sábado, 21 de abril de 2012

Ainda no Primeiro Passo


Ainda no Primeiro Passo

Depois de quase seis anos freqüentando reuniões, pensando que estava me saindo lindamente, estou começando a entender a segunda parte do Primeiro Passo: ter perdido o domínio sobre a minha própria vida. Talvez seja porque eu aprendo excepcionalmente devagar ou que não sei escutar direito, mas o caso é que seis anos parecem muito tempo para começar a entender o que este Passo quer dizer.

Durante o tempo todo eu sabia que era impotente perante o álcool, mas pensava que a minha vida tinha se tornado ingovernável porque eu era impotente. Agora que havia parado de beber, acreditava que poderia começar a controlar a minha vida novamente. Mas a minha vida é tão ingovernável hoje como era quando tinha meus apagamentos.

O "Livro Azul" me diz que muitas coisas que as outras pessoas faziam contra mim eram o resultado de coisas que eu fazia. Minha mente alcoólica não entendeu o significado dessa afirmativa.

Depois de três anos e meio no Programa, nunca havia me sentido tão bem emocional, espiritual e fisicamente. Esses primeiros anos foram mais do que eu podia sonhar que a vida fosse me oferecer. Foram fabulosos! Fala do período de lua-de-mel com o Programa. Pensei que o casamento ficasse cada vez melhor, para sempre.

Então, o meu passado começou a emparelhar comigo. Me vi envolvido em uma ação relativa a um antigo empregador. A publicidade foi enorme. Um candidato a um alto cargo eletivo, para quem eu trabalhava, proferiu algumas declarações com as quais discordei. Então renunciei ao meu cargo e chamei a imprensa. A atenção foi voltada para mim. Rapaz, que coisa foi isso, ser citado nos jornais e na TV, de costa a costa. Como me achei importante!

De repente, não estava fazendo as coisas acontecerem em minha vida; elas começaram a acontecer em cima de mim. Fiquei desempregado e não consegui um novo emprego. Deprimido, me senti vítima de um complô injusto.

Hoje, depois de 21 meses nessa situação, perdi todas as minhas posses materiais. Mas descobri que existe uma diferença entre auto-importância e auto-estima. Não preciso me sentir importante para me sentir bem a meu respeito. Não posso controlar o que se passa no mundo. Tudo o que consigo manejar são as minhas próprias ações e até isso é difícil fazer. Vivi tanto tempo pensando que me doía facilmente, que reagia mal ao sofrimento e que, se você me ferisse, iria retaliar. Hoje, estou tentando viver uma vida que não inclui retaliação, ressentimento e raiva, sem machucar a mim nem também aos outros.

(A.F. Bloomington)

Vivência nº 34 - Mar./Abr. 1995

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