segunda-feira, 16 de maio de 2011

O grupo e o relacionamento com a sociedade

O grupo e o relacionamento com a sociedade

Sabemos que o princípio básico de A. A. é um alcoólico conversando com outro alcoólico, e seu único propósito é a transmissão da mensagem ao alcoólico que ainda sofre. Foi exatamente assim que tudo começou com Bill W. Conversando com o Dr. Bob e posteriormente, os dois passaram suas experiências a outro alcoólico, iniciando aí o que mais tarde se tornaria esta extraordinária Irmandade mundial que há 72 anos vem ajudando milhares de doentes alcoólicos a paralisarem com a bebida.
Para que a Irmandade conseguisse crescer e solidificar como uma instituição, foi necessária a participação ativa de várias pessoas não alcoólicas, que deram seu tempo e sua boa vontade para nos ajudar. Possivelmente, sem a ajuda desses amigos, dificilmente Alcoólicos Anônimos chegaria a 180 países levando a sua mensagem e salvando milhões de vidas.

Pelo fato do alcoolismo ser um problema milenar, mesmo antes de existir Alcoólicos Anônimos, já havia pessoas não alcoólicas trabalhando na tentativa de resolver o problema. Em nossa história, o primeiro não alcoólico que teve uma influência muito grande na formação da Irmandade, foi o Dr. Silkworth, o médico que cuidou de Bill W. Algum tempo depois de sua participação nos Grupos Oxford, Bill W. procurou o Dr. Silkworth e comentou com ele sobre o seu fracasso com os bêbados. Contou para o médico que enquanto falava com os bêbados, ele, Bill, não tinha vontade de beber, mas nenhum dos bêbados conseguia ficar sem beber. Após ouvi-lo, Doutor Silk escreveu uma página fundamental na história de A. A.: “Veja Bill”, ele disse, “você somente conseguiu fracassos porque está pregando a esses alcoólicos. Você está lhes falando a respeito dos preceitos do Grupo Oxford – (os absolutos)... e da sua misteriosa experiência espiritual.... Isso é uma ordem...” e continua. Foi depois desse conselho do Dr. Silkworth, é que Bill W. viajou para a cidade de Akron e encontrou o Dr. Bob. Vejam o que Bill relata no livro “A. A. Atinge a Maioridade”: “Agora – conversando com o Dr. Bob – lembrei-me de tudo o que o Dr. Silkworth tinha dito. Então fui devagar com minha experiência religiosa. Comecei a falar apenas a respeito de meu próprio caso, até que ele se identificou comigo e começou a dizer: “Sim, é isso mesmo. Eu sou assim.” Como o Dr. Silkworth, houve muitos outros não alcoólicos que participaram ativamente na construção de A. A., como: Walter Tunks e Padre Edward Dowling, Samoel Shoemaker (religiosos), Henrietta Seiberling, Irmã Ignátia, Dr. Harry Tiebout (Psiquiatra), Dr. Bernard Smith, Willard Richardson, Frank Amos, Jack Alexander, John D. Rockfeller Jr., T. Henry e Clarace Willians, e muitos outros.
Assim como estes amigos tiveram participação ativa na formação de A. A., hoje continuamos precisando dos não alcoólicos, pois, dificilmente, conseguiremos continuar com os nossos trabalhos sem esta cooperação. Sabemos também, que para mantermos um bom entrosamento entre A. A. e a sociedade, precisamos antes de mais nada nos preparar internamente, para levarmos uma mensagem correta sobre quem somos, onde estamos, o que fazemos e o que não fazemos. Só assim, poderemos cumprir a nossa Quinta Tradição sem trazer prejuízos para o grupo, bem como para a Irmandade como um todo.

