quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Abordado pelo Grupo, Reabordado pela Vivência

Abordado pelo Grupo, Reabordado pela Vivência

Ao final da sua primeira reunião, o coordenador lhe disse: "Pois então, leve a reunião para a sua casa".

Ao atingir o pico do meu alcoolismo (fundo de poço), deparei-me com a cruz e a espada... A quebra do orgulho a tanto tempo procrastinada, não pôde mais ser evitada. Desesperado - como dizia o poeta, não tinha medo da morte, mas saudade da vida -, como se a vida estivesse me deixando, ligou para o local de trabalho de minha esposa, que mais uma vez havia saído de casa devido a minhas loucuras alcoólicas diárias, e sendo ela uma praticante dos Grupos Familiares Al-anon, não encontrou dificuldades para aquele para naquele mesmo dia achar um Grupo de A.A., em uma cidade vizinha à nossa.

Chegamos cedo ao local e me lembro do momento de recepção, dos poucos que se encontravam, os que chegaram, os depoentes, meu ingresso. E todos os que vejo chegar hoje - trazendo-me vida, força e esperança através de sugestões e da partilha de experiência -, me fazem render graças a meu Poder Superior pelo privilégio de adentrar uma porta de A.A. onde sou abordado e orientado a evitar o primeiro gole buscando o progresso espiritual em minha recuperação. Desde esse momento, e a cada 24 horas em minha vida, me sinto no lugar certo, na hora certa, com as pessoas certas. Descobri que o Grupo de A.A. e seu programa de recuperação são a chave que me abre a porta da fé para me entregar e servir a um Poder maior.

Os companheiros desse Grupo não me conheciam, como já disse moro em outra cidade, e o companheiro coordenador da reunião daquela noite havia recebido o último número da revista Vivência; no final da reunião, após ler alguns artigos da mesma, abordou-me perguntando como me sentia em relação ao que havia visto e ouvido. Fiquei sem palavras para responder-lhe, tal meu encanto pela transformadora experiência, um prenúncio de liberdade. Colocou o exemplar da Vivência em minhas mãos e prosseguiu: "Pois leve então a reunião para sua casa". Segurei aquela revista nas mãos como se carregasse o tesouro mais valioso.

No retorno para casa, já senti muitas modificações após participar daquela esclarecedora reunião. Tive consciência de ser problemático devido à manifestação de uma doença progressiva, porém estacionária, e que se desejasse bastaria somente admitir minha impotência perante o álcool e uma vida descontrolada (fácil demais, pois essa era a única certeza que tinha sobre mim). Fui folheando a revista, pois estava sem conseguir dormir (dessa vez não pela falta de álcool, mas pela certeza de ter encontrado o caminho
da volta). Uma paz manifestava-se dentro de mim ao constatar que tudo aquilo que os companheiros falaram na reunião e o que estava escrito nos quadros da parede estava contido naquela revista.

A partir desse momento senti-me protegido, senti nascer em mim um amor por esses desconhecidos que, apesar de sua dor e sofrimento, proporcionado pela sua doença, sorriem e falam humilde e honestamente, reduzindo meu ego com palavras simples, orientando-me para a bondade, tolerância e sabedoria necessárias para mim, um alcoólico anônimo em recuperação.

A cada 24 horas sou abordado por companheiros do Grupo e sou reabordado pela revista Vivência, que não só me instrui a melhor conhecer a literatura para melhor levar a mensagem, mas para que aplique em minhas atividades, melhor me conheça e aprenda a viver a doação praticando a espiritualidade de A.A. Agradeço ao meu Poder Superior por me indicar uma porta de A.A., ser aceito pelos companheiros que abriram essa caixa de ferramentas espirituais para juntos partilhamos a Vivência. Mais 24 horas de fé num Poder Superior e de amor em ação.

Kayo - SC

Vivência nº 56.

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