quinta-feira, 12 de julho de 2012

Angola! África! Benguela! Eu estive lá!


ANGOLA! ÁFRICA! BENGUELA! EU ESTIVE LÁ!

A EMOÇÃO DE SER UMA A.A. VIVENCIANDO A.A. NA ÁFRICA!

No último dia 12 de março, às 8hs da manhã, peguei um avião em Luanda, rumo à Benguela, para meu encontro com o companheiro Carlos, que iniciou o primeiro e até agora único grupo de A.A. em Angola.
A ansiedade era muita. Vários eram os motivos: afinal estava pela primeira vez na África, vivendo experiências incríveis com a cultura, os costumes, enfim os hábitos de Angola, além da responsabilidade de ajudar e levar a mensagem aqueles que sofrem da doença do alcoolismo.
Conhecia o companheiro Carlos somente pelos Grupos AABR e AA Sobriedade. Mesmo em nossas trocas de e-mails, antes de minha viagem nada falamos sobre nossas características, nosso tipo físico. Nem mesmo nos contatos telefônicos entre Luanda e Benguela. Imaginava que ficaria em Benguela por um ou dois dias, se tanto, e para minha surpresa, quando finalmente minha ida ficou confirmada, Carlos me informou que havia feito uma programação que se estenderia até a noite do dia 15. Dessa maneira só regressaria no dia 16 sexta-feira. Embora tivéssemos ido a Luanda para visitar nosso filho, o apoio que ele sempre me deu nos assuntos de A.A. me deu tranqüilidade suficiente.
Cheguei a Benguela por volta de nove e trinta minutos imediatamente Carlos e eu nos reconhecemos sem nunca nos termos visto e tivemos a sensação de que nos conhecemos a anos (coisas que só acontecem conosco em AAs). Conversamos muito durante o dia. O entusiasmo do Carlos com as coisas de A.A. é absolutamente contagiante. Fiquei então sabendo, em detalhes, de como admitiu seu alcoolismo, de seus oito meses sóbrio sem saber da existência de A.A.; e que, segundo ele foram oito meses de sofrimento intenso. Através de um programa na TV Portuguesa ele tomou conhecimento da existência da Irmandade e também, com certeza recebeu a informação de que não havia nenhum grupo de A.A, em Angola. Através dos links que lhe foram fornecidos ele chegou aos Grupos On-line e, através da Internet, iniciou sua recuperação e instalou o primeiro grupo de A.A. em Benguela “GRUPO SERENIDADE E CORAGEM”, exatamente no dia 15 de janeiro de 2005.
Fico me perguntando quando vejo companheiros reagindo à recuperação pela Internet: - o que seria de Carlos, o que seria dos companheiros que conheci e com quem convivi, o que seria do A.A. em Angola se não fosse a Internet?
Já durante a tarde tive a oportunidade de conhecer um companheiro, dos primeiros ingressantes, que hoje já refez sua vida profissional, recuperou sua família e me comoveu pela maneira simples e humilde com que cuida das coisas de A.A. e da sua alegria em, pela primeira, estar em contato com uma companheira de outro País. Disse-me que naquele momento passava a entender o que significava a Irmandade de A.A. em termos mundiais. Tive oportunidade de ir a duas reuniões do Grupo, onde num contato maravilhoso com os companheiros pude ver como eles são havidos em conhecer a literatura, como estudam e como se dedicam à programação. Estivemos também Carlos e eu, em várias entrevistas nas rádios locais, divulgando A.A. e sua mensagem, que para a maioria da população e dos próprios entrevistadores é desconhecida ainda.
Além disso, fomos visitar outro centro de recuperação mais afastado do centro. A emoção foi indescritível. Mais de 250 internos esperando para nos ouvir e nos recebendo com cânticos naquela entonação nostálgica e perfeita afinação, própria dos africanos. Enquanto falávamos, pudemos perceber a luz da esperança em uma solução, nos olhos de cada um. O que achávamos que seria uma simples visita, transformou-se num grande presente do Poder Superior.
Na sexta-feira dia 16, com uma ponta de tristeza, retornei a Luanda. Mas a bagagem que levei e que trago comigo até hoje, será sempre lembrada, pois vivi dias de intensa espiritualidade o que me levou consequentemente, a um crescimento muito grande.
Alguma das lições que tirei dessa maravilhosa experiência: 
• Os companheiros de Benguela conseguem tirar facilidades das enormes dificuldades que têm.
• Quantas vezes eu me vejo pondo grandes dificuldades na enorme facilidade que tenho.
• Quantas e quantas vezes me peguei pensando: - dou tudo que posso no serviço em A.A., mas confesso que lá muitas vezes me senti envergonhada.
• Posso fazer muito mais do que faço, sem ir além das minhas chinelas. 
• Vi claramente a humildade em ação. Os princípios acima das personalidades de maneira absoluta, sem mistificação e sem justificativas.
• Vi que a consciência de que há uma solução imensa; que a vivência da programação é essencial para que isso aconteça, e que eu, jamais posso me esquecer disso.
• Aprendi que tenho que rever muita coisa com relação a mime a minha programação de A.A.
Mas acima de tudo dou graças ao Poder Superior, Deus na forma que O concebo, que me proporcionou este crescimento dando-me este privilégio enorme, de pelo menos tentar ser um humilde instrumento ajudando a levar a mensagem aos que ainda sofrem da doença do alcoolismo.

Duda/Curitiba/PR

Vivência nº. 108 – Jul./Ago./2007.

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