segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A recuperação do servidor: Quando um encargo “subir à cabeça”

A recuperação do servidor: Quando um encargo “subir à cabeça”

(Extraído do Manual de Serviços de A.A., seção da Espanha, na sua edição de 1994.)

Mais de uma década nos serviços da Irmandade talvez nos valha para destacar certos perigos que os servidores podem causar aos próprios servidores. Existe uma tendência de toda a humanidade e, particularmente a alcoólica, de criar uma imagem de si mesma e depois acreditar nela. Para uma pessoa não alcoólica é inclusive possível que isso seja necessário e bom. Um homem que herda a coroa de um país, por exemplo, além de ser rei, deve passar a imagem de rei. Sem dúvida, em Alcoólicos Anônimos, onde a verdade interior de cada membro é de suma importância, o criar uma imagem de si mesmo e depois acreditar nela pode ter consequências muito graves e às vezes fatais.

Temos sido os mestres do engano e da falsidade, das fantasias, dos disfarces e pretextos, e o fato de construirmos outra imagem dentro de A.A. pode acabar com a nossa recuperação. Essa tendência existe entre todos nós e temos que vigiá-la. Quem ainda não viu o coordenador recém-eleito de um Grupo que, de pronto, começa a comportar-se como o executivo de uma multinacional? Afortunadamente, as olhadas, risadas e às vezes as palavras de seus companheiros de Grupo geralmente conseguem tirá-lo de seu pedestal.

Talvez o perigo aumente com os serviços em nível de Área, Conferencia e Junta de Serviços Gerais. Esses servidores que, pela natureza do seu serviço, devem dedicar muitas horas ao trabalho para o qual foram incumbidos, às vezes perdem o contato com o Grupo Base e com o passar do tempo perdem o contato com a sua verdade interior.

Qualquer pessoa que tenha sido indicada para servir fora do seu Grupo Base deve perguntar a si mesma, antes de aceitar o serviço, se dispõe de tempo suficiente para manter-se em contato com o seu Grupo Base, porque se não for assim pode pôr em perigo sua sobriedade. Também dentro do seu Grupo Base, o servidor deve lembrar-se que ali ele não é o Coordenador de Comitê de Área, nem o Delegado de Área e nem um membro da Junta de Serviços Gerais; é simplesmente um outro alcoólico em recuperação, com as mesmas necessidades que os demais membros de expor sua verdade interior, de falar tanto dos seus fracassos como dos seus êxitos, e pedir ajuda sempre que necessitar.

VIVÊNCIA N.° 51 JAN./ FEV. 98

Nenhum comentário:

Postar um comentário