quinta-feira, 28 de julho de 2011

Quase Sóbrio

Quase Sóbrio
 

Isto não vai lhe fazer mal! Era o raciocínio de meu amigo Ted. Leia em voz alta para entrar na sua cabeça dura: "não-alcoólico"!

Meu "amigo" colocou a bebida geladinha na minha mão. Fiquei olhando enquanto o suor se formava na garrafa marrom. Parecia e se comportava como qualquer outra das cervejas que já havia bebido. Um vento quente soprou sobre minha fazenda, com o cheiro de feno recém-recolhido ao celeiro. Olhei para o rótulo da garrafa que dizia: "meio por cento de álcool". Como um pouquinho de álcool assim poderia me fazer mal? Eu já não tinha três anos de sobriedade? Certamente, esta minúscula quantidade de álcool não seria um adversário para a potente defesa da sobriedade que eu levantara dentro de mim (infelizmente, eu não tinha participado de nenhuma reunião de A.A. no período de um ano). Acalmados os meus justificados medos, tomei a primeira, parando apenas uma vez para respirar. Tomei mais uma sentindo-me muito bem. Finalmente, pensei, agora havia uma maneira de ser socialmente aceitável no meu antigo círculo de amizades.

Em apenas seis meses, eu estava de volta a um centro de tratamento. Sou um alcoólico, sou alérgico a qualquer quantidade de álcool, por menor que seja. Passadas duas semanas tomando "quase" cerveja, eu retomava à minha bebida de sempre bem ali onde tinha parado há três anos.

Os dois anos seguintes foram um tal "rolo compressor" que espero não esquecer tão cedo. Minha sobriedade, como diz o Livro Azul, era "precária". De dois a três meses seco, daí de volta pra lá. Perdi inúmeros bons empregos, bem como um casamento de oito anos.

Alguma coisa aconteceu em março de 1992. Meu Poder Superior, mais uma vez, restaurou a dádiva da sobriedade em minha vida. Os dezessete meses que já se passaram comprovam a fidelidade da minha promessa favorita: Deus está fazendo por mim o que não posso fazer por mim mesmo. Aprecio a dádiva agora e mantenho-a com uma freqüência a várias reuniões e um apadrinhamento cuidadoso.

Tenho uma alergia do corpo e da mente chamada alcoolismo. Se deixo o "gigante adormecido" em paz,estou salvo. Se vou acordá-lo com a mínima quantidade de álcool, o imperioso desejo fisiológico sobrepõe-se. Abstinência total e completa permanece a única esperança de recuperação desta doença incrivelmente traiçoeira.

Rick R. Gradview / USA

VIVÊNCIA N° 32 - NOV/DEZ. DE 1994

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