quinta-feira, 4 de agosto de 2011

"Todos os grupos de A.A. deverão ser auto-suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora"


"Todos os grupos de A.A. deverão ser auto-suficientes, rejeitando quaisquer doações de fora"

(7ª Tradição de A.A.)
Ao ler e estudar mais atentamente a Sétima Tradição junto com as demais notei que:
a) Todas as demais estão de certa forma interligada a ela.
b) Que é impossível de certo modo conviver harmoniosamente com asdemais na falta ou ausência da sétima.
c) dinheiro em A.A. é um "mal" necessário para completar todas as outras? Sim!
Em certo trecho ela diz "Provavelmente nenhuma outra tradição de A.A. nasceu tão dolorosamente como esta". Eu pessoalmente acredito na verdadeira afirmação aqui apregoada pelos nossos co-fundadores. Senão vejamos;

A primeira diz que "nosso bem estar comum deve estar em primeiro lugar", a sala deve contar com nossa auto-suficiência. Ora, bem estar significa entre outras coisas o de termos aproveitado em praticar os Doze Passos para uma harmonia interna de cada um, uma sala bem arrumada, limpa, agradável, cadeiras que proporciona até certo conforto, literatura a disposição para consulta ou leitura, sanitários asseados, iluminação o suficiente e vai por ai afora. Ah. E o cafezinho quentinho, confortador e início de um bom bate-papo que pode salvar vidas ou minimizar sofrimentos. Para isto
precisamos além de bons candidatos servidores para manter estas condições, parte da contribuição vinda da sacola da Sétima Tradição.

A segunda tradição: "Somente uma autoridade preside em última análise, o nosso propósito comum um Deus amantíssimo que se manifesta em nossa consciência coletiva. Nossos líderes são apenas servidores de confiança; não tem poderes para governar".

Ora, se não temos um presidente com autoridade, nem um tesoureiro para executar suas dívidas ou uma diretoria com poderes para expulsar algum sócio faltoso e a que nenhum A.A. é dado traçar a outro uma diretriz ou exigir obediência, pergunto; como sobrevivemos. É através da bondade infinita de um Poder Superior que nos ajuda e incute em nós o sentido da responsabilidade em procurar manter uma estabilidade através do bem servir e uma ajuda que vem da 7ª Tradição, a chamada colaboração espontânea.

Diz a terceira Tradição: "Para ser membro de A.A., o único requisito é o desejo de parar de beber".
Então, como poderemos estar materialmente prontos para receber estes companheiros com seus problemas e complicações? Vimos que "A Experiência ensinou-nos afinal que privar o alcoólico de uma plena oportunidade equivalente por vezes pronunciar sua sentença de morte e amiúde condená-lo a um estado de interminável miséria".

Ao recebê-lo, procuramos além de obtê-lo com sua amizade e darmos o carinho que ele doente alcoólico tanto necessita, também oferecer uma boa recepção sem perguntar de seus erros de sua condição social e financeira, ou ainda religiosa, mas ele poderá ter a certeza que esta porta estará sempre aberta e que não faltara um cafezinho amigo. Isto é também parte da Sétima Tradição. Esta é a mão de A.A.

A Quarta Tradição é categórica; "Cada grupo deve ser autônomo, salvo em assuntos que digam respeito a outros grupos ou a A.A. em seu conjunto". Esta autonomia também significa uma interdependência ao prover o grupo suas necessidades básicas para um bem estar comum, e é a Sétima Tradição que pode nos fornecer estes meios. Autonomia que significa até certo ponto a condição do "podemos sobreviver com sobriedade e dignidade", que é uma entidade individual apenas dependente de sua própria consciência coletiva e a compreensão da necessidade da "sacola" dentro da Sétima Tradição.

"Cada grupo é animado de um único propósito primordial o de transmitir sua mensagem ao alcoólico que ainda sofre". Isto é o que nos diz a Quinta Tradição. E para que isto aconteça, temos que procurar fazer alguma coisa bem feita e não deixar o resto pela metade ou mal feito. "Sapateiro, não vá além de tua chinela...", e isto a meu ver quer dizer que devemos - dentro de nossas capacidades - sempre suprir as necessidades dos outros sem que isto nos afete direta ou indiretamente. Nossas contribuições devem estar rigorosamente dentro de nossas possibilidades tanto material como espiritualmente.

