segunda-feira, 13 de agosto de 2012

O Não Profissionalismo em AA


O Não Profissionalismo em AA

“Alcoólicos Anônimos deverá manter-se sempre não profissional, embora nossos Centros de Serviço possam contratar funcionários especializados”.
(Oitava Tradição)
“...Alcoólicos Anônimos deveria sempre permanecer não profissional. Definimos profissionalismo como a prática remunerada de orientação de alcoólicos. Mas podemos empregar alcoólicos em serviços para os quais poderiam ser contratados não-alcoólicos. Tais serviços especiais podem ser bem remunerados, mas nosso costumeiro trabalho do Décimo Segundo Passo nunca deveria ser pago...”

“...Se, como movimento, continuamos sendo uma entidade espiritual, interessada somente em levar a mensagem aos companheiros sofredores, sem recompensa financeira ou obrigação, então podemos concluir nossa missão...”
“...Está cada vez mais claro que nunca deveríamos aceitar benefícios temporários, ainda que sejam os mais tentadores, se esses consistirem de consideráveis somas de dinheiro ou puderem nos envolver em alianças polêmicas e de endosso, ou puderem tentar alguns de nós a aceitar, como membros de AA, publicidade pessoal a nível de imprensa ou rádio...”
“...Em AA, onde cada um de nós é um profissional ou missionário por sua própria conta, não há necessidade de ninguém ser pago pelo trabalho do Décimo Segundo Passo – uma responsabilidade puramente espiritual...” 
(Trechos extraídos da literatura: “A Tradição de AA – Como ela se desenvolveu, por Bill W.”)

