quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As mudanças já não são mais dolorosas

AS MUDANÇAS JÁ NÃO SÃO MAIS DOLOROSAS

Nem todas as mudanças são indolores; principalmente aquelas que nos beneficiarão. Assim foi meu retorno à prisão: doloroso, porém necessário. O pivô? Fácil de ser identificado: a bebida, aliada às drogas fizeram de mim um último reincidente em erros há muito conhecidos.

Na primeira vez em que passei por uma penitenciária, não eram raras às vezes em que eu passava pela sala onde, semanalmente, eram realizadas as reuniões de A.A. E por mais que o tempo fosse passando, eu, sem beber uma só gota de álcool cheguei mesmo a acreditar que jamais teria de recorrer àquele grupo; como de fato não procurei sequer deter-me à porta para ouvir o que era dito por aquelas pessoas.

Mais um ano se passava até que minha liberdade se mostrou de uma maneira nada convencional, pois eu acabara de fugir do regime semi-aberto. Novamente encontrei "refúgio" no álcool; novamente erros cometidos na ilusão de que a bebida trazia-me a força. Senti-me intocável; cheguei a alcançar certa condição financeira estável, mas que rapidamente foi esgotada.

Daí veio nova "estadia" na prisão. Já faz um ano e meio que retornei. É verdade que eu poderia ter ficado mais tempo livre. Porém, também é verdade que tudo um dia tem que acabar. Mais uma vez eu passei por aquela porta. Entrei... No Grupo Recomeço eu recebo a minha ficha de ingresso no mesmo dia em que entrego este texto para a revista Vivência. Se vai ser publicado, não tenho certeza, mas estou certo de estar ingressando em um nível de vida onde só a recuperação é o que importa.

Eu poderia ter ingressado antes, é verdade, pois eu já vinha freqüentando as reuniões há dois meses ou mais, mas eu procurava algo a ser despertado em mim e isso se deu no momento em que pude conhecer a fundo a ideologia simplificada de A.A., a qual está restrita à nossa recuperação e bem estar. Assim, agarrar essa mão que ma fora estendida tornou-se imprescindível.

Hoje enfim, sinto que as mudanças não se mostram mais tão dolorosas. Sinto-me feliz; apesar da condição em que me encontro. Feliz, por saber que no futuro, quando eu sair da prisão, haverá um apoio no qual eu me agarrarei para não voltar à bebida.

Rony W./Piraquara/PR

Vivência nº110 - Nov./Dez./2007.

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