sábado, 30 de junho de 2012

O Alcoolismo nas mulheres


O ALCOOLISMO NAS MULHERES
                                                                                                Teca/Curitiba/PR
 
Mulheres alcoólicas e o preconceito contra elas não é nenhuma novidade.
O Antigo Testamento já condenava especificamente a embriaguez feminina. Entre os romanos e a Idade Média, mulheres que bebiam eram tão repudiadas quanto as adúlteras. Dizia-se que as moças com o hábito de beber tornavam-se mais agressivas e promíscuas.
Até hoje, acredita-se que o menor número de mulheres alcoólicas tem razões morais, pois a sociedade as condena de forma mais rigorosa. Embora esmaecidos pelos anos o preconceito contra a mulher que bebe ainda está arraigado na população.
A maior parte da sociedade tende a ver com tolerância e até achar engraçado um homem bêbado, porém se afasta enojada de uma mulher que se encontre nas mesmas condições. E o que é ainda mais trágico: a mulher alcoólica, ela mesma, frequentemente compartilha desse preconceito. Para ela, o peso da culpa que todo bebedor alcoólico carrega na consciência é muitas vezes dobrado.
Para conseguir a tão valorizada liberdade sexual, abusavam das bebidas para terem coragem de agir como "mulheres livres".
Existe uma clara divisão entre as duas personalidades: a primeira séria e honesta, e a segunda, que bebe, que facilita, que dança, que gargalha e que quer sexo.
Graças à emancipação feminina, direitos iguais, etc. a mulher vem se equiparando ao homem nas vantagens de uma vida independente, tendo que lidar ao mesmo tempo com os prejuízos que esta realidade traz. A mudança no estilo de vida trouxe a sobrecarga de trabalho e o stress além de muitas frustrações antes só inerentes ao homem.
Desde meados da década de 1940, com o fim da Segunda Guerra Mundial, a bebida para a mulher tornou-se mais aceitável socialmente não dimimuindo, entretanto, o preconceito.
Chegando aos dias de hoje, constatamos que as mulheres estão bebendo cada dia mais. A indústria da bebida tem investido em propagandas para elas, mostrando que a bebida é um meio de contraternização e relaxamento sendo também uma válvula de escape para fugir da realidade e suprir carências.
Mais ricas e mais educadas elas tornaram-se protagonistas de cenas impensáveis décadas atrás, como um grupo de amigas desacompanhadas em um bar.
Atualmente muitas mulheres seguem o padrão masculino, até para serem aceitas no mercado de trabalho e conseguir competir de igual prá igual.
Na hora do "happy hour" isso fica explícito principalmente quando elas tentam ingerir bebidas "masculinas" para acompanhar os homens. As tais bebidas masculinas são as mais fortes e causam um efeito nas mulheres e garotas que não se contentam com uns drinques suaves, feitos à base de frutas.
O problema é que as mulheres são mais fracas ao álcool que os homens. Por isso, enquanto você está alegrinha com apenas um copo de caipirinha, eles nem se abalaram ainda. O organismo metaboliza o álcool de forma diferente da dos homens e por isto sofre mais rápido os efeitos da bebida. A fragilidade aos efeitos embriagadores do álcool no sexo feminino é explicada pela maior proporção de tecidos gordurosos no corpo das mulheres, por variações na absorção de álcool no decorrer do ciclo menstrual e por diferença entre os dois sexos na concentração gástrica de desidrogenase alcoólica (enzima crucial para o metabolismo do álcool).
Por estas razões as mulheres ficam embriagadas com doses mais baixas e progridem mais rapidamente para o alcolismo crônico e suas complicações médicas. Os homens, segundo o psiquiatra Sergio Ramos. levam 15 anos para ter problemas no fígado e as mulheres apenas cinco. Além disso, há outra peculiaridade no alcoolismo feminino: a relação entre a dependência de substâncias psicoativas, entre elas o álcool, e transtornos alimentares. As mulheres podem ser bêbadas, deprimidas, caídas, mas gordas jamais!
Há até um termo leigo para definir a restrição alimentar ao abuso do álcool: "drunkorexia", união de termos "drunk" (embriagar) e "anorexia", que significa se privar de comida para beber sem se preocupar com as calorias das bebidas.
Mais de 50% das mulheres que procuram os serviços públicos têm distúrbios como anorexia nervosa, bulimia ou transtorno de comer compulsivo. Além destes transtornos psiquiátricos as alcoólicas também sofrem mais riscos de desenvolver doenças cardiovasculares, câncer de mama e ostereoporose.
