DEUS,
NA FORMA COMO O CONCEBÍAMOS.... e ESPIRITUALIDADE
Mais
perto do coração, a espiritualidade pode ser encontrada em nossas
paixões mais nobres, em particular no amor. Amor trivial e ciumento
não se qualifica, é claro. Mas ninguém que tenha experimentado
amor expansivo, romântico, negaria que o sentimento é profundamente
espiritual. Há espiritualidade também em nosso senso de humanidade
e camaradagem, em nosso senso de família (o que não significa negar
nem por um momento que a vida em família pode ser complicada e
difícil), e ela poder ser encontrada em amizades. Há admiração e
espiritualidade no sentimento de que não estamos no completo
controle de nossas vidas, de que há forças que determinam nosso
curso que não compreendemos mas ainda assim parecem ter algum
propósito. (Não tenho mais aversão a chamar isso “destino”).
Numa entrevista recente, a intelectual Ann Douglas descreveu sua
recuperação do alcoolismo em termos do sentimento que “algo
interveio em minha vida”. Ela disse: “Optei por chamar isso Deus.
Realmente não sei de que outra maneira descrevê-lo” (New York
Times, 17 de outubro, 1998).
Também não sei como chamá-lo, mas não quero invocar o monoteísmo
chamando-o “Deus”. Mesmo “Espírito” é sugestivo demais de
um ser singular e supremo. Fico assim com espiritualidade, ou o que
chamo espiritualidade naturalizada, e tento por minha conta
redescobri-la por intermédio da filosofia.
(Espiritualidade
para Céticos – Robert C. Solomon — p.25/26 – Civilização
Brasileira - 2003)
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