CONVIVENDO
COM O ÁLCOOL
Admitindo
que estamos espiritualmente preparados, podemos fazer tudo o que se
acredita que os alcoólicos não façam. As pessoas disseram que não
devemos ir a lugares onde são servidas bebidas, que não devemos
tê-las em nossas casas, que devemos nos afastar dos amigos que
bebem, que devemos evitar filmes com cenas de bebida, que não
devemos ir a bares, que nossos amigos devem esconder as garrafas
quando formos às suas casas, que não devemos pensar em álcool ou
ser lembrados de sua existência. Nossa experiência demonstra que
isto não é necessariamente verdadeiro.
Convivemos
diariamente com tais situações. Um alcoólico que não consegue
conviver com elas possui ainda uma mente alcoólica, há algo errado
com sua condição espiritual. Sua única chance de sobriedade
estaria em algum lugar como o Polo Norte e, mesmo lá, um esquimó
poderia aparecer com uma garrafa de uísque e estragar tudo! Pergunte
a qualquer mulher que tenha mandado seu marido para lugares
distantes, imaginando que ele escaparia do problema do álcool.
Em nossa
opinião, qualquer esquema de combate ao alcoolismo que proponha
afastar o homem doente da tentação está destinado ao fracasso. Se
o alcoólico tentar se proteger, poderá ter sucesso durante algum
tempo mas, em geral, tudo acaba numa explosão pior do que as
anteriores. Nós já tentamos estes métodos. Estas tentativas de
fazer o impossível sempre fracassaram.
Então,
nossa regra é não evitar lugares onde haja bebidas, se
tivermos uma razão válida para estar ali.
Isto inclui bares, boates,
bailes, recepções, casamentos e mesmo as festinhas mais
banais. Para alguém que já lidou com um alcoólico, pode parecer
que brincamos com fogo, mas não é o caso.
Você
perceberá que fizemos uma ressalva importante: “Tenho
alguma boa razão, social, comercial ou pessoal, para ir a este
lugar? Ou estou querendo
extrair alguma satisfação do tipo de ambiente existente em tais
locais?”
Se responder satisfatoriamente às duas perguntas, não
precisa sentir qualquer receio. Vá ou não vá, como
preferir. Mas tenha a certeza de que tem sólidas bases
espirituais antes de começar a frequentar tais lugares e de que suas
razões para ir são realmente honestas. Não pense no que
poderá ganhar com a situação. Pense no que poderá
dar de si. Mas, se estiver inseguro,
seria melhor que fosse ajudar outro alcoólico.
(Alcoólicos Anônimos, cap. 7: Trabalhando com os Outros)
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