terça-feira, 15 de novembro de 2011

Vejamos a Tradição Um

VEJAMOS A TRADIÇÃO UM

Ela diz que "Nosso bem-estar comum deve estar em primeiro lugar; a reabilitação individual depende da unidade de A.A.".

É provável que nenhuma sociedade valorize tanto o bem-estar pessoal dos membros como faz A.A., e há muito tempo aprendemos que o bem-estar comum deve vir em primeiro lugar; sem isso haveria muito pouco bem-estar pessoal. No princípio nos sentímos mais ou menos como Eddie Rickenbacker e sua tripulação, quando o avião em que viajavam caiu no Pacífico. Eles foram salvos da morte, mas se viram flutuando num mar muito perigoso. Não havia dúvida em suas mentes de que o bem-estar comum vinha em primeiro lugar. Ninguém ousava balançar a balsa, a fim de que todos não fossem colocados em perigo. O pão e a água eram repartidos igualmente; não havia glutões.

Nosso caso era muito parecido com esse, mas alguns de nossos membros doentes e negligentes balançaram a balsa, e isso nos deixou em pânico. Muitos desses primeiros temores chegam hoje a ser até divertidos. O principal temor era o deslize e recaídas. No princípio, quase todos alcoólicos de quem nos aproximávamos começava a ter deslizes, isso quando ele conseguia realmente ficar sóbrio. Outros permaneciam abstêmios por seis meses ou talvez um ano e daí escorregavam. Isso foi sempre uma verdadeira catástrofe. Olhávamos uns para os outros e nos perguntávamos: "Qual o próximo?" Tínhamos medo de que o álcool pudesse nos arruinar completamente, mas hoje em dia vemos milhares de membros completamente sóbrios por cinco, dez, quinze e até vinte anos. As recaídas são dificuldades muito sérias, mas como Grupo as conduzimos a passos largos. O medo desapareceu. O álcool sempre ameaça o indivíduo, mas sabemos que não pode destruir o bem-estar
comum.

Outro grande temor foi o dos romances fora do casamento, os famosos triângulos amorosos. Na maioria dos casos, em nossa Irmandade, as relações familiares tinham sido distorcidas. A bebida tinha convertido o marido em "ovelha negra" da família e a esposa em mãe protetora e possessiva. Quando essa ligação persistiu, depois de A.A., o marido às vezes continuava sua aventura. Mulheres alcoólicas, cujos maridos as tinham por longo tempo abandonado, começaram a aparecer. Aqui e ali começamos a observar explosões que se agrupavam ao redor dessas situações. As pessoas violentamente tomavam partido. Grupos inteiros começaram a entrar em tumultos , e um grande número de pessoas voltou a beber. Alguns atiravam pedras nos pecadores. Temíamos pela reputação de A.A. e sua sobrevivência. Mas finalmente percebemos que não estávamos tendo mais problemas, com relação ao sexo, do que outras sociedades, talvez até menos. Percebemos que essas situações pouco a pouco iam-se modificando, se fossem tratadas com paciência e bondade. Tanto os pecadores como os hipócritas viram a insensatez de suas maneiras. Os alcoólicos, em sua maioria, cujas esposas os tinham visto em seus terríveis dias, voltaram a ser corretos e rigorosos. Os Grupos Familiares Al-Anon surgiram e fizeram maravilhs com relação aos problemas domésticos dos AAs. Dessa maneira, todas essas experiências colaboraram para um final feliz. Hoje em dia, a porcentagem de divórcio entre AAs está entre as mais baixas do mundo. Isso provou que os relacionamentos entre os sexos não iam nos prejudicar tanto, e todos os nossos temores a esse respeito desapareceram.

Mas como outras sociedades, logo descobrimos que havia forças entre nós que poderiam nos ameaçar de uma maneira que o álcool e o sexo não poderiam. Eram elas: desejos de poder, domínio, fama e dinheiro. Essas forças eram mais perigosas, porque eram invariavelmente motivadas pela hipocrisia, autojustificação e poder destruidor da raiva, que geralmente se disfarça como indagação justificada.

O orgulho, o medo e a raiva são os inimigos fundamentais de nosso bem-estar comum. O verdadeiro companheirismo, harmonia e amor, fortificados pelo conhecimento claro e práticas corretas, são as únicas respostas. E o próposito dos princípios tradicionais de A.A. é levar essas forças ao máximo e mantê-las aí. Somente então pode nosso bem-estar comum ser alcançado; somente então pode a unidade de A.A. tornar-se permanente.

(Alcoólicos Anônimos Atinge a Maioridade, pág. 88 e 89)

(VIVÊNCIA MARÇO/ABRIL 97)

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