quarta-feira, 18 de maio de 2011

Abaixo o preconceito

Abaixo o preconceito

Companheiro Isaias - Ex-Custódio da Região Sudeste

ESTÁ HAVENDO DISCRIMINAÇÕES EM A.A.?

Em 1939 a primeira edição do livro "Alcoólicos Anônimos" já firmava as bases do que viria a ser uma das mais queridas tradições, quando dizia: "O único requisito para ser membro é o desejo sincero de deixar de beber (...) Simplesmente almejamos ajudar os afligidos por esse mal.".
Assim sendo, com o passar do tempo este princípio mostrou-nos que A.A. nunca deveria ser exclusivo; não deveria excluir ninguém. Pelo contrário, deveríamos ser sempre inclusivos, devendo, portanto, incluir todos aqueles que nos procuram em busca de solução para seu alcoolismo. Para alcançar este propósito, a experiência de A.A. nos ensinou que não devemos ter regras para o ingresso na Irmandade, que um único requisito precisa ser atendido, o desejo de abandonar a bebida.
Este entendimento, hoje bem sedimentado entre nós, porém ainda não é suficientemente forte ou não foi devidamente aprofundado, para entendermos que a aplicação da Terceira Tradição vai além da chegada do membro pela primeira vez em uma sala de reuniões de A.A. Vejamos:

"Discriminação: Tratamento pior ou injusto dado a alguém por causa de características pessoais; intolerância, preconceito.
Ato que quebra o princípio da igualdade, como
distinção, exclusão, restrição ou preferências, (o grifo é nosso) motivado por raça, cor, sexo, idade, trabalho, credo religioso ou convicções políticas (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). "

Duas definições para a palavra discriminação. Ao aceitarmos a Terceira Tradição como permanente norma de procedimento para o recebimento de novos membros, conseguimos suplantar o contido na primeira definição. Quanto à segunda, precisamos levar em consideração algo ali contido e para nós de fundamental importância: o princípio da igualdade. No livro "Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade", página 87, existe um alerta sobre este princípio quando diz: "As Tradições garantem a igualdade de todos os membros...".
Atualmente nos deparamos em A.A. com alguns costumes que nos trazem preocupações quanto a quebra do princípio da igualdade entre nós. À luz deste princípio vejamos alguns procedimentos que contém características discriminatórias:

RESTRIÇÃO – Livro de assinaturas – ao criar constrangimento a membros ou visitantes que não saibam assinar, pode restringir a sua participação nas reuniões.

EXCLUSÃO – Reunião fechada só para membros ou pessoas que tenham problemas com a bebida - exclui aqueles que nos procuram "pela mera suspeita de que possa ser um alcoólico".(A Tradição de A.A. Como se Desenvolveu – pág.16)

DISTINÇÃO – Fichas por ingresso ou tempo de sobriedade – atinge profundamente o princípio de que o programa "é só por hoje", ao evidenciar a distinção por tempo de permanência em A.A.

DISTINÇÃO / PREFERÊNCIAS – Festa por tempo de abstinência alcoólica – transformou - se em verdadeiras homenagens, que vão de encontro ao objetivo do programa que é o desinflar do ego. Criam a tendência de privilegiar - se àquele ou aquela que possam oferecer grandes "festas" em detrimento dos que não podem fazê-lo.

DISTINÇÃO – Aplausos e palmas – privilegiam alguns com a maior ou menor intensidade da ovação.

EXCLUSÃO – Orações e preces em conjunto realizadas ao início ou final das reuniões – excluem aqueles que não são religiosos, quebrando o princípio de que a prática do programa é individual.

DISTINÇÃO / EXECUÇÃO / RESTRIÇÃO / PREFERÊNCIAS – Lista de contribuições, rifas e GAF (Grupo de Apoio Financeiro) – criam distinção ao privilegiar os que podem contribuir com maiores quantias, excluem os que não tem condições financeiras para participarem dessas práticas, restringem a participação dos que o fazem apenas na sacola anônima e voluntariamente como prevêem os princípios e criam a tendência de dar-se "preferência" aos que contribuem mais.

DISTINÇÃO / RESTRIÇÃO – Aquisição ou construção de sede própria –
cria distinção ao tornar o membro que a construíram "benfeitores de A.A."; o fato de não terem contribuído para a construção de tal sede torna-se uma restrição àqueles que chegam depois, porque neste aspecto jamais serão iguais aos que lá já estavam quando da construção ou aquisição da mesma. Além de constituir-se numa violação flagrante da Sexta Tradição e da Garantia Dois do Conceito Doze.

Por tudo isso, somos levados a refletir a respeito da importância de obedecer os princípios de nossa Irmandade. Quando deles nos afastamos colocamos em risco as nossas vidas e a daqueles que ainda estão por vir. A Terceira Tradição visa tornar possível o ingresso e a permanência de qualquer alcoólico em nossa Irmandade. Ao chegar e ao retornar cada dia às salas de A.A., onde a única identificação requerida seja a mínima que de imediato nos identifica: "sou um alcoólico"; que juntamente com a expressão "hoje eu não bebi", torna o indivíduo participante com todos os direitos que as Tradições lhe garantem e mais do que isso, cria a indispensável igualdade que nos une em torno de um propósito comum – a busca da Sobriedade pela Recuperação.

Se buscarmos nos princípios de A.A. as soluções espirituais que comprovadamente funcionam, estaremos livres das ameaças que poderiam por em risco o nosso futuro.
Quando as Tradições pedem a cada indivíduo, Grupo e Setor de A.A. que ponham de lado todos os seus desejos, ambições e ações inconvenientes, elas nos lembram "que a unidade é tão vital para nós, membros de A.A., que não podemos nos arriscar tomando aquelas atitudes e práticas, que têm às vezes, desmoralizado outras formas de sociedade humana".

A Terceira Tradição na sua forma integral alerta – Nossa experiência em Alcoólicos Anônimos nos ensinou que:

"Nossa Irmandade deve incluir todos os que sofrem do alcoolismo. Não podemos, portanto, recusar quem quer que deseje se recuperar. A condição para tornar-se membro não deve nunca depender de dinheiro ou formalidade. Dois ou três alcoólicos quaisquer reunidos em busca da sobriedade podem se auto determinar um grupo de A.A., desde que como grupo não possuam qualquer outra afiliação".

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BIBLIOGRAFIA: Os Doze Passos e as Doze Tradições,
Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade.
A Tradição de A.A. como se desenvolveu - Por Bill W.
Relatório Final da XXVI Conferência de Serviços Gerais

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