Nesta Sexta Tradição, "Nenhum grupo de A.A. deverá jamais sancionar ou emprestar o nome de A.A. a qualquer sociedade parecida ou empreendimento alheio à Irmandade, afim de que problemas de dinheiro, propriedade e prestígio não nos afastem do nosso objetivo primordial". Não podemos negar que a princípio tivemos sonhos de grandeza para nós e para A.A. como um todo. Mas, a Sétima Tradição nos trouxe a realidade de nossas legítimas e urgentes necessidades que era e é a humildade e a simplicidade como modo de vida. Compreendemos que o sentimento de grandeza com auréola de orgulho tinha-nos jogado nos braços do poderoso álcool.

"Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos centros de serviço possam contratar funcionários especializados". É o que diz a Oitava Tradição, isto é, dar de graça o que de graça recebemos. Também entendemos o sentido de que dinheiro e espiritualidade não se misturam "exceto conforme nosso co-fundador Bill - a sacola da Sétima Tradição onde eles se completam". Pertencemos a A.A. e formamos grupos onde damos e recebemos conforme nosso entendimento de cada um. Entre nós existe na realidade uma troca de necessidades e premência de um crescimento espiritual. É o dar pelo dar e o receber com humildade. Somos todos sem exceção da mesma "altura" em nossos sentimentos e em nossas dores assim, nos unimos em torno de nossas próprias necessidades.

A Nona Tradição diz; "A.A. jamais deverá organizar-se como tal; poderemos, porém criar juntas e comitês de serviço diretamente responsáveis perante aqueles a quem prestam serviços". Afinal nossa organização é feita pela compreensão de cada indivíduo e das prioridades de cada um dos três legados. Não temos presidentes, temos sim, líderes que nos lideram pelo exemplo e que foram criados pela própria Irmandade que reconhece a capacidade, sua orientação, no amor e na organização de nossos órgãos, incluindo ai nosso balanço financeiro do grupo e outras necessidades dentro do A.A.

"Alcoólicos Anônimos não opina sobre questões alheias a Irmandade; portanto o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas". Estas são afirmações da Décima Tradição. Em A.A. jamais fomos divididos por questões de controvérsias, não travamos nenhumas "batalha" seja ela sobre religião, política, temperança ou ainda sobre dinheiro. Aprendemos que o indivíduo, o grupo é mais importante para nós. Eu preciso sobreviver para que o conjunto também sobreviva. Não lutamos uns contra os outros ou com quer que seja,, aprendemos a viver e a conviver com aquilo que é possível ter, apenas procuramos crescer espiritualmente para que estes sentimentos também cresçam. Não entramos em controvérsia pública e nem por isto somos uma Irmandade fechada aos sentimentos e a solidariedade.

Esta Décima Tradição é uma das que nos exigem maior dose de responsabilidade perante a sociedade e ate entre nós mesmos como Irmandade. Ela diz: "Nossas relações com o público baseiam-se na atração em vez da promoção, cabe-nos sempre preservar o anonimato pessoal na imprensa, no rádio e em filmes". (poderemos incluir também a televisão).

Não usamos pessoalmente da promoção que fica por conta de nossos amigos jornalistas e pessoas entusiasmadas com o modo de ser do A.A. Simples e eficiente por colocarmos a atração como forma ideal em promover os meios. Diz mais esta Tradição: "É mais do que uma negação do egoísmo". Esta Tradição é um lembrete permanente e prático de que a ambição não tem lugar em A.A. Nela, cada membro se transforma num dirigente guardião da nossa Irmandade. Assim, não temos sonhos de riqueza, a Sétima Tradição nos ensinou esta verdade; o A.A. deve ser pobre financeiramente e suas ambições controladas por nós mesmos.

Décima Segunda Tradição: "O anonimato é o alicerce espiritual das nossas Tradições, lembrando-nos sempre de colocar os princípios acima das personalidades".

----A substância espiritual do anonimato é o sacrifício. ----

Até nossas contribuições para a Sétima Tradição são anônimas, optativas e sempre de acordo com a consciência individual e de suas responsabilidades.

Não é um gesto de esmolar, é uma contribuição à minha própria sobriedade.

O beneficiário em primeiro lugar sou eu e ainda aqueles que estão para chegar.

Rubens A./Paulínia/SP
Vivência Nº110 - Nov./Dez./2007.

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