terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O mesmo homem voltará a beber


O MESMO HOMEM VOLTARÁ A BEBER 

"Ouvi esta pequena frase pela primeira vez de um companheiro, que por sua vez diz tê-la ouvido ou lido em algum Grupo de A.A." 

Em uma determinada reunião em nosso Grupo o assunto se desenrolou em cima desta poderosa frase, cheia de conteúdo, que resolvi adotá-la como uma das tantas frases inspiradoras deste poderoso programa simples de recuperação.

Vejamos alguns tópicos: Como chegou aquele homem, "eu" em A.A.? Eu era só problema de bebedeiras desenfreadas, fundo de poço total, ou havia mais alguma coisa acontecendo
dentro de mim? Na realidade, por ter passado por um profundo esmagamento do ego antes de me aproximar de A.A., já cheguei convicto que tinha perdido totalmente o controle sobre a minha maneira de beber e que algo teria que ser feito caso eu quisesse continuar vivendo. Logo na primeira reunião, os companheiros lá presentes me tiraram todo o peso que carregava por me julgar um incompetente, um desmoralizado nesta "arte de beber".

Eles me afirmaram que eu era tão somente portador de uma doença incurável, mas que não deveria me desesperar, que apesar de não haver cura ela poderia ser detida bastando para isso evitar o primeiro gole e freqüentar as reuniões.

Assim eu fiz, e diga-se, com muita satisfação e alegria.

O tempo foi passando e em um determinado momento a minha lua de mel com a vida sem beber foi acabando (conforme a nossa própria literatura prevê) e fui buscar dentro do programa sugerido de A.A. uma nova maneira de viver. Tinha convicção que a solução para todos os meus problemas se encontrava e se encontra dentro dos princípios sugeridos
por A.A. e esta fé no programa sempre me salva nos momentos difíceis. 

Pois bem, foi através dos demais passos de A.A., além do primeiro, que fui descobrindo que o ato de beber era simplesmente um pano de fundo, uma fuga de mim mesmo e se eu não fizesse alguma coisa a respeito fatalmente eu voltaria a beber. A partir daí mergulhei no programa. Fui descobrindo que o inventário do quarto passo tinha que ser meu e
não dos outros, que era eu e não os outros o foco principal de minha recuperação; que a admissão dos meus diversos defeitos de caráter e de personalidade tinha que ser feito sem ressalvas a alguém de minha confiança; que as reparações, mesmo que podendo ser adiadas, tinham que ser feitas. O perdão é extremamente importante para que eu melhore a minha qualidade de vida e que através do Décimo Passo eu tinha uma ferramenta infalível para evitar que graves situações voltassem a acumular dentro de mim mesmo e por aí fui caminhando e estou caminhando buscando a prática das Tradições na minha vida e até dos Conceitos.

Hoje, olhando para trás, para aquela noite da minha primeira reunião em A.A., percebo claramente que aquele homem daquela noite mudou, ele já não é mais o mesmo e, por isso mesmo, a vida está melhorando e a necessidade de beber para encobrir determinadas situações e defeitos já não existe mais.

Como disse Bill W.: "Não fugimos da bebida, através do programa de A.A. estamos deixando a bebida longe de nós". E como diz atualmente o meu companheiro em todas as reuniões: "O Mesmo Homem Voltará a Beber".

Esta pequena frase cheia de filosofia e sabedoria é um sinal constante de advertência para mim mesmo: pratique o programa em todas as atividades, caso contrário o mesmo homem poderá voltar a beber e aí...

Para finalizar, quero registrar um trecho de um texto magnífico escrito por Bill W.: "A Próxima Fronteira: A Sobriedade Emocional (Linguagem do Coração) que vale a pena ser lido na íntegra e discutido em nossas diversas reuniões de recuperação:

"Mesmo os veteranos que submeteram o nosso Programa de Recuperação a testes severos, mas bem sucedidos, ainda descobrem que freqüentemente lhes falta sobriedade emocional... Aqueles anseios da mente adolescente que tantos de nós experimentamos por aprovação de outras pessoas, segurança material e financeira perfeita e relacionamento amoroso sem atritos e com satisfação total revelam-se impossíveis de ser alcançados quando vamos chegando a idade mental adulta. Paramos de beber, estamos freqüentando as reuniões de A.A., buscando seus princípios e ainda assim sofremos todos os tipos de reveses possíveis e em todas as áreas". Na minha opinião, ele está apenas nos advertindo que o "O Mesmo Homem Voltará a Beber".

Obrigado companheiros, por estarem me ajudando a deixar de ser o mesmo homem.

Marcos A./Cachoeira do Campo/MG
Vivência nº 101 – Mai./Jun. 2006

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