem
debatidos;
- “Cruzados” – alcoólatras típicos com adição de outras drogas, que
buscam em nosso programa eliminar a dupla dependência e são, muitas vezes, censurados pelos “alcoólatras puros” quando tentam praticar seus Quintos Passos em reunião regular.
Cientes de que não somos exatamente iguais, não apenas como indivíduos, mas também por grupos de companheiros e companheiras que, discriminados pela sociedade ou com dificuldades de identificação, têm o direito e a necessidade de aprofundarem-se no programa, fazendo o inventário moral e admitindo “perante outro ser humano a natureza exata de suas falhas”, precisamos criar condições favoráveis para que eles pratiquem esse Quinto Passo.Em 1990, durante o Encontro Estadual gaúcho, realizado em Caxias do Sul, uma “mini-Conferência” corajosamente assim debateu o assunto: “já é tempo de pensarmos no futuro de A.A., a cada dia chegam a nossos grupos maior número de mulheres, de jovens e de ‘cruzados’, e a eles cabe-nos incentivar a prática total do programa e oferecer facilidades para que compartilhem, dentro dos grupos tradicionais (em dias e horários diferentes das reuniões de recuperação) em Reuniões de Propósitos Especiais!”As experiências nesse sentido têm sido tímidas, mas bem sucedidas.
Assim, foi levada essa preocupação à Conferência de Serviços Gerais de 1994, em Teresina, Piauí.Naquela ocasião a Conferência recomendou o debate do tema nos eventos de A.A. por todo o País, objetivando maior conscientização e responsabilidade acerca do assunto.Por fim, em 1995
em Santos, São Paulo, voltando à pauta, a Comissão de Normas e Procedimentos emitiu a Recomendação N° 12 nos seguintes termos:
“Que as Reuniões de Propósitos Especiais continuem como tal, isto é, não podendo transformar-se em ‘grupos’ e sejam incentivadas e apoiadas pelos grupos e órgãos de serviço estaduais e locais, a fim de garantir o pleno acesso ao nosso Programa da Recuperação às mulheres, jovens, homossexuais e outros segmentos vítimas de discriminação pela sociedade.”.Contudo, ainda há quem questione este tratamento proposto a nossos companheiros e companheiras com outros problemas além do álcool, sob argumentos como “A.A. só cuida de alcoolismo” e que essas pessoas “procurem outros grupos que tratam especificamente de seus problemas, ou, ainda, ”que estamos criando elites em A.A.!”.Gostaríamos de ponderar que tais argumentos refletem, em primeiro lugar, a já citada discriminação que estaríamos fazendo a irmãos com seu problema maior (alcoolismo) igual ao nosso.
Em segundo, de que enviá-los a outros grupos, certamente lá irão encontrar o mesmo programa de recuperação que estamos tentando praticar – Os Doze Passos.Criar “elites em A.A.” seria se estimulássemos “grupos de médicos, de advogados ou até mesmo de operários”. Mas o que se propõe é que eles fiquem conosco até o fim, isto é, que continuem membros de A.A. e, aqui mesmo, resolvam seus “outros problemas”.Se dermos uma olhada na lista de literatura de A.A.
disponível, iremos encontrar, entre outras, as seguintes: “Outros Problemas além do Álcool” – “O Membro de A.A. e as Drogas” – “Carta a uma Mulher Alcoólica” – “Os Jovens e A.A.” – “Você Pensa que é Diferente?” – “Memo. a um Recluso que pode ser um Alcoólico”, e assim por diante...Por quê, então, redigimos tanta literatura a respeito destes temas? Simplesmente porque sempre foram assuntos pertinentes ao A.A. Ou cuidamos apenas de alcoolismo que, aparentemente, é nossa única finalidade, ou vamos aceitar a realidade dos fatos, oferecendo
dentro de A.A. a possibilidade de recuperação plena a nossos irmãos e irmãs alcoólicos que trazem consigo outros problemas?Desta decisão, entendemos, depende o futuro de nossa Irmandade...

Joaquim Inácio

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