quarta-feira, 20 de abril de 2011

Primórdios da Vivência


PRIMÓRDIOS DA VIVÊNCIA

José Nicoliello Viotti
Presidente da Junta de Custódios (1984/1990)

"É com grande satisfação que, passados vinte anos, a Vivência, através de seus próprios erros e acertos, encontrou o seu próprio caminho, transformando-se no mais importante veículo de divulgação interna e externa de nossa Irmandade."

A Irmandade de Alcoólicos Anônimos vinha há muito reclamando a produção de uma revista nos moldes de "GRAPEVINE" e outras tantas já editadas em diversos países. A Colômbia já editava "El Mensaje", o México, "A.A. Sobriedad", e a Inglaterra, "Share". Além disso, a Alemanha, Finlândia, França e Canadá já tinham suas revistas.

No Brasil havia temores. Quantos estarão dispostos a assinar? O ESG terá dinheiro para
manter uma edição regular? Quem estará apto a dirigir a revista? A cada Conferência o assunto voltava à baila. Em 1985, então reunida a Junta em Baependi, Minas Gerais, um companheiro de Campo Grande, MS, o Aragão, se ofereceu para lançar a Revista Brasileira de Alcoólicos Anônimos. A Junta pesou os prós e os contras e resolveu tomar uma atitude corajosa, confiando em que o Poder Superior continuaria de nosso lado e que não deixaria que nada de ruim nos
acontecesse.

Assim, sob a direção técnica e intelectual de Aragão a Revista Brasileira de Alcoólicos Anônimos foi lançada no mês de novembro daquele mesmo ano, durante a realização do Seminário do Centro Oeste, realizado em Campo Grande. O lançamento foi festejado como um grande sucesso. Sucesso que durou pouco. Eis que nos dias que se seguiram ao lançamento algumas
reclamações foram chegando, todas pertinentes, e que causaram um grande alvoroço e enorme preocupação para a Junta.

A Paraíba sediaria em 86 a X CONFERÊNCIA DE SERVIÇOS GERAIS e a Revista surgia como a principal divulgadora do evento. Foi feito um artigo expondo as maravilhas da cidade sede, João
Pessoa, e a importância do evento para toda a Irmandade. Foi estampada a foto de uma igreja, apontada como atração turística pela sua idade colonial e pelas obras de arte escultural e arquitetônica.

Os paraibanos constataram, logo a uma olhada, tratar-se de uma igreja do Recife e não de João Pessoa. Não se conformavam com as desculpas apresentadas e bradavam contra a Junta e contra o Diretor escolhido para o periódico.

Ao mesmo tempo chegam-nos as reclamações da Irmandade Al-Anon. Atendendo convite da
Revista para colaborar, a Irmandade de Al­Anon do Brasil enviara um belo artigo para publicação. Ao receber o artigo, o Diretor da Revista nos consultou sobre o destaque que deveria ser dado a tal  publicação, e nós não tivemos dúvida em determinar um lugar todo especial
àquela matéria e que a mesma deveria estar ilustrada com uma foto representando uma família feliz. O Diretor, então, transferiu à gráfica essa determinação pedindo-lhes que buscassem em seus arquivos uma foto que viesse a ocupar um lugar de destaque ilustrativo da matéria apresentada. Uma bela foto foi publicada, de um cidadão sorridente, levantando uma criança também sorridente.

A Irmandade Al-Anon, porém, constatara que a fotografia era de um famoso inglês, "o ladrão do trem pagador", que vivia exilado no Rio de Janeiro para burlar os esforços da justiça da Inglaterra em levá-lo às barras os tribunais. Apesar de nossos esforços no sentido de apresentar as melhores e mais esfarrapadas desculpas a Al-Anon e à Área da Paraíba, os ânimos só se
pacificaram com o afastamento do Aragão da direção da revista. Assim, mal se lançara o número Zero da Revista Brasileira, ela já estava acéfala. Foi necessário que, às pressas, buscássemos uma solução. A revista, então, foi entregue aos cuidados do companheiro Chaves, residente em Brasília, que já vinha editando o boletim "BOB", um informativo do ESG. A revista, dessa
forma, mudou-se para Brasília, onde era produzida, editada e enviada para São Paulo, para distribuição. Pouco tempo depois, por questão de economia, passou a ser distribuída da Capital.
Ali em Brasília a Revista, que ganhou o nome de VIVÊNCIA, escolhido entre diversos outros sugeridos, residiu por dois anos, tendo se mudado para Fortaleza, a cargo do companheiro Carvalho, que a editou e distribuiu com sucesso até 1993 quando, definitivamente, passou a ser produzida e distribuída na nossa sede em São Paulo.

Diversos companheiros nossos estiveram à frente da Vivência, todos eles emprestando a ela seu carinho e sua competência profissional, dando­-lhe a cada edição um passo à frente, de forma a dar-lhe beleza e qualidade editorial condizente com consistência da mensagem que se propõe a levar.

É com grande satisfação que vemos, passados vinte anos, que a Vivência, através de seus próprios erros e acertos, como tudo em A.A.,  encontrou o seu próprio caminho, transformando-se no mais importante veículo de divulgação interna e externa da Irmandade no Brasil.

Vivência n° 98 - Nov/Dez. 2005

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