Atualmente, o CTO-Sede e os CTO’S dos Distritos têm recebido pedidos de informações de todas as partes como, representantes de Hospitais, Universidades, Escolas, Empresas, Justiça, Conselhos Tutelares e outros – às vezes, estes pedidos são feitos diretamente aos grupos. Porém, a falta de informações interna e externa sobre a nossa Irmandade, tem ocasionado algumas dificuldades nesta relação, pois, a abertura dos Grupos para a participação ativa de não alcoólicos nos grupos, tem confundido a forma de se relacionar com a sociedade. Eles entendem que relacionar com a sociedade, é permitir a participação de não alcoólicos em todas as reuniões do grupo, porém, não percebem que agindo assim estão ferindo praticamente todas as Tradições, ou seja, a 1ª, 3ª, 4ª, 5ª, 7ª, 10ª e 12ª. No entanto, conforme consta no livreto “O Grupo de A. A.”, o grupo poderá realizar reuniões fechadas destinadas exclusivamente a membros de A. A. e a pessoas que têm um problema com a bebida e “têm um desejo de parar de beber” e reuniões abertas que são franqueadas a qualquer pessoa interessada no programa de recuperação do alcoolismo sugerido por Alcoólicos Anônimos. Entendemos que estes problemas acontecem, por falta de conhecimento das Tradições e de como é feito o trabalho de informação à sociedade. Para a prática deste trabalho existe o CTO-Comitê Trabalhando com os Outros que cuida dessa atividade, onde seus integrantes se preparam antes de entrar em ação. A formação deste Comitê se dá a partir do grupo, quando este elege o seu RCTO (Representante de CTO) e ele junto com os outros RCTO’s de outros grupos, formam o CTO do Distrito.
Devemos lembrar que nós os membros somos anônimos, porém, a Irmandade não. “Precisamos levar a mensagem, caso contrário, nós mesmos poderemos recair, e aqueles a quem não foi dada a verdade podem perecer”. (Manual de Serviços).
Precisamos colocar a Irmandade à disposição de quem precisar e quiser. Porém, devemos ter cuidado para não afiliarmos há nenhum movimento ou instituição como nos orienta a Sexta Tradição. Também, não devemos oferecer serviços que fogem do nosso propósito primordial. Como exemplo, os Grupos estão vivenciando uma fase de complicações, ou seja: algumas instituições estão enviando familiares de alcoólicos internados nas mesmas, para freqüentar às reuniões de A. A. e com isso, adquirir condições para visitar seus parentes. Isso, sabemos que não está correto, pois, estas pessoas além de participar indevidamente das reuniões, ainda solicitam do Grupo, uma declaração de sua freqüência. Sendo que o Grupo não tem personalidade jurídica e é anônimo, ele não poderá atestar nada e nem dar declaração, pois, a finalidade do Grupo de A. A. é a troca de experiências entre os seus membros para conseguirem permanecer sóbrios. O Grupo de A. A. não pode resolver os problemas de todo mundo, se assim, ele proceder, irá se perder e não irá ajudar ninguém.

Conforme as coisas vão se modificando na sociedade a cada dia, vai se tornando necessário e urgente, a busca do conhecimento das Tradições pelos grupos para que possam se proteger das interferências externas em seus assuntos.
Bill W. com a sua sabedoria e a iluminação divina, Bill forjou às Tradições para proteger o grupo tanto dos membros e das influências externas. Para tanto, a Nona Tradição fala da criação e/ou formação de juntas ou comitês para nos servir e serem responsáveis pelos serviços que o grupo como tal não deveria fazer. Por isso, devemos deixar que os serviços sejam executados por quem de direito. Vamos respeitar a Quarta Tradição e observar o alerta desta Tradição que diz: “Sapateiro não vás além de tua chinela”.
Como o grupo deve proceder quando se ver diante dessa situação?
De quem é a responsabilidade para cuidar desses assuntos?
O que o grupo de A. A. pode fazer e o que ele não pode?
A presença de pessoas não alcoólicas em todas as reuniões do grupo de A. A., fere alguma Tradição ou não?

Quem cuida do relacionamento do grupo com a sociedade?

Obrigado,

Servidor
Setembro/2007

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