A mulher alcoólica, por vergonha e medo, tende a beber escondida e tarda em buscar ajuda. O aumento do alcoolismo entre as mulheres também se deve ao aumento do serviço especializado. Havia uma demanda reprimida. Antes a mulher era internada. Com o tratamento ambulatorial ela se sente mais estimulada a buscar ajuda. Hoje o alcoolismo feminino é a quarta causa de internamento de mulheres perdendo para gravidez/parto, doenças  do aparelho circulatório e das doenças respiratórias.
As mulheres em A.A. lançaram longe a carga paralisante da culpa injustificada. Aprenderam um fato, comprovado pela medicina, que se  aplica a elas: "O alcoolismo em si não constitui uma questão, nem de moral nem de comportamento (embora certamente influa nos dois). O alcoolismo é um problema de saúde. É uma doença e como tal é descrita pelas Associações Médicas Americana e Britânica." Esta definição não é mais revolucionária. Tem sido muito divulgada inclusive com as novelas trazendo personagens como a "Santana" de Por Amor, fazendo com que aceitemos com naturalidade este fato, desde que de forma genérica: "É claro que o alcoolismo é uma doença".
Porém quando se trata de uma pessoa específica de seu relacionamento, as velhas atitudes voltam junto  com julgamentos: "Por que ela não consegue beber como uma senhora?", ou "Porque eu não posso beber como as outras mulheres?", ou ainda, "Por que não consigo parar?", "Não tenho força de vontade", "Eu não presto"! Individualmente, a doença é vista como falta de educação, quando em fases iniciais e, quando já mais avançada, como profundo fracasso moral. Os alcoólicos são peritos quando se trata de não enxergarem sua própria doença. O Teste do alcoolismo não é quanto você bebe, nem o que você bebe, nem mesmo porque você bebe e sim as respostas a estas perguntas:
*O que a bebida já fez a você?
*De que maneira a bebida afeta sua família, seu lar, seu desempenho no trabalho ou na escola, sua vida social, seu bem estar físico, e as suas emoções mais íntimas?
Dificuldades em qualquer uma dessas áreas sugerem que você sofra da doença do alcoolismo.
Se você está "funcionando bem", cuidando da casa, estudando, trabalhando, etc., mas ao custo de ocultar os efeitos de suas bebedeiras, pergunte a si mesma:
*Qual o esforço, quanta força de vontade você precisa por em jogo para manter o disfarce?
*O efeito vale o esforço?
*Ainda resta algum divertimento nesta forma de "divertir-se"?
O alcoolismo sendo uma doença progressiva torna o modo de beber cada vez mais incontrolável tornando-se uma preocupação. Beber somente vinho e cerveja, fazer promessa a si mesma  de que apenas beberá em fins de semana, espaçar os dias em que bebe, eis uma pequena amostra dos muitos métodos usados no afã de controlar sua maneira de beber. Tais tentativas fracassadas são, igualmente, um sintoma clássico da doença do alcoolismo, tanto como aquela ressaca insuportável ou o apagamento assustador.  Há um ponto crítico  e você não precisa chegar lá passando primeiro por um leito de hospital, nem por um centro de tratamento ou por uma prisão, se bem que muitas mulheres somente chegaram a Alcoólicos Anônimos depois de atingirem esses estágios mais avançados da doença. Em qualquer ponto da progressão vertiginosa dessa doença chamada alcoolismo, você pode afastar-se e manter-se longe dela, simplesmente estendendo sua mão e
dispondo-se a enfrentar o seu problema.
Não faz diferença se você tem 15 ou 50 anos; se você é rica ou pobre; formada numa faculdade ou se abandonou a escola no primário; se ganha o seu próprio sustento ou mora em casa de uma família; não importa se é uma paciente num centro de tratamento; se está cumprindo pena numa prisão; nem se é uma mulher de rua. A ajuda existe, mas é você quem tem que tomar a decisão de pedi-la.
Em Alcoólicos Anônimos não há formulários de inscrição para serem preenchidos, nem taxas de matrícula a serem pagas. Você não será convidada a adotar nenhum esquema de tratamento formal. Você simplesmente encontrará homens e mulheres que acharam um caminho para se livrarem da dependência do álcool e que começaram a consertar os estragos que ele havia feito em suas vidas.
Você também pode gozar desta liberdade e desta recuperação, bastando para isso procurar um grupo de A.A. próximo à sua casa.
 
 
                                                                                                                                            Teca/Curitiba/PR
 
 
Bibliografia:
Folhetos de A.A. para a mulher.
Artigo da Revista Galileu: "Comportamento".
Cruz Azul no Brasil: "A mulher e o álcool".
Dráuzio Varella: "Alcoolismo em mulheres".
Centro Terapêutico Viva: "Álcool + mulher será que combina?".
 
 
 
Vivência nº 120 - Julho/Agosto-2009

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