domingo, 9 de outubro de 2011

Refletindo os Doze Passos

REFLETINDO OS DOZE PASSOS

"A força nascendo da fraqueza, ao amor que não tem preço: a chave do bem viver."

ACERCA DO SURGIMENTO DOS DOZE PASSOS DE ALCOÓLICOS ANÔNIMOS, DE ACORDO COM RELATO FEITO PELO COFUNDADOR BILL W. GRAPEVINE – JUNHO DE 1953.

Dr. Laís Marques da Silva, Ex-Custódio e Presidente da JUNAAB.

10º PASSO

`Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente'.

1) A aproximação do Décimo Passo leva o alcoolista a começar a se submeter ao modo de viver de A. A., sempre e em qualquer situação. Faz-se necessária uma análise contínua de qualidades e defeitos, e o propósito de aprender e crescer por meio desta análise.

Alem da ressaca devida ao excesso de bebida, existe também a ressaca emocional, que é "... fruto direto do acúmulo de emoções negativas ontem sofridas e, às vezes, hoje – o rancor, o medo, o ciúme e outras semelhantes" (Os Doze Passos, p. 79). Para viver com serenidade é preciso eliminar tias ressacas.

Embora iguais em princípio, os inventários diferem de acordo com a ocasião em que são feitos. Há o inventário "relâmpago", que é feito nos momentos de confusão. Inventários diários são feitos para revisar os acontecimentos das últimas 24 horas. Existem ainda os inventários periódicos, feitos para avaliar o progresso de um determinado período.

A dificuldade do inventário reside na falta de hábito de uma análise detalhada. Uma vez adquirido, o hábito passa a ser uma atividade proveitosa, compensando Amplamente o tempo com ele despendido. Muitos alcoolistas têm o hábito de fazer um inventário anual ou semestral.

Existe um preceito espiritual que explica que, cada vez que o indivíduo se sente perturbado, existe algo errado com ele. Entre os sentimentos perturbadores encontra-se o rancor. Quando este é justificado, a literatura esclarece que para o alcoolista este rancor pode ser perigoso: é preferível deixá-lo para as pessoas mais equilibradas, que conseguem mantê-lo sob controle. Outros sentimentos que têm o poder de transtornar as emoções do alcoolista são o ciúme, os ressentimentos, a inveja, auto piedade e o orgulho. "Um inventário `relâmpago' levantado no meio de tais perturbações pode ser de grande valia para acalmar as emoções tempestuosas" (Os Doze Passos, p. 81).

O inventário diário aplica-se para situações que ocorreram durante as vinte e quatro horas. Para todas as situações há necessidade "... de autodomínio, análise honesta do ocorrido, disposição para admitir nossa culpa e, igualmente, para desculpar as outras pessoas" (Os Doze Passos, p. 82).

O desenvolvimento do autodomínio tem prioridade, uma vez que a precipitação ou imprudência pode comprometer uma relação e não permite agir ou pensar com clareza. O autodomínio é necessário tanto para problemas inesperados, como para o momento em que o alcoolista começa a ser bem sucedido. O sucesso leva muito facilmente ao orgulho. Neste sentido, a lembrança de que a sobriedade é resultado da ação de Deus pode funcionar com defesa contra o orgulho desmedido.

A percepção de que todas as pessoas têm falhas começa a gerar tolerância e evidência de que não faz sentido ofender-se com pessoas que sofrem tal qual o alcoolista dos desajustes que acompanham o desenvolvimento. Uma mudança tão radical na forma de ver as coisas pode levar muito tempo. Se são raras as pessoas que conseguem amar a todas as outras, é comum encontrar indiferença e ódio entre as pessoas. O alcoolista, no entanto, não pode manter a idéia de que pode odiar ou temer quem quer que seja. "A cortesia, a bondade, a justiça e o amor são chaves que abrem a porta da harmonia entre nós e as outras pessoas" (Os Doze Passos, p. 84).

Ao final do dia, muitos alcoolistas fazem o inventário das últimas 24 horas. Percebem que boas intenções e atos construtivos estão presentes em sua mente. Por outro lado, o exame dos pensamentos e atos inadequados ou desagradáveis permitem, de modo geral, perceber e entender quais foram os motivos que os geraram. É preciso apenas reconhecer a falha, tentar visualizar qual comportamento teria sido adequado, aproveitar a lição e fazer a reparação se necessária.

Para outras situações, apenas um exame mais detalhado irá mostrar quais foram os reais motivos de algumas ações. Algumas vezes, poderá ter surgido uma justificativa para explicar uma conduta inadequada, e será tentador imaginar que havia bons motivos para o comportamento em questão. "Esta estranha característica do complexo mente-emoção, este desejo pervertido de ocultar atrás do bom motivo, o errado, se infiltra nos atos humanos de alto a baixo" (Os Doze Passos, p. 85). A edificação do caráter consiste em perceber, admitir e corrigir estas falhas. Uma avaliação minuciosa de como foi o dia possibilita agradecer a Deus as graças recebidas e adormecer com a consciência tranqüila.

