terça-feira, 20 de setembro de 2011

Décima Tradição


Décima Tradição

A.A. não opina sobre questões alheias à irmandade, portanto, o nome de A.A. jamais deverá aparecer em controvérsias públicas.

As responsabilidades especiais que nos foram dadas em A.A. e que são definidas na Décima Tradição, são apenas oportunidades para servir e não status para serem ostentados e apresentados perante a sociedade em nome de A.A. A própria humildade do programa de recuperação do alcoolismo da nossa Irmandade é resguardada nesta Tradição, onde sugere não nos apresentarmos como autoridades comuns nos embates públicos e nem brandir nossa força coletiva.

Apesar de estarmos em recuperação, não abrimos mão de nossos direitos e deveres de seres humanos que vivem em sociedade. Cada um de nós possui suas próprias convicções políticas e religiosas, e é bom que as tenhamos mesmo. Entretanto, existe a frase que diz: “se não discutimos isso em particular, não vamos fazê-lo em público”, que para nós tem grande significado. Mesmo sem querer, com o tempo, muitas pessoas ficam conhecendo nossa condição de membros de Alcoólicos Anônimos. Por isso, nossa opinião pessoal poderá ser confundida com a opinião da Irmandade e, definitivamente, não convêm ao A.A. como um todo ser envolvido em controvérsia pública.

Desde seu inicio, A.A. jamais foi dividido por questões controversas, como tampouco tomou partido em qualquer disputa envolvendo o nome da nossa Irmandade. Por seus próprios instintos, os AAs sabem que não devem se expor publicamente em quaisquer provocações que envolvam o nome de Alcoólicos Anônimos, pois, a história do mundo nos mostra onde nações e grupos belicosos se despedarçaram, por entrarem em controvérsias ou porque se deixaram atrair por elas.

Por isso, é sugerido que nenhum membro ou grupo de A.A. deverá jamais expressar qualquer opinião sobre questões de fora sujeitas à controvérsia, especialmente, em relação à política, medidas de combate ao álcool ou sectarismo religioso, de forma a envolver o A.A. Os grupos de Alcoólicos Anônimos não se opõem a nada.

Assim, embora esteja claro que a maioria dos membros de A.A. acredita nesse preceito, mesmo assim, a prática em relação a esse princípio varia muito. E, na verdade, devemos compreender que a segurança e a eficiência de Alcoólicos Anônimos no futuro podem depender de sua preservação.

Permita-nos reiterar que tal posicionamento, não é considerado como uma virtude especial ou por sentirmo-nos superiores às outras pessoas, mas sim, por tratar-se de algo muito mais importante do que cada um de nós: a expansão e a sobrevivência de Alcoólicos Anônimos. Não entramos em polêmicas públicas porque se o fizermos nossa Irmandade com certeza sucumbirá e iremos juntos, pois, uma vez que para nós a recuperação do alcoolismo representa a nossa própria vida, torna-se imperativo que preservemos por inteiro nossos meios de sobrevivência.

É bom termos sempre em mente o que nos mostra a história de A.A. a respeito da Sociedade Washingtoniana, movimento entre alcoólicos que existiu em Baltimore, cem anos antes de A.A. que quase descobriu a resposta para o alcoolismo. No começo a sociedade era composta apenas de alcoólicos que se dispunham ajudar-se uns aos outros, dedicando-se a um único objetivo. Diz a história, que esse movimento era parecido com Alcoólicos Anônimos de hoje. O numero de membros passava da casa dos cem mil. Só que, deixaram de lado seu objetivo único, se envolvendo com políticos e reformistas, alcoólicos ou não, perdendo sua eficácia na ajuda aos alcoólicos.

Alcoólicos Anônimos não desprezou a lição deixada no exemplo desse movimento. Ao examinar atentamente o seu fracasso, os primeiros membros resolveram manter nossa Irmandade afastada de quaisquer controvérsias públicas.

Nossa grande esperança se situa no fato de que nossa experiência, como alcoólicos e como membros de A.A., nos têm proporcionado a boa vontade necessária, a fim de assegurar qualquer sacrifício pessoal para a preservação de nossa Irmandade.

Estamos certos de que, se essas forças externas vierem interferir em nossa Irmandade, pereceremos. Não queremos supor por um só momento que nós, alcoólicos em recuperação, somos melhores ou mais fortes que as outras pessoas ou que, pelo fato de existirmos há mais de setenta e seis anos nada possa deixar de acontecer um dia.

Os exemplos sobre esse assunto, prova ser de grande importância para nossa Irmandade, do que qualquer outra coisa, principalmente o não envolvimento em controvérsia pública.

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