segunda-feira, 2 de abril de 2012

Mais sobre o Quarto Passo

Quarto Passo: Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.

Os instintos humanos são necessários para a sobrevivência, mas muitas vezes excedem suas funções especificas. A maioria dos problemas existentes decorrem deste excesso. O Quarto passo tem por finalidade levar o alcoolista a perceber como, quando e onde tais excessos provocaram deformidades emocionais, de modo a ajudá-lo a corrigi-los. A sobriedade e felicidade dependem disso.

Quando a vida é direcionada quase que para um aspecto apenas, como por exemplo, sexo, busca de segurança, desejo de poder, ocorre um desequilíbrio que compromete a qualidade de vida do individuo em questão e das pessoas que o cercam. Os instintos desenfreados seriam a causa básica do beber desenfreado do alcoolista. O esforço para examiná-los pode levar a reações graves. Alcoolistas que tendem à depressão podem mergulhar em sentimentos de culpa e de auto-repugnância. Podem perder a perspectiva, o que vai impedir que façam o inventário moral.

Indivíduos que tendem ao orgulho ou mania de grandeza podem sentir-se diminuídos pela sugestão deste inventário. Pensarão que os defeitos de caráter, se é que os têm, foram provocados principalmente pelo álcool, e que um inventario desta natureza será desnecessário. Mais um motivo para evitar um inventário seria que os problemas presentes são causados por outras pessoas, e estas é que deveriam fazer um inventário moral. Neste momento o padrinho vem em socorro e mostra ao alcoolista que seus defeitos são semelhantes aos de outras pessoas. Leva-o a perceber que possui valores também.

Com aquelas pessoas que acham que o inventário não é uma necessidade, o padrinho encontra outra dificuldade, pois o orgulho não permite que reconheça seus defeitos. “O problema é ajudá-las a descobrir uma trinca nas paredes construídas pelo seu ego, através da qual poderão ver a luz da razão” (Os Doze Passos, p.37).

Os recém-chegados aprendem que precisam ajustar-se às circunstâncias, e não, esperar que ocorra o inverso. Os ressentimentos vingativos, auto-piedade e orgulho descabido também necessitam ser revistos. Quando as primeiras barreiras são ultrapassadas, o caminho parece tornar-se mais fácil. Começa-se a obter uma auto-imagem mais objetiva, ou seja, adquire-se uma certa humildade.

Os tipos depressivo e arrogante são tipos extremos de personalidade. Freqüentemente os alcoolistas situam-se em ambas classificações, e cada qual terá que no inventário verificar quais são os seus defeitos de caráter. Para evitar confusão quanto a estes defeitos, é apresentada a universalmente reconhecida lista dos sete pecados capitais: orgulho, avareza, luxuria, ira, gula, inveja e preguiça. Não por acaso o primeiro da lista é o orgulho, pois é “...o principal fomentador da maioria das dificuldades humanas, o maior empecilho ao progresso verdadeiro (...) Quando a satisfação de nosso instinto pelo sexo, segurança e posição social se torna o único objetivo de nossa vida, então o orgulho entra em cena para justificar nossos excessos” (Os Doze Passos, p. 39).

Estas falhas, por sua vez, geram o medo, que gera outras falhas também. Orgulho e medo vêm à tona quando o alcoolista tenta olhar seu interior, e dificultam o inventário. A persistência, no entanto traz uma sensação de alívio indescritível, e uma confiança totalmente nova que são os frutos iniciais deste passo.

Na seqüência surge a dúvida sobre por onde começar e como fazer um inventário bem feito. A sugestão é que se inicie pelas falhas que mais incomodam. O alcoolista poderá examinar sua conduta quanto aos instintos primários de sexo, segurança e vida social. Como sugestão também são apresentadas diversas perguntas sobre problemas nestas três áreas (sexualidade, segurança financeira e emocional). Os sintomas mais freqüentes a elas relativos são também analisados.

Acredita-se que alguns alcoolistas “... farão objeção a muitas perguntas feitas, por acharem que seus defeitos talvez não tenham sido assim tão flagrantes. (...) um exame consciente é capaz de revelar justamente os defeitos dos quais tratam as perguntas desagradáveis” (Os Doze Passos, p. 43).

O inventário proposto pelo quarto passo deveria ser meticuloso. Para isso, a redação de perguntas e respostas pode ajudar a pensar com clareza e a avaliar com honestidade.

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