segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Transmitir a mensagem sem ser inconveniente

Transmitir a mensagem sem ser inconveniente

No início de minha recuperação muitas vezes confundia a mensagem de A.A. devido minha própria ignorância do programa.

Hoje sei que exibicionismo e o egocentrismo são comuns entre os alcoólicos. Eu achava que transmitir a mensagem era não ter que preservar o anonimato – para “ajudar” A.A. – como se o mesmo precisasse de mim. Era muita presunção minha. Eu era um indivíduo parvo. Sem beber eu ainda estava bêbado.

O anonimato nada mais é que o exercício da humildade. Sem anonimato não há sobriedade. Veja o que diz o programa: “O anonimato é a humildade em ação e a humildade é a chave da sobriedade”. Claro que não estou dizendo que todo mundo que preserva o anonimato é humilde, mas com certeza está tentando. Ninguém nasce humilde, aprende-se um dia de cada vez.

Vejam o que eu dizia por aí: - “Você vai morrer de tanto beber se não for para o A.A. Pare de beber e vá para o A.A. que sua vida muda 100%”.

Esta é a mensagem de A.A.? Claro que não! Quando falo este tipo de coisa estou sendo uma pessoa má educada, agressiva, inconveniente, chato, deselegante com aqueles que estão bebendo. Lembre-se; “Viva e deixe viver”. “Salve sua vida”. O programa de A.A. não é um programa só para parar de beber; é um programa de reformulação de vida, de mudança. Mudar 100% vai ao encontro deste Programa, pois ele nos orienta a melhorar todos os dias. Vejam o que o programa diz: “Parar de beber é apenas uma condição para se sair de uma situação altamente tensa”. “É um programa para que eu me torne íntegro, feliz e útil”.

Quando lemos os passos percebemos que eles são escritos no passado. São exemplos a serem seguidos. Começa-se o programa de A.A. depois que se para de beber. E mesmo assim muitos membros nunca entram no programa, isto é, não ficam em recuperação. Ficam agredindo como se o sugerido fosse a seu modo. Fazem coleção de “afilhados”, os quais devem lhes render “homenagens” e subserviência como se fossem servos ou escravos, esquecendo que o mais importante é se tiver a consciência do apadrinhamento através da literatura e do grupo.

Claro que não podemos esquecer o que reza o Décimo Segundo Passo: “... a maioria dos alcoólicos é infantil, emocionalmente sensível e cheio de mania de grandeza”. Não é apenas se dizer que é alcoólico e que está em recuperação. Estou em recuperação quando compartilho, quando cuido da minha vida em vez de cuidar da vida dos outros, quando sou capaz de dar amor sem cobrar retorno, quando faço sem aparecer, quando sinto que alguém que veio comigo para A.A. não me deve favores, eu é que devo, quando preservo o anonimato, quando uso o programa na vida diária fora do grupo.

A nossa Quinta Tradição fala do alcoólico que ainda sofre. Quem é ele?

Ele pode estar no grupo todo dia precisando de amor, carinho, atenção, compreensão, orientação, uma palavra companheira. O Décimo Segundo Passo é a mensagem através do exemplo. Uma pessoa pode vir para o grupo comigo sem ser necessário que eu revele ser membro de A.A., pois muitas vezes a simples menção de que se é membro pode interromper de imediato um diálogo que poderia salvar uma vida. “... faça um resumo da sua vida alcoólica até o momento em que você parou de beber. Mas não diga nada, por enquanto sobre como conseguiu.” Esta frase está no capítulo “Trabalhando Com os Outros do livro Alcoólicos Anônimos.

Serenas 24 horas!

J.S. Neto/Natal/RN

Vivência nº110 – Novembro/Dezembro/2007.

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