A programação de Alcoólicos Anônimos não é dirigida por profissionais de saúde nem por experiências médicas ou psicológicas. Isto vem significar que a forma de tratamento e a orientação do Grupo encontram-se no Programa de Recuperação de AA, fundamentado nos Doze Passos, nas Doze Tradições e nos Doze Conceitos para Serviços Mundiais, de Alcoólicos Anônimos.
Os membros de AA são todos alcoólicos em recuperação, portanto não profissionais. 
Profissionalismo implica em especialização em determinada atividade. Os profissionais vendem os seus conhecimentos, precisam se destacar para que sejam reconhecidos na profissão que abraçaram. Já em AA, é através da troca de experiências amoldadas dentro de um programa individual e coletivo que o programa de AA proporciona a prática de uma verdadeira fraternidade. 
É por isto, o porquê prestamos serviços ao próximo, baseados em princípios de amor e de solidariedade, ambos alicerçados no princípio de que: “o que se recebeu de graça e com amor, seja retribuído àquele que pedir ajuda, da mesma forma”. É essa a essência do “Não profissionalismo em AA”. 
É possível visualizar diferenças brutais no perfil e nos objetivos do profissional e no objetivo primordial dos membros de Alcoólicos Anônimos.
Quando tratamos do termo profissional não podemos ficar alheios aos ensinamentos que nos foram deixados: No artigo “Os Profissionais e Alcoólicos Anônimos”, está escrito: - “ Nenhuma descrição dos Serviços Mundiais de AA seria completa sem o reconhecimento de toda a contribuição de nossos Custódios Não-Alcoólicos. Através dos anos, eles têm dado muito do seu tempo e esforço. Foi a sabedoria deles que fez com que nossos negócios tivessem sentido financeiro e muitas vezes, em momentos de violentas discussões, eles evitaram decisões precipitadas que nós os alcoólicos volúveis certamente teríamos tomado. Alguns deles como o Sr. Jack Alexander, o Sr. Fulton, o Sr.Leonard Harrison e Bernard Smith, nos tem proporcionado muito em seus campos específicos da literatura, serviço social, finanças e lei. - Bill W.”
No Brasil, em tempos passados, contamos com a grande colaboração de profissionais e amigos não-alcoólicos para o crescimento da Irmandade, através da divulgação em programas de rádio e jornais. Mais recentemente telenovelas abordam carinhosamente a Irmandade em seus capítulos.
Dr. Viotti, médico cardiologista, primeiro Presidente da Junta de Custódios, Pastor Joaquim, Dr. Lais, Dr. Carazzai, Dr. Oscar Cox, Dra. Regina Lúcia, Sr. Fernando Luiz Ribeiro Souza, incansável Tesoureiro Geral da JUNAAB. Apenas citando alguns nomes neste manancial de amigos, ao longo dos tempos! Todos, Amigos Não-Alcoólicos, excelentes profissionais. Não foram contratados. Simplesmente... eles se doaram à Alcoólicos Anônimos! Tudo o que fizeram e alguns continuam fazendo, é única e exclusivamente por amor!
É o princípio da cooperação sem afiliação. É o profissional prestando serviço para o AA e não tendo remuneração. É o AA recebendo a dádiva e tendo a cooperação ainda, vinda para si!
A “doação” destes profissionais e suas experiências não incorporaram o profissionalismo em AA. Muitos deles se dispuseram a prestar Serviços para Alcoólicos Anônimos e a cumprir naturalmente as orientações da Irmandade contidas nos instrumentos legais dos Centros de Serviços a que estiveram vinculados, pura e simplesmente pelo Amor que aprenderam e descobriram ter por Alcoólicos Anônimos.
Na medida em que AA crescia, o exemplo do GSO (General Service Office) foi seguido e novos escritórios regionais e nacionais eram formados em todos os lugares aonde nossa Irmandade se fazia presente.
No Brasil os Centros de Serviços são: Escritório de Serviços Gerais (ESG), com sede em São Paulo, capital, que exerce e centraliza a atividade de Secretaria da Junta Nacional de Serviços Gerais de AA do Brasil (JUNAAB) e, cada Escritório de Serviços Locais, existente nos demais Estados brasileiros, que também atuam como ponto de contato e Serviços da Irmandade.
Os ESLs são órgãos legais formados para servir ao Grupo de AA em suas necessidades materiais e no relacionamento com a Comunidade, em seu âmbito de atuação. Através dos Escritórios, muitos trabalhos são realizados: Seminários, Simpósios, Encontros, etc. Estes eventos destinam-se ao aperfeiçoamento dos membros na tarefa de ajudar a quem procura Alcoólicos Anônimos, pois a missão principal dos escritórios é a de facilitar o trabalho dos Grupos, chegando até onde estes não chegam. Por outro lado, os Centros de Serviços existem para que se cumpram com mais eficiência o que estabelecem os princípios contidos nos 8º e 11º Conceitos de A.A.
Desde a tradução de literaturas, vendas e revendas de literaturas, linhas de editoração da Revista de AA, estoque, contabilidade, auditorias, responsabilidades por direitos autorais e de publicação, jornalismo, empacotamento de livros, distribuição, recebimento e distribuição de correspondências, malas inteiras de cartas abordando todos os assuntos e problemas inimagináveis, até a manutenção de contatos com grupos e com o mundo exterior, há a necessidade de se cuidar das artérias vitais de AA. Nem sempre se encontram membros de AA ricos ou aposentados, que possam se dedicar em tempo integral a estes trabalhos. 
Para isto, a razão de contratações de pessoal muitas vezes de AA, para o trabalho no tempo integral. E com remuneração justa. É o conhecimento aliado a experiência. Trata-se de um trabalho ou assessoramento profissional especializado, ou seja de secretarias profissionais e não de AA profissionais, muito embora existam Órgãos de Serviços que não tenham todas estas atividades, até mesmo pela função a que hoje se destinam. E ai, a contratação recai em profissional não-AA. Como registro, em tempos passados antes dos Comitês de Áreas e de Distritos aqui no Brasil, as atribuições e responsabilidades dos Órgãos de Serviços eram maiores e mais centralizadores.
Quando os membros de um Grupo conhecem as Doze Tradições, dificilmente eles irão realizar algo que possam desviá-los e ao Grupo de seu propósito primordial.
Sabemos que para mantermos um bom entrosamento entre o AA e a Sociedade precisamos antes de mais nada nos preparar internamente, para levarmos uma mensagem correta sobre quem somos, onde estamos, o que fazemos e o que não fazemos. 
Nos dias atuais está sendo comum as entrevistas, os pedidos de informações vindos de universidades, escolas, empresas, hospitais, conselhos tutelares e tantos outros segmentos da Sociedade.
Muitos destes pedidos são feitos diretamente aos Grupos. Porém a falta da correta informação interna sobre a nossa Irmandade tem ocasionado algumas dificuldades nesta relação. Precisamos colocar a Irmandade à disposição de quem dela precisa, com uma “mensagem não comercial”, mas para isto devemos ter o cuidado de deixar transparente como funciona a Irmandade de Alcoólicos Anônimos. E o conhecimento desta Tradição torna-se fundamental.

CAMPOS S./Brasília-DF

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