A PROVA DECISIVA

Quando praticamos os nove primeiros Passos, estamos nos preparando para aaventura de uma nova vida. Mas, ao nos aproximarmos do Décimo Passo, começamos a nos submeter à maneira de viver de A. A. dia após dia, em qualquer circunstância. Logo, vem a prova decisiva: permanecer sóbrios, manter nosso equilíbrio emocional e viver utilmente sob quaisquer condições?

Eu sei que as promessas estão sendo cumpridas na minha vida, mas desejo mantê-las e desenvolvê-las pela aplicação diária do Décimo Passo. Tenho aprendido através deste Passo que, se estou perturbado, há algo errado comigo. A outra pessoa pode estar errada também, mas eu posso tratar somente com os meus sentimentos. Quando estou magoado ou transtornado, tenho que procurar a causa continuamente em mim e preciso então admitir e corrigir meus erros. Não é fácil, mas enquanto sei que estou progredindo espiritualmente, sei que posso considerar meu esforço como um trabalho bem feito.

Descobri que a dor é uma amiga: ela me deixa saber que há alguma coisa errada com as minhas emoções, da mesma forma que uma dor física mostra que há alguma coisa errada com meu corpo. Quando atuo de forma apropriada através dos Doze Passos, a dor gradualmente vai embora.

APÓS A TEMPESTADE, SERENIDADE

Um conhecedor do assunto, disse uma vez, que a dor era a pedra de toque de todo o progresso espiritual. Nós Aas estamos convencidos disso...

Quando me encontro na montanha russa da confusão emocional, recordo que o crescimento é frequentemente doloroso. Minha evolução no programa de A. A. me ensinou que devo experimentar a mudança interior que, mesmo dolorosa, acabará guiando-me do egoísmo para o altruísmo. Se quero ter serenidade, tenho que passar pelo tumulto emocional e suas subseqüentes ressacas, e estar agradecido pelo contínuo progresso espiritual.

UMA PODA NECESSÁRIA

... sabemos que antes da sobriedade vem, obrigatoriamente, o sofrimento resultante da bebida, da mesma forma que antes da serenidade vem o desequilíbrio emocional.

Adoro despender tempo em meu jardim, alimentando e podando minhas flores maravilhosas. Um dia, em que estava diligentemente podando-as, uma vizinha parou e comentou: "Oh! As tuas plantas são maravilhosas, é uma pena ter que cortá-las." Eu repliquei: "Sei como você se sente, mas o excesso precisa ser removido, para que elas possam crescer mais fortes e mais saudáveis."

Mais tarde pensei que talvez minhas plantas sentissem dor, mas Deus e eu sabemos que faz parte do plano e tenho visto os resultados. Então lembrei me logo do meu precioso programa de A. A. e de como nós todos crescemos através da dor. Peço a Deus para me podar quando for a hora, para que assim possa crescer.

A BAGAGEM DE ONTEM

Os sábios sempre souberam que alguém só consegue fazer alguma coisa de sua vida somente depois que o exame de si mesmo venha a se tornar um hábito regular, admita e aceite o que encontre e, então tente corrigir o que lhe pareça errado, com paciência e perseverança.

Tenho hoje mais do que o suficiente para lidar, sem ter que arrastar também a bagagem de ontem. Devo equilibrar as contas de hoje, se quiser ter uma chance amanhã. Portanto, pergunto a mim mesmo se errei e como posso evitar repetir esse comportamento em particular. Magoei alguém, ajudei alguém, e por quê? Alguma coisa que faço hoje acaba transbordando para o amanhã, porém, isso não precisa acontecer com quase tudo, se eu fizer um inventário diário de forma honesta.

CONTROLANDO DIARIAMENTE

Continuamos fazendo o inventário pessoal.

O axioma espiritual referido no Décimo Passo: "toda vez em que estivermos perturbados, não importa qual a causa, há alguma coisa errada conosco" também me diz que não existem exceções a isto. Não importa o quanto os outros pareçam ser ir razoáveis, eu sou responsável para não reagir negativamente. Independente do que está acontecendo à minha volta, sempre terei a prerrogativa e aresponsabilidade de decidir o que acontece dentro de mim. Eu sou o criador deminha própria realidade.

Quando faço meu inventário diário, sei que devo parar de julgar os outros. Se julgo os outros, provavelmente estou a mim mesmo.

Quem mais me perturba, é meu melhor professor. Tenho muito que aprender com ele

ou com ela e, em meu coração, deveria agradecer a essa pessoa.

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