terça-feira, 23 de julho de 2013

Trabalhando com os Outros


CONVIVENDO COM O ÁLCOOL

Admitindo que estamos espiritualmente preparados, podemos fazer tudo o que se acredita que os alcoólicos não façam. As pessoas disseram que não devemos ir a lugares onde são servidas bebidas, que não devemos tê-las em nossas casas, que devemos nos afastar dos amigos que bebem, que devemos evitar filmes com cenas de bebida, que não devemos ir a bares, que nossos amigos devem esconder as garrafas quando formos às suas casas, que não devemos pensar em álcool ou ser lembrados de sua existência. Nossa experiência demonstra que isto não é necessariamente verdadeiro.
Convivemos diariamente com tais situações. Um alcoólico que não consegue conviver com elas possui ainda uma mente alcoólica, há algo errado com sua condição espiritual. Sua única chance de sobriedade estaria em algum lugar como o Polo Norte e, mesmo lá, um esquimó poderia aparecer com uma garrafa de uísque e estragar tudo! Pergunte a qualquer mulher que tenha mandado seu marido para lugares distantes, imaginando que ele escaparia do problema do álcool.
Em nossa opinião, qualquer esquema de combate ao alcoolismo que proponha afastar o homem doente da tentação está destinado ao fracasso. Se o alcoólico tentar se proteger, poderá ter sucesso durante algum tempo mas, em geral, tudo acaba numa explosão pior do que as anteriores. Nós já tentamos estes métodos. Estas tentativas de fazer o impossível sempre fracassaram.
Então, nossa regra é não evitar lugares onde haja bebidas, se tivermos uma razão válida para estar ali. Isto inclui bares, boates, bailes, recepções, casamentos e mesmo as festinhas mais banais. Para alguém que já lidou com um alcoólico, pode parecer que brincamos com fogo, mas não é o caso.
Você perceberá que fizemos uma ressalva importante: “Tenho alguma boa razão, social, comercial ou pessoal, para ir a este lugar? Ou estou querendo extrair alguma satisfação do tipo de ambiente existente em tais locais?” Se responder satisfatoriamente às duas perguntas, não precisa sentir qualquer receio. Vá ou não vá, como preferir. Mas tenha a certeza de que tem sólidas bases espirituais antes de começar a frequentar tais lugares e de que suas razões para ir são realmente honestas. Não pense no que poderá ganhar com a situação. Pense no que poderá dar de si. Mas, se estiver inseguro, seria melhor que fosse ajudar outro alcoólico.

(Alcoólicos Anônimos, cap. 7: Trabalhando com os Outros)

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